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E o iTunes de notícias avança

Lembram que em novembro eu caçoei do Blendle, o “iTunes de notícias” holandês?

Pois agora o trio NYT, Washington Post e The Wall Street Journal aderiu ao projeto, vendendo reportagens a 20 centavos de dólar – o NYT, inclusive, é investidor do projeto.

Continuamos de olho.

Os jornalões estão em guerra

Vazamento de informações sigilosas não estão apenas na ordem do dia da política brasileira, mas também do jornalismo internacional.

No momento, New York Times e Wall Street Journal, dois dos mais importantes jornais do mundo, estão em pé de guerra por causa de métodos nada éticos para obter informação _caso de alguns veículos de propriedade de Rupert Murdoch, dono do WSJ.

Permito-me reproduzir texto de Kenneth Maxwell publicado ontem pela Folha de S.Paulo. É o resumo da ópera.

“No mundo da mídia impressa, há uma batalha monumental em curso entre o “New York Times”, de Arthur Sulzberger, e o “Wall Street Journal”, de Rupert Murdoch.

Para Murdoch, o “New York Times” representa tudo o que ele mais odeia no jornalismo, e o empresário parece determinado a desafiar e a solapar o seu grande rival. Murdoch é notório pelas suas guerras jornalísticas, especialmente no Reino Unido, onde controla o “Times” e o “News of the World”. Mas a disputa entre o “Wall Street Journal” e o “New York Times” promete ser a maior das batalhas.

O mais recente episódio começou com uma reportagem investigativa de Don Van Natta Jr., Jo Becker e Graham Bowley, publicada pelo “New York Times” com o título “O ataque do tabloide: as escutas de um jornal londrino contra os ricos e famosos”.

A Scotland Yard identificou a origem de escutas usadas contra família real e chegou a Clive Goodman, antigo repórter judicial, e Glenn Mulcaire, antigo investigador particular, que também trabalhava para o jornal “News of the World”.

Os dois haviam obtido as senhas necessárias para ouvir as mensagens de voz dos príncipes Andrew e Harry. O “New York Times” alegou que repórteres do “News of the World” também invadiram as caixas de mensagens de voz de centenas de celebridades, funcionários do governo e astros dos esportes britânicos.

Tanto Goodman como Mulcaire foram demitidos e aprisionados. O “New York Times” acusou, no entanto, que a Scotland Yard não levou adiante as investigações sobre pistas que sugeriam que o “News of the World” estava conduzindo operações de escuta contra cidadãos de maneira rotineira.

O foco estreito da investigação permitiu que o “News of the World” e sua companhia controladora, a News International, de Murdoch, atribuíssem o caso às ações de um jornalista. Tanto Goodman como Mulcaire abriram processos contra o “News of the World” -os dois casos foram encerrados por meio de acordos extrajudiciais. O editor do “News of the World” no período em questão, Andy Coulson, também se demitiu. Hoje é diretor de comunicações na equipe do primeiro-ministro David Cameron.

A revista “Vanity Fair” afirmou nesta semana que assistir à disputa era como “ver uma briga entre os Corleone e a família Tenembaum”. Na segunda-feira, John Yates, comissário assistente da polícia londrina, disse que, “se surgirem novas provas, que justifiquem novas investigações, é isso o que faremos”.

O erro dos jornais que investem contra o Google News

Folha e O Globo aderiram, na semana passada, à Declaração de Hamburgo, um documento da indústria dos jornais que clama pelo “respeito às leis de propriedade intelectual para textos jornalísticos reproduzidos na internet”.

O problema é que a carta (PDF), como quase sempre acontece quando neófitos tentam falar ou legislar sobre a web, imagina ser capaz de definir limites absolutamente incontroláveis porque a internet, e quem não sabe disso parou no tempo, é dominada pelo usuário, não por grandes corporações.

Primeiro que os publishers deixam claro que a cobrança por conteúdo é uma prioridade _quase uma panaceia que estabelecerá paredões pagos cujo único efeito prático será o desaparecimento das marcas (e de seu conteúdo) da internet “legal”.

Claro, se você se fecha totalmente a assinantes, se esconde do resto do mundo que usa as ferramentas de busca para encontrar o que deseja. Sem contar que nem isso garante a proteção ao seu rebanho _seu conteúdo será distribuído de um jeito ou de outro, e na maioria das vezes por pessoas que amam você.

Outro erro da indústria jornalística é investir contra agregadores como o Google News. Pode ter certeza de que eles não estão usurpando seu conteúdo, mas o divulgando e levando a lugares que você jamais esperava alcançar.

E não me venham falar no exemplo do The Wall Street Journal, que a cada dia amplia sua carteira de assinantes on-line (eles já são bem mais de um milhão). Informação econômica (e que se reverte em dinheiro) é precisamente a única que o ser humano não está disposto a compartilhar.

Bem por isso Rupert Murdoch adiou recentemente seu plano de cobrar pelo acesso aos sites jornalísticos sob o seu comando. É que é preciso uma justificativa muito forte para fazer as pessoas pagarem pelo que é de graça há tempos na internet.

Trabalho para um psicólogo mesmo.

E na revista, não vai nada?

La Lata: para ler, só com abridor...

