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Análises sobre 2010

A edição especial da newsletter Jornalistas&Cia, que perscruta todas as semanas as coisas da nossa profissão, traz um balanço do ano que se pretende uma avaliação do desempenho da imprensa brasileira em 2010.

Muito do que deveria ser dito está lá.

É ótimo quando o decano Audálio Dantas, diretor de redação da revista Negócios da Comunicação, joga uma perspectiva diferente a respeito da discussão sobre o novo marco regulatório das comunicações, que Lula deixou claro ser uma missão primordial de Dilma Rousseff e seu partido, o PT, no próximo governo.

“Por que, em vez de tentar abater o projeto antes mesmo que ele possa levantar voo, não propor um amplo debate sobre seu conteúdo?”, convida Dantas, coberto de razão.

Carlos Chaparro, também nosso velho conhecido, destaca uma revolução na prática da profissão que vimos reforçada no ano que está terminando: a das fontes.

Claro, num tempo em que somos furados por nossos entrevistados, que têm acesso a ferramentas instantâneas de difusão de conteúdo (como a gente), naturalmente a atenção do jornalismo se voltou para instâncias pessoais de publicação.

Daí a explosão das redes sociais e de sua influência na pauta jornalística em 2010.

Uma opinião importante vem de Eugenio Bucci, agora claramente falando sobre a cobertura da eleição presidencial. “A sociedade não é, como nunca foi, manipulada pelos humores de editores de dois ou três jornais ou de duas ou três emissoras de tevê”

Acrescento: tem de parar esse patrulhamento insuportável sobre as mídias. Os mesmos que patrulham, aliás, são aqueles que dizem que várias delas perderam a relevância. Perderam, é? Então por que patrulham? Perderam, reitero. E que deixem de patrulhar.

Em breve falo mais sobre o capítulo eleições do último J&Cia.

O 11 de setembro revisitado

Bem bom esse vídeo, incrível. Parte da (ainda) existência da segunda torre do WTC. E produzido pelo usuário. Foi, sem dúvida, o evento mais bem documentado da história.

Conversas sobre a publicação pessoal

Sexta-feira ministrei a primeira parte da conversa sobre publicação pessoal e o jornalismo para os trainees da atual turma de treinamento de Folha de S.Paulo, a 48ª da série.

É aquele papo que os jornalistas, normalmente, não estão muito dispostos a ouvir: que temos de deixar o pedestal e assumir que o público, graças ao avanço da tecnologia, tem à disposição as mesmas ferramentas que nós.

Os slides da aula

O roteiro de links (senha: webma)

Mais: que público, fontes, empresas e governos estão publicando o tempo todo na internet, muitas vezes mais do que nós próprios, dispensando definitivamente a mediação da imprensa para se comunicar entre si.

É um estado irreversível contra o qual não adianta espernear. Infelizmente, ainda é mínima a compreensão, no jornalismo profissional, de que essa situação força a convivência com todos esses jogadores e, mais do que isso, o diálogo entre todos nós que, hoje, desempenhamos essa tarefa extraordinária que é apurar/difundir/analisar notícias.

Espero que essa nova geração que chega agora às redações entenda o recado.

A notícia sou eu

O episódio da demissão de Vanderlei Luxemburgo do Palmeiras mais uma vez exibiu um aspecto importante do avanço tecnológico que provocou mudanças profundas no exercício do jornalismo.

É, talvez, a principal consequência da era da conversação e da publicação pessoal: cada cidadão possui, agora, sua própria imprensa. E pode se dirigir ao público sem a necessidade de utilizar a imprensa como filtro dos acontecimentos.

Foi assim com o ex-treinador do Palmeiras: à 0h44 de sexta para sábado, ele decidiu tornar a dispensa pública num canal pessoal (no caso, seu blog) _pouco depois, recorreu também ao microblog para dar a mesma informação.

A partir daí, foi a imprensa, vendida, quem saiu correndo atrás da bombástica informação.

Só para se lembrar que hoje não possui mais o monopólio sobre a notícia.