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No ar, mais uma Brazilian Journalism Research

Jornalismo público, telejornalismo e ensino da profissão (com um texto bem legal do meu mestre Ramón Salaverría) estão no cardápio da mais nova edição da Brazilian Journalism Research, revista científica semestral publicada pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).

Vai lá.

A burrice do conteúdo pago não tem fim

A burrice do muro do conteúdo pago não tem fim.

O caso do Wall Street Journal, então, detectado pelo professor Ramón Salaverría, é lapidar.

O veículo cobra por seu conteúdo (aliás, tem cerca de 1,3 milhões de assinantes pagantes), mas exibe as notícias _redigidas no clássico formato da pirâmide invertida_ com os primeiros parágrafos abertos a qualquer internauta.

Ou seja: o principal da informação é de livre acesso. Ainda mais numa estrutura de pirâmide invertida, na qual as coisas desimportantes figuram no pé, justamente o que o WSJ quer cobrar.

“É como se te dessem o carro e quisessem cobrar pelos tapetes”, diz Salaverría, que sentencia (com toda razão): “a pirâmide invertida não serve para quem cobra por conteúdo”.

El Pais desiste da separação de corpos e funde papel e on-line

O jornal espanhol El Pais (muito relevante globalmente, ainda mais considerando-se sua idade _faz 34 anos em 4 de maio) decidiu fazer aquilo que tinha descartado: unir suas redações em papel e on-line, ainda que numa integração física forçada, bastante comum hoje.

Claro, a integração física é a mais fácil de se fazer. Basta quebrar paredes e acomodar as pessoas perto umas das outras. Debater o que cada uma vai fazer (e com qual prioridade, eis o mais importante)… ah, deixa pra lá.

“Agora o El Pais é um só”, garante Gumersindo Lafuente, diretor adjunto do jornal com clara missão de fundir e tornar complementar os conteúdos dos dois suportes.

A fórmula inicial é batida: o “mesão”, uma central nervosa da redação, com editores e repórteres experientes alimentando o site e, ao mesmo tempo, discutindo o desdobramento que os assuntos devem merecer nas páginas do dia seguinte. É um formato que, via de regra, descamba para o burocrático (e para o inevitável burro encostado na sombra).

A favor de Lafuente conta o passado no Soitu.es, meio nativo digital que agitou o jornalismo espanhol por 22 meses, entre 2007 e 2009, e fechou as portas por falta de capitalização. O jornalista levou consigo para o El Pais outros 11 colegas que desfrutaram daquela aventura na web _ressalte-se que a crise no jornalismo, impresso ou eletrônico, é muito mais evidente em países que já se desenvolveram, caso da Espanha.

Quando dirigia outro importante periódico espanhol, o El Mundo, Lafuente era um ferrenho defensor da separação de corpos: on-line pra cá, papel pra lá. Tudo em nome da defesa da “identidade” de cada plataforma.

Ramón Salaverría e Samuel Negredo falam muito sobre isso no livro “Periodismo Integrado“, no qual analisam oito casos de integração de redações (poucos levaram à convergência, o orgasmo da fusão de suportes no jornalismo).

Mas é certo qe não existe fórmula pronta: depende da quantidade de entusiastas da internet e de características e aspectos culturais de cada empresa. Uma coisa, porém, é certa: precisa querer fazer.

Você quer?

Lançamento ‘revolucionário’ da Apple é cópia de projeto de 1994

Sensacional descoberta do professor espanhol Ramón Salaverría: apesar do buzz em torno do iTablet, próximo lançamento da Apple saudado como vanguardista e potencial salvador dos jornais em meio à crise, o produto já tinha sido concebido há 15 anos por Roger Fiedler _e com ele, claro, todo o conceito de tablet, a última moda em dispositivo móvel.

Claramente, faltou uma maçã mordida para o projeto dar certo.

Veja com seus próprios olhos.

Levantamento relaciona queda do PIB global a iniciativas de cobrança por conteúdo on-line

grafico_ley_pago_contenidos

Muito oportuno o levantamento de Ramón Salaverría, que usando dados do FMI _e bastante conhecimento sobre a vida pregressa da internet_ estabeleceu uma relação entre PIB global e iniciativas de cobrança por conteúdo on-line, como a que assistimos agora, desde 1996.

