Ao responder esta semana a comentários de seus espectadores num programa ao vivo, José Trajano, diretor de jornalismo dos canais ESPN (um dos primeiros veículos a entender e abraçar a necessidade do diálogo com o público), reclamou da intolerância diante do contraditório.
“As pessoas não sabem mais conviver com a opinião contrária”, afirmou.
Trajano (íntegro e relevante em nossa profissão, registre-se) falava de futebol, ambiente apaixonado que o remeteu à campanha eleitoral recém encerrada, para ele “aquela guerra na internet, acusações desenfreadas”.
Concordo, mas o problema é anterior à vida em rede. Pessoas são precipitadas, não analisam o conjunto do discurso e, abrigadas numa trincheira tecnológica qualquer, se tornam ainda mais destemidas.
Há um desequilíbrio no diálogo público em que estamos metidos.
No mesmo programa Trajano também disse que “a internet é o penico do mundo”, como antes fizeram Fausto Silva e muitos outros colegas _a opinião é recorrente no meio, e quero deixar claro que a subscrevo.
Os jornalistas ainda achamos que a participação dos consumidores de notícias também precisa melhorar.