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Fonte só vê a matéria pronta

Há um ponto pacífico no jornalismo: fonte não vê matéria antes de publicada nem dá sugestão ao jornalista.

No Washington Post, tinha virado moda a figura da “correção de declaração”, pela qual assessores reformavam frequentemente as frases ditas por seus assessorados em busca de dourar a pílula.

Até que chegou um comunicado da chefia acabando com a graça (a dica é de António Granado).

Políticas de correção de erros on-line

A ausência de uma política de correção de erros em sites noticiosos não deveria ser uma surpresa.

Temos jornais impressos tradicionais (estamos falando de publicações com mais de 100 anos) que até hoje não possuem transparência nem um local específico para avisar a seus leitores que coisas incorretas foram publicadas.

O caráter de hemeroteca viva da internet transforma esse trabalho (o de corrigir os erros nossos de cada dia) numa tarefa ainda mais fundamental. Afinal de contas, o jornal de ontem não está mais nas suas mãos, e acessá-lo certamente lhe dará algum trabalho.

Enquanto isso, na web os textos estão ao alcance do dedo.

Para os veículos, isso significa não só uma política editorial, mas também de recursos humanos _o dia a dia on-line, todos sabemos, é árduo Trabalho retroativo é mais um acúmulo na montanha de tarefas.

E aí o bode entra na sala.

A coragem de corrigir nossos erros à altura

Como faz bem (não só pela transparência, mas principalmente pela obrigação profissional) ter coragem (sim, é preciso coragem, por incrível que pareça) corrigir, à altura, um erro .

Foi o que fez o G1 nesta semana, manchetando a correção de um equívoco que havia sido publicado daquela mesma forma (ou seja, como notícia mais destacada do site).

É assim que se faz.

(Esta dica é da colega Mary Persia).

Chutando números para inflar darlings da web

O jornalismo de tecnologia também sofre do mal que acomete outras editorias: tem o hábito de publicar dados sem se impressionar com eles, ou seja, questioná-los. Daí que a batata quente vai direto pro ar _e pros anais, claro.

Esse cara aqui foi mais um a pegar a gente em flagrante delito: dados apresentados numa matéria sobre o Facebook dão conta que 1,4 milhão de fotos são adicionadas ao site por segundo, o que dá 3,6 trilhões por mês, ou 20 fotos diárias para cada cidadão da Terra.

Um inventário ou equivocado ou distorcido, por que é imperativo, se o dado é verídico, identificar os heavy users (e hubs profissionais) e separar o quanto eles representam nessas atualizações.

O dado foi mudado na matéria depois e virou 2,5 bilhões de fotos por mês. Ou 30 bilhões de uploads anuais, o que num universo de 6,8 bilhões de pessoas representaria pouco mais de quatro imagens por habitante do planeta.

Bem mais crível, mas precisou do puxão de orelha… E que não podemos confiar na fonte, né? Uma mudança tão brusca sugere falta de perícia.

O Terra corrigiu, sim, seu erro; corrijo agora o meu

Sim, o Terra embarcou na barriga histórica do avião que não houve, mas eu cometi um erro grave _e uma injustiça_ ao afirmar categoricamente que não existiu correção do deslize.

Sim, ela houve.

Agradeço à Cuca Fromer, gerente editorial do portal, que me alertou atenciosamente sobre a lamentável omissão que cometi.