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Jornalismo financiado sofre mas está otimista nos EUA

Os números ainda são ruins, mas jornalistas que trabalham em startups voltadas para a comunicação nos EUA estão otimistas com o que pode acontecer nos próximos meses – é o que mostra pesquisa do Pew.

Das 172 instituições ouvidas, nunca é demais lembrar que duas já ganharam o Pulitzer. E, importante, que praticamente todas ainda estão em busca de um modelo de negócios sustentável.

 

A Reuters quer saber

A Reuters está mexendo em seus recursos multimídia e apresenta parte das novidades chamando os consumidores a opinar. Antes de tudo ir pro ar.

O pior que pode acontecer nessas consultas prévias é tudo aquilo que você acha genial num projeto ser cruelmente desconstruído por quem vai usá-lo.

Cibercriminosos recrutam mulas para lavar dinheiro de phishing

Cibermulas estão sendo recrutadas via anúncios de emprego para lavar parte do dinheiro capturado de vítimas de phishing na internet.

O esquema envolve, principalmente, cibercriminosos do Brasil e da Rússia.

A reportagem de João Pedro Pereira, publicada sábado pelo português Público, conta a história. A dica é do amigo Paulo Querido.

As lições do hiperlocal

O hiperlocal não é uma moda, mas uma necessidade – são muitas as audiências de produtos jornalísticos que estão muito mais interessadas no próprio umbigo.

Mike Fourcher fez uma lista bastante legal de coisas que ele aprendeu praticando o hiperlocalismo na internet. O mais doloroso deles talvez seja a constatação de que os interesses desse público são muito mais diversos do que a gente imagina.

O organizador do caos informativo

A revelação de que quase 60% do tráfego de grandes sites noticiosos nos EUA provém de homepages e capas internas é uma forte evidência de que o critério jornalístico ganha, não perde, relevância quanto mais a tecnologia permite a todo mundo ser seu próprio editor.

A expertise jornalística na hierarquização e avaliação de notícias é algo que interessa e muito aos que estão envolvidos com a nova esfera pública de manifestação. Ainda que seja para discorrer negativamente em seus foros de discussão.

Nosso trabalho caminha celeremente nessa linha: um organizador do caos informativo.

A participação do público na TV Globo

Acho muito legal a série “Parceiros”, pelo qual a TV Globo estimula jovens não-jornalistas a produzir conteúdo jornalístico relacionado à comunidade onde vivem.

A emissora é, de longe, quem mais está dando voz ao seu público, mergulhando de cabeça na concepção da participação das pessoas no processo de constituição do noticiário. É um caminho sem volta.

O único porém: o treinamento que esse pessoal recebe, de alguma forma, pode adestrá-los como repórteres, fazendo com que a gente perca justamente o que é mais bacana na colaboração: a ausência de vícios que os profissionais carregamos.

Vada a bordo, cazzo

Meios on-line não podem ignorar o que se passa na internet e afins (leia-se aplicativos móveis). É seu habitat.

Por mais que eu ache que estamos cedendo fácil demais à webceleb da vez, é uma obrigação de quem cobre o mundo pendurado num aplicativo ou na rede explicar aos frequentadores de seus ambientes o que se passa ao redor.

O episódio Luíza dá outro indício de que inevitavelmente nos colocamos em nossa nova (ainda?) posição: somos reféns de quem, por séculos, foi escravizado por nós.

O controle não é da mídia, é do consumidor.

A ponto de mestre Carlos Nascimento, que entende do riscado, esbravejar.

Não definimos mais o que nosso público acha relevante. Ao contrário, temos de nos dobrar às irrelevâncias (em nossa visão) que o público nos força a discorrer.

Vada a bordo, cazzo.

‘A internet é o penico do mundo’

Ao responder esta semana a comentários de seus espectadores num programa ao vivo, José Trajano, diretor de jornalismo dos canais ESPN (um dos primeiros veículos a entender e abraçar a necessidade do diálogo com o público), reclamou da intolerância diante do contraditório.

“As pessoas não sabem mais conviver com a opinião contrária”, afirmou.

Trajano (íntegro e relevante em nossa profissão, registre-se) falava de futebol, ambiente apaixonado que o remeteu à  campanha eleitoral recém encerrada, para ele “aquela guerra na internet, acusações desenfreadas”.

Concordo, mas o problema é anterior à vida em rede. Pessoas são precipitadas, não analisam o conjunto do discurso e, abrigadas numa trincheira tecnológica qualquer, se tornam ainda mais destemidas.

Há um desequilíbrio no diálogo público em que estamos metidos.

No mesmo programa Trajano também disse que “a internet é o penico do mundo”, como antes fizeram Fausto Silva e muitos outros colegas _a opinião é recorrente no meio, e quero deixar claro que a subscrevo.

Os jornalistas ainda achamos que a participação dos consumidores de notícias também precisa melhorar.

O trabalho mais auditado do mundo

É mesmo surpreendente e curiosa a visão que as torcidas têm do trabalho jornalístico formal _ao mesmo tempo em que martelam na tecla de sua gradual irrelevância, o que, sob a luz da era da publicação pessoal, caminha para uma definição conceitual.

Carlos Fernández Liria, escritor e professor de Filosofia da Universidade Complutense de Madrid, mostra-se totalmente descido do muro ao comentar como a imprensa espanhola se comporta ao cobrir o movimento bolivariano, comandado por Hugo Chávez nas Américas.

“Na Europa há muita censura, a mídia só contrata jornalistas que digam o que lhes interessa”, afirma Fernández.

Claro exagero, mas que passa aquele recado: a internet ampliou a vigilância do público, e o trabalho jornalístico, provavelmente, é o mais auditado do mundo.

Merece até uma quantificação.

O jornalismo debatido e construído com os leitores

“A audiência também produz conteúdo e o distribui de forma muito mais eficaz e influente que qualquer outro jornalista”.

Quem fala isso é um jornalista, Jean-Francois Fogel, pioneiro do jornalão francês Le Monde na internet.

Pra gente parar de achar que é uma “bobagem” o diálogo redação-leitor via redes sociais _principalmente, mas carta e telefone ainda são válidos, apesar de mais demorados.

Felizmente estou na linha de frente de ótimos experimentos práticos neste campo (em breve, notícias aqui). E posso atestar, dia após a dia, a importância dessa relação.

Fogel lembra que o “conteúdo referenciado”, ou seja, o recomendado de amigo para amigo, tem hoje fatia importante como drive de audiência dos sites jornalísticos.

Você não sabe o que está perdendo ao ignorar esse público.