As discussões sobre a linha editorial de Veja e de sua congênere Carta Capital (idênticas, mas com sinais políticos trocados) são inspiradoras para o debate sobre a imparcialidade no jornalismo, que nasceu partidário e nunca livrou-se totalmente dessa tendência _só a academia ainda acredita nisso, em tese.
Não é, claro, um fenômeno brasileiro. O ativismo jornalístico existe onde quer que esta atividade profissional seja desempenhada. Veja o caso da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, expulsou ongueiros da Human Rights Watch, que diz fiscalizar o cumprimento dos direitos humanos no planeta.
Mesmo distante (no caso, no Chile), o engajado Manuel Cabieses (diretor da irrelevante revista política Punto Final) levantou a voz para comprar a briga. Defendeu Chávez, atacou a ONG. Lado certo ou errado?
No jornalismo, não há lado. Há o todo.
É constrangedor assistir à profissão se partidarizar como em seus primórdios. Qual a credibilidade de um jornalismo sectário, comprometido com convicções de outrem?
Alec,
Não vejo com maus olhos essa partidarização de parte da imprensa. Faz parte da segmentação do mercado, coisa que a Internet faz tão bem. Quem lê já sabe o que vai encontrar. E não vejo a hora de ver as publicações brasileiras saírem do armário e assumirem em editorial quais os seus candidatos favoritos — coisa que o NYT, Economist e afins fazem há anos.
Abs
Rodrigo
Rodrigo,
Ainda me choca um pouco (a partidarização), mas vc tem razão no que diz a respeito ao leitor saber com quem ele anda (no caso, sua publicação).
Agora, a Internet (os portais e sites noticiosos, digo) não são anódinos? É a impressão que me deixam…
abs
Até concordo com o Rodrigo Flores, por exemplo, ao ler Veja sei que vou encontrar uma posição extremamente crítica ao governo. Mas eu preferiria que não fosse assim. Troquei Veja por Exame e CartaCapital por considerar esses veículos menos tendenciosos, melhores para entender o país (Época está comprometida com os interesses da Fundação Roberto Marinho e Istoé é sensacionalista).
Hoje vemos uma Veja seguindo uma linha editorial mais complacente com o governo e mais especificamente a personalidade do presidente Lula (apesar de Diogo Mainardi), como se estivessem cansados de dar soco em ponta de faca. O mesmo que se vê nas campanhas eleitorais do PSDB, onde evita-se tocar na figura do presidente (“com o Lula tudo bem, o problema é o PT”). Coincidência?
Caio,
Vou dar provavelmente minha primeira opinião política desde que iniciei está página, em fevereiro: o PSDB, enquanto partido, inexiste. E prevejo que FHC apagará a luz.
abs