Hoje sai mais uma pílula de Manuel Castells na Folha de S.Paulo, desta vez na coluna “Redemoinho” (para assinantes FOLHA e UOL), que perpetro todas as quartas-feiras no caderno Tec (aqui, apresento a coluna em áudio).
Percebi, durante minha conversa com o sociólogo na semana passada, que ele se referia ao Twitter no passado. Achei curioso e o provoquei.
“A adesão ao Twitter está caindo. O site tem 80 milhões de usuários [este dado leva em conta os usuários efetivamente ativos na ferramenta, que tem quase 150 milhões de perfis] e sua taxa de crescimento é bem menor do que as demais redes sociais”, afirmou. Verdade.
Castells vê uma grande vantagem e, por outro lado, uma grande desvantagem no microblog. “A vantagem é a instantaneidade. Realmente é uma conexão entre pessoas e sobre o que se está fazendo naquele momento. A desvantagem é a capacidade de transmitir conteúdo, muito pequena. Somente dizer olá, as pessoas não se conectam. Em boa medida, SMS e messenger já cumprem esse papel.”
Discordei e disse a ele que há a possibilidade de inserir links entre os 160 caracteres disponíveis, ampliando a capacidade de disponibilizar conteúdo no Twitter, mas nada feito. “Se for assim, então não há a necessidade de se passar pelo Twitter”.
Ora, o Twitter oferece, no mínimo, a possibilidade de ingressar em redes que não são necessariamente a sua (por meio de RTs), diferentemente de messenger e SMS.
Quantas vezes você redistribuiu um torpedo para toda sua lista de contatos? E uma mensagem instantânea?
Achei um reducionismo de Castells, o mais importante pesquisador do comportamento humano na internet. Mas papo que segue.
Para ele, a gradual desimportância do Twitter (com o que não se pode discordar, seria o caminho natural e que já ocorreu com diversas outras ferramentas antes dele) decorrerá da integração a redes sociais mais, digamos “completas”.
“O êxito do Twitter, por um lado, se deveu a estabelecer conexões imediatas entre as pessoas sem ter que passar por sistemas mais sofisticados da internet. Na medida em que os acessos dentro das redes de Facebook ou outras redes se facilitem, em vez de buscar o que se está fazendo agora, nos conectaremos permanentemente às pessoas na própria rede social”.
Castells ainda tem mais a dizer, sobre redes sociais e também jornalismo.
Até mais.
Bom, e eu concordo com o Castells, apesar de gostar do Twitter, mas as redes sociais completas realmente agregam maior conteúdo.
Abraços!
Letícia, vejo uma funcionalidade diferente para o Twitter mesmo: o acesso a redes que não são as suas. Pensando assim, a ferramenta ainda tem garrafa vazia pra vender.
abs
Sim, Alec! é isso mesmo, através do twitter fui até colocada na lista de power tweeters de um pesquisador francês que sigo e que tem conexões com meus interesses de pesquisa. E foi através disso que tive acesso a jornais franceses online que são “menores” que o Le Monde, Le Figaro, mas que tem ótimo conteúdo, no caso sobre redes sociais e fenômenos na web, assuntos tratados por esse pesquisador.
Estudei Castells na graduação e Lévy, e os acho de grande valia e reflexões importantes sim.
Abraços!
Estudei Castells em duas oportunidades: na faculdade e no mestrado. Admiro-o. Contudo, creio que ele não se deu ao trabalho de frequentar, com olhos de curiosidade, o Twitter. Do contrário, teria outras respostas.
Abraços fraternais.
Marconi,
A visão do professor está alinhada com o retrospecto de vida e morte de sites de rede social, mas talvez a tentativa do Twitter de se repaginar (e tornar-se mais conectivo) adia esse perspectiva sombria.
abs
Bacana o texto, mas senti falta de aprofundar na crise existencial do Twitter sob o olhar de Castells.
Abraços
Boa, Zé,
Há mais sobre redes sociais, em breve destacarei no blog. Obrigado pela visita!
Marconi, entrevistei o Lévy ano passado e ele me respondeu que não tinha um blog, pois não ia perder tempo com texto efêmeros.
Sou fã de carteira dele, acho um gênio, mas todo mundo tem que pagar algum tipo de preço à falta de sensibilidade aqui e ali.
Esse pessoal é bom para visão macro, mas às vezes se perdem no micro, coisa que acontece muito.
O Twitter é um avanço grande em termos de comunicação, a meu ver.
Introduz o conceito de seguidores, que é um modelo de valorização das fontes alternativas super interessante, Forma grupos rápidos, feedbacks, etc…não é um blog, não é um skype, é um twitter, ponto.
Ou seja, é um avanço dentro do mundo web.
Tem que usar bastante para saber o seu potencial.
O Castells tem Twitter para poder falar?
Tecnologia-cognitiva vive-se e depois avalia-se.
Olhar de fora é sempre de fora.
Porém, não jogo pedra no Castells, pois acho que faz parte.
Não vou tirar o retrato dele da minha cabeceira. 😉
Muito bom tema, é bom puxar essas coisas para dar uma dismistificada.
abraços,
Nepô.
Legal, Carlos, concordo contigo. É por aí. Nada grave a opinião de Castells sobre o Twitter (tem uma lógica clara) nem tampouco algo que abale as ótimas análises que ele fez (e fará) sobre a vida em rede.
abs
Talvez Castells esteja certo. Veja: a nova interface do Twitter é justamente uma forma de integrar melhor serviços que não cabem nos 140 caracteres. De um modo ou de outro, o “Twitter” como foi idealizado, nunca pegou.
O Twitter é uma ferramenta muito oportuna para notificações e aforismos ligeiros (ora impublicáveis em meios mais tradicionais, o que é uma liberdade de expressão notável e audaciosa devido ao alcance que atinge e a independência de transmissores ou intermédios e consequentemente revisões ou censuras).
Qualquer coisa além disso exige outro meio ou link.
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