Arquivo da tag: publicidade no jornalismo

Projeto em Jornalismo Impresso I – Aula nove

Nesta sexta-feira (24/10), a volta de quem não foi: após 15 dias de ausência física, nos revemos em carne e osso na nossa sala 103 às 8h para preparar a próxima _e não menos importante_ visita que receberemos em 14 de novembro: Edson Rossi, que comandou várias revistas da Abril e agora está à frente do lançamento de mais um produto impresso: a revista Fut!, da mesma editora do jornal Lance.

Em nossa aula desta semana vamos atualizar alguns números sobre o mercado de jornais e perspectivas para o futuro do negócio. Afinal, não sei se vocês perceberam, há uma crise econômica em curso _e certamente o comportamento dos leitores e os investimentos no setor sofrerão alterações.

Caberá a Rossi, em novembro, contar essa mesma história sob o ponto de vista de quem, exatamente neste momento de turbulência, colocou nas bancas um novo produto impresso.

Voltando ao nosso encontro de amanhã, será que os países emergentes terão fôlego para manter em alta a tiragem dos jornais? E os investimentos em jornalismo on-line, não tenderiam a ganhar com a crise por causa da própria plataforma, muito mais barata (lembrem-se que o processo industrial de um jornal, ou sua impressão e logística de distribuição, consomem pelo menos 40% do dinheiro disponível).

Hora de discutir também, com mais detalhe, nossas idéias para o produto impresso do semestre que vem. Temos três sugestões de noticiosos gerais, e cinco projetos segmentados. A coisa vai chegando ao seu final, hora pensar nas respostas às indagações sobre propósito/público/conteúdo/nome.

Enfim, ainda dará tempo de, como inspiração, avaliarmos a catastrófica “capa promocional” do Banco do Brasil que emprestou as primeiras páginas dos principais jornais brasileiros há 15 para, ainda por cima, cometer um erro de informação crasso em sua manchete fake fabricada por uma agências de publicidade.

Para quem ainda não terminou o livro “O Destino do Jornal”, última chamada: teremos uma aula inteira só para discuti-lo, e seu resumo será ainda o trabalho de final de semestre (com pelo menos 10 mil caracteres).

Até lá.

Quando publicitário tenta imitar jornal, o resultado é sempre uma catástrofe

Só hoje, lendo a coluna de Carlos Eduardo Lins da Silva na Folha de S.Paulo, fiquei sabendo do auto-atentado contra a credibilidade jornalística perpetrado pelos três grandes jornais brasileiros na semana passada (Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo), que colocaram suas capas (inteiras, sob um constrangedor esclarecimento “capa promocional”) a serviço de um anunciante.

Consultei os alfarrábios aqui (sabiamente, os jornais durante a minha ausência foram “arquivados” na portaria do prédio) e fiquei estarrecido. O pior é que se trata de uma discussão muito antiga. É impossível que pessoas com experiência nesta profissão desconheçam o estrago que esse tipo de publicidade pode provocar entre seu público leitor.

Por isso, vou me prender a outro aspecto da questão: é bem verdade que a publicidade garante a tão decantada independência dos veículos jornalísticos, mas se torna ridícula quando tenta imitar o jornalismo. Falo especificamente do anúncio do Banco do Brasil que ofensivamente buscou, a exemplo de outras tantas peças desastradas desse tipo na história, imitar a primeira página dos dois principais jornais brasileiros.

Publicitário mal sabe fazer anúncio, imagine jornal. Se Estado e Folha fossem diagramados da forma como aparecem no anúncio do banco estatal, não passariam de jornalecos de fundo de quintal. Ali está tudo errado, e neste momento falo apenas do ponto de vista gráfico: fontes equivocadas, entrelinha incompatível, brancos insuportáveis em títulos, texto sem título, enfim, toda sorte de absurdos.

Nem entro no mérito do texto, porque afinal de contas ele não é jornalístico mesmo (apesar de os publicitários terem se achado o máximo ao pensar que estavam fazendo um lide).

Este novo episódio de subserviência dos jornais à publicidade também serve a nós, que estamos estudando mais de perto os projetos gráficos e suas implicações, como um ótimo exemplo de coisas a não serem feitas jamais se estivermos pensando em bom jornalismo. E me arriscaria a dizer aos publicitários que eles também, se estiverem pensando em boa publicidade, ou precisam riscar essa fórmula da caderneta ou aprender a fazê-la.