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Vida real e o mundo do MEC

O Ministério da Educação acaba de concretizar mais uma trapalhada: a partir de agora, o curso de jornalismo não pode mais ser oferecido como uma habilitação de comunicação, mas apenas como curso independente.

A segregação não tem muito alcance prático além da inevitável detecção de que estamos tratando com gente que não sabe o que acontece na vida real. Pois estamos vivenciando justamente um momento em que todas as disciplinas da comunicação (além do jornalismo, publicidade, marketing e relações públicas) caminham para a convergência e, no mercado, há clara demanda por profissionais habilitados nessas especialidades.

A decisão do MEC de isolar o jornalismo dificulta a tentativa de propor (mais) uma reformulação curricular, em nível de graduação, que possa abranger essa convergência.

Mas abnegados, como eu, seguirão firme nesse caminho e com essa disposição.

Jornalismo de marca?

Você já ouviu falar em “jornalismo de marca”?

Trata-se da invasão do espaço jornalístico pelas relações públicas (ou “assessorias”, como as conhecemos no Brasil).

Essa é uma das consequências mais nefastas do sucateamento da profissão – para redações enxutas, quanto mais material pronto chegar, melhor.

Uma tragédia completa.

Releasemania II, o ataque aos infográficos

Caiu do céu uma suíte para a discussão sobre “Releasemania”, que tivemos ontem: agora, as relações públicas (que alguns insistem em chamar de assessoria de imprensa) descobriram a infografia.

Já tem até quem mostre a maneira mais fácil de expor a sua mensagem usando pra isso a linguagem visual…

Etiquetando o jornalismo


Curti essa provocação de Tom Scott: e se a gente pusesse adesivos nas matérias publicadas pelos jornais (sugiro uma versão eletrônica pra aplicar nos on-lines) com advertências do tipo “a pesquisa apresentada neste texto foi fornecida por uma assessoria de imprensa” ou “o jornalista não entende do assunto que está escrevendo”, entre outros?

Scott chama a etiquetagem de “tornar mais segura a leitura dos jornais”.

Todos os dias estamos fortemente expostos a receber essas etiquetas e, pelas circunstâncias em que produzimos nossos produtos, que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso.

Atirou?

O que as assessorias de imprensa querem com a gente?

O que as agências (nome contemporâneo para os escritórios que gerenciam marcas, produtos e carreiras) querem com a gente, os jornalistas?

Fundamentalmente, duas coisas: nossa agenda e rede de relacionamentos e a habilidade de escrever coisas o mais parecidas possível com um texto jornalístico.

A combinação dos dois elementos é explosiva: sim, as assessorias de imprensa estão cada vez mais emplacando textos ipsis litteris, em boa medida com a colaboração do jornalismo on-line _este ente enfermo, sucateado e desprezado, que por falta de mão de obra acaba, deliberadamente ou por ineficiência, refém dos releases nossos de cada dia.

Até nos Estados Unidos, onde o trabalho nas agências sempre foi coisa de relações públicas (e eu repito: pra mim, assessoria de imprensa é coisa de relações públicas mesmo), cresceu a quantidade de coleguinhas empregados no negócio.

Entre 1980 e agora, subiu em 60% o número de jornalistas que trabalham em assessorias de imprensa (ao mesmo tempo em que as redações enxugaram em 40% seus quadros).

A leitura clara é que os negócios, não as notícias, estão pautando o jornalismo.

O jornalismo invadido

As contratações de dois experientes jornalistas pela Edelman, multinacional gigantesca de Relações Públicas, para ocupar cargos de comando desatou a especulação nos EUA: o RP estaria tentando ocupar o espaço do jornalismo?

Richard Sambrook, ex-chefão da BBC News, é o novo diretor de conteúdo da Edelman, enquanto Stefan Stern, ex-Financial Times, será diretor de estratégias.

Com eles, a empresa aponta claramente na aposta em produção de conteúdo jornalístico sob medida para seus clientes (e para a imprensa, formal ou não).

Daí, surgiu a tese do “jornalismo hibrido”.

A culpa é da assessoria

A inclemência da indústria jornalística empurrou milhares de coleguinhas rumo às assessorias de imprensa, onde _costuma-se dizer nos bastidores da profissão_, é bem mais fácil trabalhar. Há os momentos de pressão e hora extra, claro. Mas, no geral, navega-se por um mar de rosas.

Muitas vezes me perguntam o que eu acho. É, sobre o trabalho em assessoria de imprensa. Eu acho que, se tivesse de contratar um profissional para exercer tarefa do tipo, escolheria um relações públicas com alguma noção em jornalismo. É esse o perfil básico, creio.

O Comunique-se mostrou um blog que tenta desvendar um pouco esse mundo. E o Novo em Folha também debate o assunto.