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Presenciei uma notícia. E agora?

A interação ainda é tratada como um aspecto menor pelos grandes portais de Internet brasileiros. Hoje, a participação do usuário é oferecida quase como se fosse um doce, um agrado. Está lá nos sites apenas porque é bonito e _alguém disse em algum momento_ que é preciso ter.

A interação não é o futuro, é o presente da Internet. E há quem defenda que nem sequer ocorra interação: simplesmente que todo o conteúdo noticioso seja produzido pelo internauta. Falarei disso mais para adiante. Há prós e contras e vale a pena escrever um livro para abordar tudo. Por ora, defendo a mediação (a coexistência pro-am, entre profissionais e amadores).

A questão hoje aqui é o que é possível fazer quando presenciamos uma notícia? Telefones celulares com câmera e gravadores digitais (enfim, a bendita tecnologia) deram ao cidadão comum (ou ao candidato a jornalista) a chance de assumir o posto de repórteres onde os repórteres não estão ou comeram bola.

Nesse ponto, o Wikinotícias é uma ferramenta inadequada. Despreparada para a apuração original, a plataforma é útil apenas para a prática de edição de texto (ou seja, reescrever e aprimorar conteúdo já existente). É o que temos feito e continuaremos a fazer.

Vários portais oferecem o doce para você que captou um flagrante. Imagens (fotos, mas especialmente vídeos) são infinitamente mais bem-vindas do que textos. A primeira experiência do gênero (o Foto Repórter do Estadão, lançado em 2005) originalmente convidava os leitores do jornal a tentar publicar um instantâneo nas páginas do impresso (e com remuneração, o que persiste até hoje).

Fosse a data inaugural do projeto, digamos, 18 de março de 2008, certamente solicitariam vídeo _evidentemente, por questões técnicas insuperáveis, a serem encaminhados para a versão on-line da mídia).

Depois vieram as iniciativas de IG (Minha Notícia), Terra (Vc Repórter), Globo (Eu-Repórter) e G1 (Vc no G1), todas bem semelhantes: abertas a qualquer coisa, apenas para provar que a interação existe, que eles gostam de você e que te dão espaço. Ah, e sem a possibilidade de ganhar nada além da satisfação de ver sua “obra” no ar (como se os blogs não resolvessem essa prosaica questão, né?).

A Folha também ensaia abrigar conteúdo produzido pelo usuário, mas ainda não existe um canal permanente (o doce só é dado em ocasiões especiais, como acidentes ou shows/festas populares). Algo do tipo “só enviem quando eu mandar”.

Mas a dica mais importante se você quiser praticar reportagem e publicar num grande portal é: todos esses modelos de colaboração envolvem cadastros, muitos deles exigindo senhas do próprio site em questão (ou seja, mais cadastros e formulários).

Logo, antes de presenciar uma notícia, cadastre-se nos links que eu dei acima. Nada é mais chato do que, na urgência de reportar um fato, se deparar com uma burocrática seqüência de perguntas e cliques quase inúteis. E lembrem-se: jamais ponham dados confidenciais na rede.

Um CPF e um e-mail pra chamar de seu

Nestes tempos em que os sites nos vigiam solicitando dados pessoais para permitir coisas simples como comentários em suas matérias, duas ferramentas bem úteis são um gerador de cpf e um e-mail temporário.

Por favor, né?! Se não se trata de uma relação comercial ou que abranja direitos/deveres de cidadão (os cadastros em sites de notícias não se enquadram nessas categorias), jamais entregue informações pessoais à menor solicitação na web.

Os geradores de CPF não criam, evidentemente, documentos falsos. Apenas números com seqüências lógicas capazes de dialogar com os programas-robô que gerenciam cadastros automatizados na rede.

O e-mail temporário é uma boa opção para se usar em sistemas que, imediatamente após a inscrição, encaminham links de confirmação do cadastro. Importante: anotar o e-mail descartável, pois em geral ele passa a ser seu nome de usuário (ou login, ou ainda logon) no site onde você o usou para se cadastrar.

Ambos podem _e devem_ ser usados para driblar invasão de privacidade, trânsito perigoso de dados pessoais na rede e agilizar o acesso a conteúdos protegidos.