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Refratários?

lemonde

Editores do jornal francês Le Monde entregaram os cargos conjuntamente e, acredita-se, o movimento diz respeito à reformulação do periódico, que tenta encontrar um lugar no novo mundo da informação.

Uma reação parecida à da Redação do Libération, também às voltas com a crise do impresso.

Seríamos os jornalistas resistentes a mudanças?

A história se repete

O Diário de S.Paulo, que um dia foi o Diário Popular, escancara sua crise e passa a ocupar, a partir do dia 14 de novembro, as instalações que outrora foram da Agência Estado, no Limão.

O jornal, numa parceria com o Grupo Estado, também vai a gráfica da casa para imprimir suas edições.

O curioso é que a história se repete: foi o Diário Popular quem ocupou o prédio, no centro de São Paulo, que servia à Redação de O Estado de S.Paulo quando da mudança para o prédio onde atualmente se encontra.

Demissões e qualidade devastada: um retrato do jornalismo

Por que as pessoas deixam de consumir conteúdo informativo dos produtos nos quais costumavam se informar?

O Pew fez essa pergunta nos EUA e chegou à conclusão de que um terço dos americanos abandona seu ex-veículo predileto porque ele se tornou incapaz de provê-lo com notícias e informação no mesmo nível que antes.

Sinal óbvio de que a desidratação, especialmente no jornalismo hardnews, é devastadora do ponto de vista da qualidade.

O jornalismo fora da redação

A redação não é mais o habitat do jornalista. Um dado que corrobora essa impressionante realidade é a demissão, só em 2013 e só em São Paulo e Rio de Janeiro, de 300 jornalistas.

Outro dia mesmo comentei sobre a valorização que ofícios como marketing e publicidade estão dispostos a nos oferecer.

Ambientes corporativos estão interessadíssimos no nosso trabalho, como Jeremy Porter explora muito bem em artigo no Journalistics.

Por sinal, hoje, na Folha de S.Paulo, o publicitário Nizan Guanaes dá uma pista definitiva para entendermos o que está acontecendo. “Não deixa de ser irônico para a propaganda. Na época da comunicação total, a verdade tornou-se a maior arma de persuasão em massa.”

Até prova em contrário, os especialistas em verdade somos os jornalistas.

Prisioneiros do ecrã

Ficou cada vez mais evidente, agora que a integração física entre os que se dedicam à operação papel e à operação on-line é uma realidade no jornalismo brasileiro, que o segundo grupo tem de oferecer muito mais horas de trabalho – ganhando, via de regra, bem menos.

“On-line days” que promovi em alguns veículos com o objetivo de mostrar as agruras do tempo real àqueles que tinham exclusivamente tarefas para o produto impresso foram pedagógicas e escancararam esse abismo trabalhista.

Agruras como o risco, numa reles ida ao banheiro, de ser pego de calças curtas (ou, no caso, arriadas) por um fato relevante que exige publicação imediata.

Agathe Muller e Benjamin Rieth fizeram um pequeno texto e uma coleção de vídeos que abordam essa disputa de classes no jornalismo global.

Redação, o melhor lugar para acompanhar uma grande notícia

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É um relato sobre a escolha do Papa Francisco, mas poderia servir para qualquer outro grande evento: só quem acompanhou uma grande notícia na redação, no meio do burburinho dos colegas, sabe do que Carlos Roberts está falando.

Ele reconstitui, num belo texto, como os coleguinhas do La Nación acompanharam o desfecho do conclave que elegeu o primeiro líder latino-americano da Igreja Católica – ainda por cima, um argentino.

“¿Es Bergoglio?” Estamos como paralizados. “Por Dios, ¿es realmente Bergoglio? ¿Puede ser Bergoglio?” ¡Es!

Sensacional.

 

A redação e a cultura da interrupção

Se há uma coisa que o avanço tecnológico fez pelo jornalismo, com tantos dispositivos de conexão instantânea (e ainda contando), foi dispensar a presença física do jornalista num ambiente que comumente chamamos de redação.

É verdade, o jornalismo é uma obra coletiva e, para tal, torna-se essencial trocar insights, informações e impressões o tempo todo. Mas isso não precisa necessariamente ser feito cara a cara – as reuniões de pauta, por exemplo, são facilmente substituídas por conferências no Skype.

