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O blog que não é blog

Afinal, Barack Obama começou bem ou mal sua gestão on-line?

A questão é controversa. Dave Winer, o primeiro blogueiro de que se tem notícia, reparou logo de cara que o “blog” do site da Casa Branca se apropriou indevidamente do nome: não leva o leitor a lugar algum, não coleciona coisas bacanas, não indica outros sites e, reparei agora, nem sequer é publicado na ordem cronológica inversa.

Desta forma, serve apenas para amontoar releases.

Agora há pouco o novo presidente dos EUA repetiu “por precaução” o juramento à constituição americana porque houve uma pequena gafe no juramento original, feito ontem em público, e que emocionou o mundo.

Por um acaso a informação foi distribuída em algum dos canais interativos de Obama? Não. Aliás, nem área de notícias há no site oficial da presidência. Cadê a tal da comunicação imediata tão apregoada?

Jeff Jarvis, professor da Universidade de Nova York, acha que ainda é cedo para avaliar o trabalho da equipe de Obama na web. Eu também, mas isso significa que caracterizar o recém-empossado governo como um exemplo no uso das novas tecnologias é avançar bastante o sinal.

Funcionou na campanha mas, como já falei outras vezes, há vários outros pontos ainda obscuros.

A primeira indefinição do novo presidente

Algumas coisas já podem ser ditas sobre o plano da gestão Barack Obama para o diálogo e a convergência de pessoas on-line _tática que se mostrou decisiva no pleito que conduziu o democrata ao cargo de presidente dos Estados Unidos, mas que por ora pareceu ser só isso: uma estratégia de campanha, não de governo . A posse, aliás, é nesta terça.

Este miniartigo atualiza e complementa o que eu escrevi há dez dias.

Falta de padrão, deslizes na condução de redes sociais consolidadas e bem-sucedidas e, o pior de tudo, um discurso vazio sobre como serão financiados, administrados, hierarquizados e priorizados os canais de conectividade na Web que transformaram a campanha de Obama num exemplo de multiplicação em tempos de altíssima tecnologia _e acesso à ela.

Vamos à falta de padrão: há um canal no Flickr que trata do gabinete de transição. Desatualizado, por sinal. Enquanto isso, surgiu outro, apenas sobre as cerimônias de posse. Eles não se falam, não se linkam. Claro desvio de condução de grupo em mídia social.

E o microblog? Depois que registrei que a última atualização ocorreu em 5 de novembro (um dia após a votação), eis que surgiu outra ontem, mas tirando as pessoas do canal ao sugerir que acompanhem a página oficial da posse. Onde, logicamente, há um grande destaque para o botão “doe dinheiro agora“.

Há, ainda um canal de microblog atualizado desde 28 de dezembro sem nenhuma publicidade nas outras palataformas on-line por onde o democrata desfila.

A pá de cal foi o último discurso de Obama postado no You Tube (hábito hebdomadário do futuro mandatário). Ele choveu no molhado ao ressaltar a importância da participação das pessoas. Foi um discurso quase religioso que, é evidente, recebeu crítica muito bem fundamentada.

Afinal, quais são as propostas concretas para o uso da tecnologia no 44º mandato presidencial dos Estados Unidos?

A gestão de Barack Obama on-line

Foto do Flickr do gabinete de transição de Barack Obama

Foto do Flickr do gabinete de transição de Barack Obama

Saudada (corretamente) como um ícone do bom uso das novas ferramentas on-line de mídia social _eu me arrisco até a dizer que se estabeleceu um novo padrão_, a equipe de Barack Obama vai mostrando, em alguns aspectos, que a premência da eleição sobrevalorizou, em boa medida, esse suposto talento internético e propenso à interação.

O site do governo de transição parece manter firme o propósito de interagir com as pessoas. Um imenso quadro vermelho em posição de destaque na página o recepciona com um convidativo “Conte-nos a sua história“, habilitando funções de texto, foto e vídeo.

Esse material (certamente valioso) ainda não foi tornado público _e esse é o primeiro problema. É princípio da gestão de uma comunidade o compartilhamento imediato do material produzido por ela. Assim é o jogo na Internet. Eu colaboro, mas tenho direito à colaboração de meus pares.

O blog do Change.com tropeça em dois aspectos: desconhece o link para outras coisas bacanas da rede e esconde ou não-habilita temporariamente a caixa de comentários. Pode ser um método para tornar a moderação viável, mas não é transparente. Só o blog exibe a galeria de fotos de Obama e seu vice, Joe Biden, no Flickr (por sinal, atualizadíssimas, mereciam melhor destaque na home).

A sala de imprensa virtual é modesta, mas funciona. E, melhor, não é restrita a “pros”. O público adora acessar seções do tipo e se sentir proprietário de notícias em primeira mão (apesar de todo mundo saber que não são).

A promessa de usar o You Tube também foi cumprida: há um canal bastante ruidoso e bem-cuidado. O que levava o nome de Obama (não de uma campanha eleitoral, notem) foi abandonado. E sem contar para onde se mudou…

No Twitter, de novo há a mesma sensação de que só queriam o seu voto: o último scrap é de 5 de novembro, dia seguinte à eleição, quando a vitória de Obama Barack foi confirmada.

Déjà vu no Facebook: uma mensagem de agradecimento e, aparentemente, última atualização em 10 de novembro. Ah, claro: há uma postagem de anteontem convidando os fãs a doar ao menos US$ 5 para a festa de posse, que está sendo vendida pela equipe de Obama como a primeira na história dos EUA que não é patrocinada por lobistas. Detalhe: ainda não existe a página Changedotgov, nova morada das coisas on-line do futuro mandatário dos EUA.

No Twitter, o “domínio” já foi registrado, mas jamais divulgado ou atualizado.

Por enquanto, ainda fica difícil saber se a destreza no poluído mar da mídia social era uma estratégia de governo ou simplesmente de campanha. No mínimo, falta padronização e gentileza na condução dos fiéis seguidores.

Um gigante dentro do outro

Veja que loucura isso: 25% de todas as buscas realizadas pelo Google, esse colosso da Web, são por arquivos do You Tube, principal site de compartilhamento de vídeos da Internet.

Fosse uma máquina de busca, o site fundado em 2005 _e depois comprado pelo próprio Google_ seria o segundo maior do ciberespaço.