É mais fácil fazer jornalismo em zonas remotas e/ou de conflito, catástrofe e privação?
O trabalho do videojornalista holandês Ruud Elmendorp sugere que sim, assim como o de centenas de frilas e enviados especiais ao Haiti após o terremoto. É o ouro na mão: para onde você focaliza, há uma boa história a contar.
Elmendorp está na África abordando vários aspectos da vida no continente. E com uma visão de vídeo na web que eu defendo há tempos: nada de parecer TV. Ele apura, escreve roteiros, e cobre tudo com imagens e som ambiente (incluindo entrevistas informais). Não aparece fazendo passagens, essa instituição tipicamente televisiva da qual a rede precisa se libertar _ela é válida quando fazemos TV na web, não quando fazemos vídeos para a internet.
O holandês talvez esqueça o conceito ao ditar offs empolados, no estilo documentário _eu acho que nem off deveria haver, ou seja, que o bom vídeo na internet precisa prioritariamente de corte rápido, som ambiente e imagens incidentais. Imagens mais som ambiente têm de ser capazes de contar uma história. No caso de um produto associado a um jornal, por exemplo, é imperativo: é óbvio que há um texto complementar ao vídeo, o que dispensa a redundância. Não é o caso de Elmendorp, mas registre-se.
Enquanto isso, vi um vídeo em Veja que explora outro aspecto: o da “importância” de mostrar que realmente temos um enviado especial. A presença do repórter é totalmente dispensável nas imagens, rouba atenção dos enquadramentos mais importantes e _grave_ não acrescenta nada ao que certamente seu registro textual trará no final de semana.
Especificamente sobre o enviado de Veja (e minha observação acima é genérica, foi repetida por outros), no microblog sua presença é louvável, solícita e aberta à conversação. Uma aula de como fazer.
Mas que é mais fácil conseguir boas histórias em zonas remotas, de conflito, catástrofe natural e privação, isso é. Batata.