À ela, Salaverría deu o nome de Lei do Pagamento por Conteúdos On-line, cuja premissa básica é: “o número de iniciativas para implantar conteúdos pagos em meios digitais é inversamente proporcional à evolução do PIB nos países ocidentais”.

O gráfico elaborado por ele (e que você vê acima) é lapidar para comprovar a tese.

Salaverría deixa ainda a pergunta: recuperada a economia após o crack do subprime, desistirão os grandes grupos jornalísticos (que pediram ajuda até do Google) da nova investida monetarista contra o que os usuários da web há anos estão acostumados a ter de graça?

Le Monde desvenda o palácio da inovação do NYT

O Le Monde conheceu por dentro o NYT Lab, onde desde 2006 um grupo de jovens testa e desenvolve novidades que possam ser usadas na entrega do produto jornal para um público cada vez mais qualificado e dotado de recursos tecnológicos.

O jornalão francês conta, por exemplo, que são 25 mil os assinantes (por US$ 13,99 mensais) da versão do NYT para o Kindle, o leitor digital criado pela Amazon.

Michael Zimbalist, diretor do NYT Lab, diz que hoje não há um único jornalista do Times que trabalhe apenas para a versão impressa do periódico. É uma informação que eu não posso confirmar, mas que se for verdadeira é fantástica.

Se você quiser conhecer novidades que ainda estão testadas e desenvolvidas pelo laboratório de última geração, fique atento à tag “protótipos” do blog do lab.

(via Ramón Salaverría)

Oito casos de convergência analisados bem de perto

Já saiu do forno o livro “Jornalismo Integrado: Convergência de Meios e Reorganização de Redações“, editado pela Universidade de Navarra.

A obra estuda em profundidade oito casos de jornais que optaram por integrar suas redações em papel e on-line. São eles: Daily Telegraph, Tampa News Center, Schibsted, O Estado de S.Paulo, The New York Times, Guardian, Clarín e Financial Times.

O estudo de cases é muito relevante neste momento, em que diversos outros veículos estão optando pela fusão de conteúdos para, enfim, atingir a tão sonhada convergência (quando todo o trabalho jornalístico é pensado em várias dimensões e plataformas).

Como aperitivo, o capítulo sobre o Daily Telegraph, considerado modelo mundial no tema.

ATUALIZAÇÃO: Minha amiga Ana Estela, aí embaixo, nos comentários, faz uma observação bem importante: “Era bom ressalvar que o livro é francamente integracionista e que tem gente ali no meio que vende consultoria para quem quer fazer Redações integradas… Ou não?”

Sim, completamente. Salaverría, por exemplo, viaja o mundo vendendo um modelo que não foi ele quem criou. Tem sido assim com alguns outros personagens de Navarra: ocuparam bastante espaço, mas com um discurso difuso e que, muitas vezes, assemelha-se a autoajuda.

Técnicas avançada de busca na Internet

Já combinamos que os mecanismos de busca são a home page da Web2. É por meio deles que encontramos diretamente aquilo que estamos buscando, e nos livramos da mediação meia-boca dos capistas dos portais.

Assim entende também o professor espanhol Ramón Salaverría, que está no Brasil para ministrar um curso que tem justamente como ênfase técnicas avançadas de busca na Internet.

Reparem no site que Salaverría montou e a quantidade de utilitários do Google que ele colocou ali.

Felizmente, ele não pára por aí: abrange agregadores e redes sociais, que são os “points” de encontro hoje na rede.

A pré-história do Google

“In this paper, we present Google…”. Esta é uma peça histórica que há tempos fiquei de colocar aqui: o artigo escrito por Sergei Brin e Larry Page, ainda na Universidade de Stanford, sobre a máquina de busca que revolucionaria a forma como os usuários usam a Internet.

Na época (o texto é de 1998), os caras já possuíam um protótipo da ferramenta com 24 milhões de páginas arquivadas. O mais legal: tudo o que eles prometeram lá, cumpriram. Imperdível.

A dica é do e-periodistas, comandado pelo professor Ramón Salaverría.