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A lenta morte da Nokia

A Nokia, empresa finlandesa que investiu e popularizou o SMS, produziu – anos antes da Apple – protótipos de dispositivos muito similares ao iPhone e ao iPad que nunca chegaram ao público.

Não chegaram porque a cultura da companhia (que gastava rios de dinheiro com pesquisa e inovação) era a do medo: se o texto por celular dava certo e fazia da empresa um Olimpo do avanço tecnológico , pra que arriscar com essas geringonças que seus engenheiros apresentavam?

Hoje, a empresa caminha para a falência com um valor de mercado 98% menor do que o de outrora.

Mas vamos combinar: de que adiantariam iPhones e iPads que rodassem Symbian (um sistema operacional catastrófico) com uma oferta de aplicativos inclassificáveis, de tão defeituosos?

A Nokia deitou na fama do SMS e morreu.

SMS, esse incompreendido

Por não estar em rede, muitas vezes minimizamos o papel importante que o SMS (o bom e velho torpedo de celular) desempenhou para turbinar a comunicação pessoal. Basta dizer que ele é o inspirador do Twitter, um site que acabou sendo revolucionário.

No infográfico abaixo, alguns grandes momentos da plataforma móvel.

A terceira tela chega à Ilha. Agora só falta o conteúdo

Cubanos fazem fila para comprar telefone celular em Hava

Os tempos estão mudando mesmo: bastou Fidel Castro deixar o comando em Cuba e seus compatriotas já podem, entre outras pequenas “liberdades”, comprar telefones celulares (a imagem acima, da AP, mostra uma fila de gente atrás do aparelho).

Primeiro que isso me lembrou a corrida à telefonia móvel que eu mesmo presenciei quando o serviço se tornou acessível no Brasil_era preciso preencher uma ficha na lojinha da então BCP e aguardar ansiosamente uma cartinha lhe comunicando que a linha era sua.

Passado o momento nostalgia: a euforia cubana (na verdade, são poucas as pessoas no país que poderão pagar US$ 120 apenas para ativar uma linha) tem tudo para ser multiplicada por um trilhão quando conteúdos especialmente produzidos para a terceira tela _a primeira foi a TV, e a segunda, o computador_ desembarcarem lá.

Por conteúdo entenda não apenas programas de TV, filmes, vídeos e fotos (as galinhas dos ovos de ouro), mas também a parte que nos toca: textos jornalísticos curtos e com grande ênfase em serviço.

A produção de material jornalístico para o telefone móvel é a grande novidade oferecida pelo avanço da tecnologia no que diz respeito a nossa profissão. E um campo vastíssimo onde se concentrarão, além de potenciais investimentos, vários empregos nos próximos anos.

Por ora, sugiro a leitura do texto de Mario Lima Cavalcanti “Propostas para uma boa escrita jornalística em ambientes portáteis (PDF)“, que dá uma boa idéia da extensão e habilidades para se adaptar a esse novo mundo.

Em tempo: o uso do Twitter ou do Telog é uma excelente simulação de um ambiente SMS (short message service, o bom e velho torpedo). Chegaremos lá.

O microblogging pode salvar o jornalismo

Não tem jeito, o termômetro não pára de subir: o ingresso em peso dos grandes grupos de mídia, além do bombardeamento quase minuto a minuto de serviços de monitoramento de imagens (como o bacana Livecameras) promoveram mesmo o microblogging (cujo maior expoente é o Twitter) de ex-ferramenta de miguxos a um poderoso utilitário jornalístico.

O Alex Primo, ao analisar o fenômeno, molda seus argumentos num cenário que contempla o declínio dos jornais em papel _para seu desespero, leitor contumaz que diz ser. E dialoga com um texto que põe o microblogging em ameaçadora rota de colisão com a antiquíssima prática de imprimir notícias diariamente em bobinas de papel.

Eu coloco agregadores como o Twitter e seus congêneres (caso do brasileiro Telog) na bem-vinda categoria de poderosos instrumentos de divulgação de conteúdo. Para a plataforma on-line, do mainstream ao “repórter cidadão” menos pretensioso, são programas talhados para compartilhar quase que imediatamente idéias, links, notícias, fotos, vídeos, áudios, textos e o que mais for inventado.

Um concorrente ao jornal de papel? Não creio. O oposto: pode ser usado para promover as edições “forro-de-gaiola” (bons e velhos teasers conclamando à leitura de matérias em periódicos impressos).

Acuado por tantas inovações que resiste em entender e usar em seu favor, o jornal impresso é a bola da vez das discussões sobre a extinção de meios de comunicação canibalizados por outros mais práticos e modernos.

Nesse ponto, o Instituto Humanitas da Unisinos acertou em cheio ao exibir os três lados da moeda (sim, tem o do meio).

Há o romântico Ezio Mauro, diretor do jornal italiano La Reppublica, confiante na perpetuação do modelo jornal-papel “pelo prazer da escrita e da boa leitura”.

Amy Mitchell, vice-diretora do “Project for the Excellence in Journalism“, é mais realista e diz que os jornalões “ainda não morreram”, mas precisam batalhar para prosperar.

Apocalíptico, Robert Cauthorn (presidente do Citytools _mistura de rede social e portal de notícias) garante: o fim das impressões em papel está próximo.

Pode até ser, mas certamente não por causa do microblogging. Afinal, 140 caracteres não bastam _tirando daí o conteúdo produzido exclusivamente para celular, que tem como pressuposto essa brevidade_ para contar uma boa história.

Em vez de concorrente, é um poderoso agregador de conteúdo e instrumento de convergência de mídias.