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Veja assume erro e pede desculpas

Finalmente uma boa notícia para o jornalismo responsável: a revista Veja assumiu ter cometido um erro ao colocar o colégio Visconde de Porto Seguro em sua coluna “desce”, na semana passada, sob a justificativa de que “a escola paulistana obrigará os alunos a assinar um panfleto de propaganda petista”.

Era uma referência a Carta na Escola, publicação que recentemente entrou para o rol de leituras obrigatórias da instituição de ensino. Ou seja, apenas mais um round da desimportante rixa ideológica entre a publicação da Editora Abril e Carta Capital _cujos respectivos leitores nada têm a ver.

Sob o título “Veja errou” num vistoso rodapé com direito à logomarca da escola, a revista se desculpa nesta semana pelo “julgamento curto e drástico” e diz que não dispunha de informações “sólidas o bastante” para, outra vez, levar sua disputa anódina com a rival para o lugar onde deveria haver notícia.

Carta Capital, também com freqüência, toma tempo do leitor com referências e insinuações que, antes de atingir a concorrente, acertam em cheio quem deveria ser o mais respeitado: seu próprio público.

Vamos ver se aprende-se algo com o episódio. E que se poupe o leitor da rivalidade que só diz respeito _e mesmo assim internamente_ a veículos jornalísticos.

Patética, Veja trata leitor como idiota

A rivalidade (imbecil) entre as revistas Veja e Carta Capital (que no fundo são a mesma coisa, apenas com sinais trocados) bateu recorde de estupidez nesta semana, quando a publicação da Editora Abril colocou o colégio Visconde de Porto Seguro na coluna “desce”, que registra personagens em baixa no noticiário.

O motivo? A escola adotou, como leitura obrigatória, Carta na Escola, braço educacional da revista de Mino Carta.

Além de ridícula, a atitude trata o próprio leitor de Veja como um idiota completo. Nem sequer é notícia _e o público nada tem a ver com a concorrência (muito mais ideológica do que jornalística) entre os dois produtos.

Exemplo de como não fazer.

Veja, Carta Capital e o partidarismo

As discussões sobre a linha editorial de Veja e de sua congênere Carta Capital (idênticas, mas com sinais políticos trocados) são inspiradoras para o debate sobre a imparcialidade no jornalismo, que nasceu partidário e nunca livrou-se totalmente dessa tendência _só a academia ainda acredita nisso, em tese.

Não é, claro, um fenômeno brasileiro. O ativismo jornalístico existe onde quer que esta atividade profissional seja desempenhada. Veja o caso da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, expulsou ongueiros da Human Rights Watch, que diz fiscalizar o cumprimento dos direitos humanos no planeta.

Mesmo distante (no caso, no Chile), o engajado Manuel Cabieses (diretor da irrelevante revista política Punto Final) levantou a voz para comprar a briga. Defendeu Chávez, atacou a ONG. Lado certo ou errado?

No jornalismo, não há lado. Há o todo.

É constrangedor assistir à profissão se partidarizar como em seus primórdios. Qual a credibilidade de um jornalismo sectário, comprometido com convicções de outrem?

Wikipedia debate oficialização da censura

A Wikipedia está considerando seriamente a possibilidade de ampliar os poderes de seus “admins” e, definitivamente, pôr fim à falácia da “enciclopédia livre”.

A idéia é introduzir a moderação, impedindo que qualquer edição (para verbetes novos ou já existentes) vá ao ar antes que um dos cães de guarda do produto de Jimmy Wales aperte o botão e dê seu ok. A justificativa é o vandalismo, um problema grave do site.

O assunto foi deliberado em Alexandria (Egito), onde rolou mais uma edição da Wikimania _espécie de desconferência que reúne fanáticos e obreiros da Wikipedia de todo o mundo. A novidade já está sendo testada na Alemanha e, diz o “The New York Times”, elimina a espontaneidade e a sensação de ausência de hierarquia que tornaram o site um paradigma da Web 2.0.

Na prática, a decisão vai apenas oficializar a censura já praticada corriqueiramente pelos “admins”, que na média são despreparados, desconhecedores do vernáculo, intolerantes, limitados e inviáveis para qualquer tipo de debate.

A diferença entre o que ocorre hoje e o que deverá passar a ocorrer é que alterações nos verbetes nem sequer chegarão ao site se os cães de guarda não concordarem com elas. Hoje, os “admins” são obrigados a correr atrás e eliminar edições que consideram impróprias.

Reportagem de 2007 da revista “Carta Capital” já alertava sobre a péssima qualidade do conteúdo publicado na Wikipedia _mérito, em boa medida, dos próprios administradores, que não têm estofo nem mesmo para editar uma redação escolar infantil.

Agora, com poderes ainda mais amplos, a coisa deve degringolar de vez.