Numa conversa na semana passada com o novo grupo de trainees da Folha de S.Paulo, fui confrontado num determinado momento (era o dia seguinte ao abalo sísmico sentido em São Paulo) com a opinião que, passado o hype, as pessoas se voltavam para a grande mídia em busca de informações apuradas _eu dizia que o microblogging tinha dado o “furo” sobre o tremor.
É, em resumo, a mesma opinião que Francisco Madureira, do Clico, Logo Existo, expressou.
Discordei. Insisto que procura o mainstream quem está habituado a ele _e, idem, fica na blogosfera, microblogging, redes sociais etc quem é usuário deles.
Um estudo publicado hoje na prestigiosa revista New Scientist joga luz num ângulo interessante desta questão.
Analisando dados após duas grandes tragédias nos EUA (os incêndios na Califórnia e o tiroteio em Virginia Tech), a professora Leysia Palen, da Universidade do Colorado, concluiu que os usuários da Internet foram capazes de prover informação fidedigna e relevante de forma mais rápida e precisa que fontes oficiais como a Cruz Vermelha, a Polícia ou os Bombeiros.
No caso do tiroteio em Virginia, a Wikipedia já dispunha, 90 minutos depois dos fatos, da relação dos mortos no massacre _coisa que o serviço público demorou horas para coletar e divulgar.
Nas redes sociais, como o Facebook, idem: informações disponibilizadas tempos depois por órgãos públicos já circulavam em questão de minutos na Web.
E o que o mainstream tem a ver com isso? Simples: paquidérmicos e desconhecedores das funcionalidades da rede, os jornais têm nas fontes oficiais seu objeto quase único de checagem de informações. A mídia que não acompanhou a circulação de notícias pela Internet nessas tragédias também informou mal _e a passos de tartaruga_ o seu público.
É preciso acontecer uma tragédia para que se perceba isso?