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Trincheira das palavras

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O jornal Tal Cual é, hoje, a principal trincheira do pensamento oposicionista na Venezuela. Dirigido por Teodoro Petkoff, o veículo (como de resto quase todos no país) está asfixiado pela falta de papel-jornal e já está concluindo sua transição para a web. O que não falta ao periódico, porém, são ideias e análises. Algo fundamental em tempos de pensamento único.

A falta que o papel faz

As dificuldades de acesso ao dólar na Venezuela ameaçam a indústria do jornal impresso, que teria estoque para apenas mais um mês de jornais. E há quem diga que se trata de uma estratégia do governo de Nicolás Maduro para, de novo, fustigar a oposição.

Comentário de leitor vira pretexto para controle da web na Venezuela

A censura cibernética, com um batalhão de “espiões” que perscrutam a web e eliminam ou bloqueiam conteúdo indesejado (como ocorre na China e no Irã), não parece ser suficiente para ameaçar a liberdade na internet.

Na Venezuela, país há muito afastado dos princípios democráticos, um comentário de leitor num portal de notícias foi usado como pretexto para a criação de uma comissão para controlar a web.

“Os meios de comunicação devem contribuir para a formação do cidadão e paz pública” é o trecho da Constituição citado pela Câmara para justificar a decisão.

O pepino foi a publicação da (falsa) informação da morte do ministro de Obras Públicas e Habitação, Diosdado Cabello, e do apresentador de TV Mario Silva. Tudo numa caixa de comentários que, algum tempo depois, foi moderada _a mensagem foi excluída, e seu autor suspenso permanentemente.

Subjetiva, a decisão do Parlamento fala em “punir quem não cumpra a lei”, e pede que se investigue os sites que usem de forma “indevida e antiética” a web.

Mais um passo para ameaçar a liberdade de expressão.

Quem é mais nocivo à democracia: Hugo Chávez ou o exército imbecil de adoradores de Lula?

Novas ameaças do ditador da Venezuela, Hugo Chávez, contra veículos jornalísticos que criticam seu governo. Ontem, em seu “programa” de TV (que não passa de doutrinação barata), o mandatário foi categórico ao afirmar que poderá cassar concessões _como já o fizera com a Univisión.

Uma coisa é a crítica, e outra, a conspiração“, disse.

O que me dá medo é que essa é exatamente a lógica da turba irracional e burra que, cega por opção própria, incensou Lula a outro patamar, transformando em golpe qualquer tentativa de opinião ou análise racional do que está acontecendo no Brasil.

Dia desses falei, numa resposta na caixa de comentários do site, que não aceito patrulhamento de nenhuma espécie. Nem sei se seria o caso hoje, já que nem sequer entrei no mérito do governo Lula, mas de seu séquito de adoradores que, paspalhos e imbecilizados, não têm condições de viver num estado democrático de direito.

Deveriam, pois, mudar de bibelô e se bandearem todos para Caracas. Lá, sim, eles terão um presidente que pensa _e mais do que isso, que age_ como eles.

Veja, Carta Capital e o partidarismo

As discussões sobre a linha editorial de Veja e de sua congênere Carta Capital (idênticas, mas com sinais políticos trocados) são inspiradoras para o debate sobre a imparcialidade no jornalismo, que nasceu partidário e nunca livrou-se totalmente dessa tendência _só a academia ainda acredita nisso, em tese.

Não é, claro, um fenômeno brasileiro. O ativismo jornalístico existe onde quer que esta atividade profissional seja desempenhada. Veja o caso da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, expulsou ongueiros da Human Rights Watch, que diz fiscalizar o cumprimento dos direitos humanos no planeta.

Mesmo distante (no caso, no Chile), o engajado Manuel Cabieses (diretor da irrelevante revista política Punto Final) levantou a voz para comprar a briga. Defendeu Chávez, atacou a ONG. Lado certo ou errado?

No jornalismo, não há lado. Há o todo.

É constrangedor assistir à profissão se partidarizar como em seus primórdios. Qual a credibilidade de um jornalismo sectário, comprometido com convicções de outrem?