La Lata: para ler, só com abridor...

Pensam que é só o jornal?

Nada disso, a revista também tenta se reinventar. Perdeu relevância, leitores e está na corda-bamba.

A priori, ela teria mais chances: papel de maior qualidade, mais tempo para maturação…

Enfim, nesta crise do impresso, a revista tenta mudar para não morrer.

Esta matéria mostra ótimos exemplos ultramodernos de como fazer revista nos tempos da convergência.

Wall Street Journal restringe diálogo entre redação e leitores

Os jornais ainda não fazem questão de monitorar o que diz (e interagir com) sua audiência on-line, mas já estão bem interessados no que fazem seus jornalistas nestes canais.

O Wall Street Journal inclusive lançou um manual de conduta on-line para seus profissionais. E, por ele, é proibido compartilhar informação com o público.

Nada mais equivocado.

As normas do jornalão para regular a atividade dos funcionários nas redes sociais é digna de reprodução. Uma lição de como não fazer.

* Deixe nossa cobertura falar por si, não detalhe como uma matéria foi apurada, escrita ou editada;
* Não discuta artigos que não tenham sido publicados, as reuniões que você assistiu ou o planejamento de coberturas ou entrevistas que você fez ou fará;
* Negócios e prazer não devem ser misturado em serviços como o Twitter. O bom senso deve prevalecer, mas se você está em dúvida sobre a conveniência de postar uma mensagem, converse com seu editor antes do envio;

Estas recomendações simplesmente excluem a possibilidade de diálogo com pessoas que acompanham seu trabalho e, com frequência, dão sugestões ou simplesmente insights sobre coisas que poderão virar matéria.

Ao mesmo tempo, tenho ouvido opiniões que me desanimam. Como gente experiente em redação recomendar que “o leitor jamais deve ser respondido” porque “não tem nada a acrescentar e só enche o saco”.

Incrível porque várias dessas pessoas reclamam que, ao tentar um conversação via, digamos, microblog, não são respondidas. “Mas pera lá”, costumo interpelar, “e você por um acaso respondeu quando foi perguntado?”. Não, né?

A qualidade da conversação com a audiência depende de uma relação recíproca e de confiança. Se você for útil a um determinado grupo, receberá como recompensa o esforço dessas pessoas em lhe remunerar de alguma forma _normalmente, oferecendo informação.

Mas nossos jornais, ainda por cima, preferem evitar ou mesmo restringir esse contato. Outra desconexão com a vida real, que aponta claramente a tendência de pessoas serem mais importantes que instituições.

Inominável.

Melancias, laranjas e jornalismo

A Folha de S.Paulo reproduziu ontem texto do New York Times que trata da possível cobrança de conteúdo on-line por jornais dos Estados Unidos _movimento (e isso não está no texto) que poderá ser visto pela Justiça americana como cartelização.

De novo, o texto compara laranja e melancia: diz que os modelos de Wall Street Journal e Financial Times (ambos têm vasta carteira de clientes que pagam para ler material exclusivo) provam que é possível taxar o leitor on-line.

Esquece-se o autor da matéria que informação financeira é uma das poucas que as pessoas não estão dispostas a compartilhar. Logo, dentro desse nicho é sim possível cobrar pedágio. Fora dele, jamais.

Outra patinada do texto, e que tem sido frequente quando se fala sobre o assunto, é acreditar no modelo iTunes para o noticiário, como se música e notícia fossem a mesma coisa.

Não, não são. O prazo de validade é seu principal diferencial: notícia acaba assim que é lida. Logo, é incorreto comparar as duas coisas.

É difícil a compreensão de que não há volta com relação ao conteúdo gratuito na internet.

O inevitável caminho rumo aos dispositivos móveis

Olha que bacana essa informação do Wall Street Journal: em nações emergentes, como a Indonésia, o acesso à Internet está ocorrendo com mais freqüência por meio de telefones celulares, não dos tradicionais desktops.

É uma tendência que, se confirmada, só vai ampliar a oferta de serviços móveis (e os postos de trabalhos para quem mexe com conteúdo, como nós, jornalistas).

A matéria tem um dado espetacular: a projeção de que, em 2013, serão 700 milhões os smartphones (celulares com acesso amigável à Web), contra os 76 milhões registrados em 2007.

Os jornais em papel respiram nos EUA

Em tempos bicudos, soam como música as palavras do editor administrativo do Wall Street Journal, Robert Thomson. “Depois de tanto tempo de escuridão, surgem os primeiros raios solares no horizonte”.

Ele está se referindo à publicidade nos jornais em papel, que há uma década está em franco declínio nos Estados Unidos e, agora, parece renascer das cinzas. Para Thomson, fruto (como sempre) da credibilidade, o maior patrimônio que o jornalismo imprenso conseguiu construir século após século.

“Em tempos de turbulência, as pessoas querem um porto seguro”, disse ele.

Lembre-se que, no Brasil, a situação é bem diferente: desde 2007 as receitas publicitárias dos maiores jornais brasileiros não param de subir. É só você ver as edições de hoje de Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo (e as de amanhã, seguramente) para constatar que, ao menos nesse aspecto, a crise ainda não chegou.