É uma pena que grande parte dos nossos gestores ainda não entenda assim, colocando o presenteísmo como uma virtude essencial ao trabalho jornalístico – não importa o que você esteja fazendo, se é que está fazendo, mas quero vê-lo perto de mim o tempo todo. Em alguns casos a presença física chega a ter mais valor do que a produtividade.

O empreendedor Jason Fried cunhou a expressão definitiva para explicar porque é impossível trabalhar em antiquados ambientes de trabalho como nossas redações. Nelas, impera a cultura da interrupção. O tempo todo somos distraídos por brincadeiras de colegas, telefonemas, reuniões inúteis, ruídos e conversas fora de contexto.

Locais de trabalho assim podem ser adequados a um monte de coisas, menos a trabalhar.

É por isso que o presenteísmo, numa atividade intelectual, não necessariamente significa melhores pautas ou reportagens. É o tipo de tarefa que exige concentração e, principalmente, continuidade. Mas não, adoramos interromper. O tempo todo.

Será que um dia isso muda? Aí sim o avanço tecnológico terá completado seu legado de melhorias na profissão.

Espanha discute ‘tornar normal’ o horário de trabalho dos jornalistas

Não sabia que a Espanha tinha uma “Comissão Nacional para a Racionalização dos Horários”, aliás, que eu saiba nenhum país tem uma repartição pública dessas.

Ignacio Buqueras y Bach, presidente do órgão, diz que sua tarefa é “sensibilizar a sociedade espanhola sobre a necessidade de usar melhor o tempo e racionalizar a agenda diária de maneira que sejam mais flexíveis e humanos e favoreçam a conciliação da vida pessoal, familiar e profissional”.

Buqueras assina texto em que inclui os jornalistas como beneficiários dos objetivos de sua pasta.

Diz que marcar entrevistas coletivas para depois das 18h implica “esforço adicional” para as Redações, cita casos de profissionais que foram rechaçados pelos filhos em detrimento das babás (quem, afinal, fica com eles) e replica citações de coleguinhas sobre a insalubridade de se jantar às 23h todos os dias, entre outras barbaridades incompatíveis com o exercício da profissão.

E a gente aqui, se perguntando por que o jornalismo parece ter piorado de uns tempos pra cá.

Santa burocra, Batman.

Os trambolhos das redações em 1996

Dá só uma olhada nesse vídeo de 1996 (muito comum na época, quando os jornais mostravam na TV os destaques de suas edições impressas do dia seguinte) feito no Diário Catarinense, de Florianópolis.

Ou melhor: dá uma olhada nos terminais da redação. Trabalhei com alguns trambolhos pouco menos robustos que os exibidos ali. E não dá saudade nenhuma, confesso.

Fora que, em 1996, quem tinha acesso à web dentro de um jornal?

O manual de redação do Estadão para seus leitores-comentaristas

No instante em que o jornalismo on-line rediscute o que fazer com os comentários dos leitores (e há quem sugira simplesmente limar toda opinião que não seja identificada por nome completo e RG), reparo nas regras do Estadão on-line para admitir a participação dos leitores no noticiário.

Mais que regras rígidas, constituem verdadeiro seguro contra comentaristas aloprados que, por motivos óbvios, sejam moderados ou mesmo excluídos das instâncias de discussão num site _nessas ocasiões, os delinquentes da palavra costumam recorrer a bandeiras como ‘liberdade de expressão’ para denunciar o que consideram ‘censura’.

Com regras claras, essa bobagem não cola.

Os 20 Mandamentos do jornal para seus leitores-articulistas:

Será considerada infração, a publicação de conteúdo:

1. Ilegal

2. Abusivo

3. Ameaçador

4. Nocivo

5. Obsceno

6. Profano

7. Difamatório de qualquer pessoa ou instituição

8. Discriminatório de credo, raça, condição social ou orientação sexual

9. De Incitação a atos ilícitos

10. De Incitação à violência e/ou ao crime contra pessoas, instituições, países ou a patrimônio público e privado

11. Capaz de ferir a reputação de pessoas ou organizações

12. Que configure Plágio

13. Produzido por terceiros, sem a reprodução autorizada

14. Considerado Spam ou correntes de mensagens

15. Transmissão de ou que leve a locais com material de potencial destrutivo como vírus, worms, cavalos de tróia

16. Propaganda de produto ou serviço

17. Campanha política

18. Falso ou fraudulento

19. Violação do direito de propriedade de uma pessoa ou empresa

20. Que fingem ser de autoria de outra pessoa, famosa ou não