Em “O Trabalho do Jornalista: Estresse e Qualidade de Vida“, o pesquisador Roberto Heloani traça uma raio-x devastador da profissão. O trabalho foi conduzido com base em entrevistas concedidas em meados de 2010 – dispensável dizer que, de lá para cá, nossa situação não melhorou, muito pelo contrário.
Heloani é uma das maiores autoridades do Brasil em assédio moral, essa praga que invadiu o ambiente de trabalho (em especial o jornalístico). Formado em Direito pela USP e em Psicologia pela PUC/SP, é mestre em Administração pela FGV/SP e doutor em Psicologia Social pela PUC/SP.
No trabalho, o professor aborda muitos aspectos do nosso dia a dia, como a competição dentro das redações e a tendência da contratação, cada vez mais intensa, de profissionais mais novos. “Os patrões adoram porque eles não dão trabalho”, diz.
Há tempos venho dizendo que jornalismo é coisa para garotos – mais do que a tendência à despolitização (que evita raros mas possíveis embates sindicais), pesa nesse aspecto a juventude mesmo. Ser um profissional 24 horas por dia, sete dias por semana, como reza o mantra, cansa. E cobra um preço.
Há, ainda, a pressão por atualização – consequência do avanço tecnológico – e o surgimento cotidiano de novas tarefas e rotinas. Nesse aspecto, Heloani vai ao ponto: a lenda de que jornalistas devem saber de tudo um pouco serve justamente para reforçar, diante de seus patrões, que todos são substituíveis.
Síndrome do pânico, angústia e depressão são as doenças mais comuns ligadas à nossa atividade, segundo o especialista. A falta de tempo para família, lazer, estudos e atividade física, positivamente, está nos tornando profissionais piores.
Daí é inevitável lembrar do divertidíssimo ‘Salvar un Periodista‘. Seja um ex-jornalista você também.