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Vítima de dois atentados, jornalista hondurenha vai para o exílio

Depois de sofrer dois atentados em três meses (num dos quais morreu sua filha adolescente), a jornalista hondurenha Karol Cabrera pediu asilo político ao Canadá, para onde já embarcou.

Defensora do golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya há quase um ano, Karol comandava programas na TV e no rádio local.

Sete jornalistas já foram mortos em Honduras desde 1º de março deste ano. O governo diz que os assassinatos nada têm a ver com a atividade profissional das vítimas.

Honduras, o golpe e a desnutrição infantil

Enquanto o mundo assiste, atônito, à disputa pelo poder em Honduras (com direito a um fato novo, o regresso do presidente deposto e agora aboletado na embaixada brasileira), a produtora multimídia Tracy Boyer acaba de concluir o documentário “Honduras and the Hidden Hunger“.

O trabalho trata de um projeto transnacional para amenizar a desnutrição infantil no país da América Central, apontado pelo Banco Mundial como o terceiro mais pobre da região.

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Boyer conta que filmava em Honduras quando ocorreu o golpe que depôs Manuel Zelaya e, a partir daí, teve inúmeras dificuldades, principalmente por causa dos apagões frequentes e duradouros de energia, que comprometeram a autonomia de seus equipamentos de filmagem.

Isso sem contar as dificuldades naturais de um trabalho que envolve o registro de sofrimento, dor e angústia. Muito pesado.

A reportagem multimídia, nota-se, não tem a apresentação glamourosa de outros trabalhos do gênero (e, também diferentemente deles, valoriza o texto). Tem problemas de edição, design, áudio e programação.

Mas serve para a gente lembrar que sempre há um povo por trás de disputas políticas.

E na vida real, para que servem as redes sociais?

Até que ponto uma manifestação nascida na web, mais especificamente em redes sociais, tem o poder de alterar a vida real?

É uma questão crucial para gente, como eu, que aposta todas as fichas na capacidade da internet de interligar pessoas e provocar transformações de verdade.

Hoje incorporo, mais uma vez, Andrew Keen (claro, sempre ele) para lançar uma provocação sobre essa pretensão. Keen lembra da avalanche de protestos virtuais _notadamente via microblog e sites de relacionamento como o Facebook_ após a polêmica reeleição de Mahmoud Ahmadinejad para mais um mandato presidencial no Irã.

O que sobrou daquele barulho todo? “O patético simbolismo de avatares tingidos de verde no Twitter e um grupo de oposicionistas ocidentais que insiste em manter ‘Teerã’ como sua localização no perfil do site”, ataca.

Eu acrescento ainda a mobilização virtual por conta do golpe em Honduras. Enquanto no microblog as discussões pegam fogo claramente com a premissa de que se está denunciando a ilegalidade ao mundo, o movimento que apeou Manuel Zelaya do poder completa, em dias, dois meses. Impávido como Muhammad Ali.

Evidente que a pequena reflexão de Keen, como lhe é hábito, exclui do campo de visão o extraordinário incremento que as redes sociais, e a era da publicação pessoal, deram à difusão e a interpretação da informação. Sem contar que a web é, sob qualquer métrica, o meio de comunicação mais eficiente da história da humanidade para mobilizar e organizar pessoas.

Enquanto isso, nós aqui achando que colocar o #forasarney no Trending Topics do Twitter nos dará alguma reputação e notoriedade. E Sarney inaugurando site pago com dinheiro público para se defender.

Só a constatação, para diminuir um pouco nossa empolgação, de que não se pode chamar de revolucionário quem, efetivamente, ainda não fez uma revolução de carne e osso.