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Google+, um museu de grandes novidades

Ninguém me tira da cabeça que o Google+ é a ressurreição do Google Wave, que aliás não deu certo.

É muito difícil concorrer com o Facebook. E a grande pergunta: é necessário?

Não seria mais lógico pensar em produtos que possam ser utilizados em associação uns com os outros, do que meramente em cópias?

ATUALIZAÇÃO: Hoje, em O Globo, Pedro Doria analisa o tema com mais profundidade.

WikiLeaks e Napster, um paralelo

O jornalista português Paulo Querido compara WikiLeaks e o Napster, uma provocação pertinente.

“A única forma de parar alguma coisa nela [a Internet] é desligá-la”, diz. É quase um mantra do sociólogo espanhol Manuel Castells.

O Paulo destaca ainda a “organização horizontal e reticular” da colaboração em massa na rede.

É exatamente isso que está mudando relações humanas e, possivelmente, a própria cabeça das pessoas. É essa a tal revolução de que tanto falam.

ATUALIZAÇÃO: Pedro Doria, em seu blog, também faz a mesma comparação.

A integração de redações no Estado e na Folha

Na semana passada a peruana Esther Vargas, do bom blog Clases de Periodismo, esteve por São Paulo e visitou Folha e Estadão.

Pela Folha, a recebi e contei algo do que pretendemos fazer nas eleições e alguns detalhes da integração de redações..

No Estadão, foi Pedro Doria em pessoa (o editor-chefe de conteúdos digitais) quem relatou o processo por lá.

A ler.

O Estadão e sua posição sobre o link externo, esse direito

Aleluia: demorou, mas alguém relevante no ecossistema de notícias tocou na ferida do link externo, esse direito, como bem definiu o professor Jeff Jarvis.

Em entrevista ao Jornalistas & Cia., Pedro Doria, editor-chefe do Estadão.com, foi claro ao falar sobre a missão do site Economia & Negócios, que nasce também com uma interessante integração embutida em papel (terá uma versão semanal na edição impressa de O Estado de S. Paulo).

“Quando elas [as notícias] estiverem em sites de outros veículos, principalmente estrangeiros, nosso leitor será informado do link. Queremos fidelizá-lo não só pela qualidade editorial e credibilidade de nossos veículos, mas também por tratar a informação _quer dizer, a boa informação_, esteja onde ela estiver, como um bem valioso para quem atua ou acompanha a área econômica”, disse Doria à newsletter que perscruta os bastidores jornalísticos brasileiros.

É claro que, se a opinião de Doria vale para um produto econômico, vale para qualquer outro. Mais do que presença no DNA da internet, o link externo é uma prestação de serviço importante na plataforma. É por meio dele que se encurtam distâncias e o usuário pode ir aos finalmentes.

Pedi ao Doria que detalhasse um pouco mais o assunto. E, de fato, a lógica por trás do raciocínio é tão simples que basta um parágrafo para resumi-la.

“Não há leitores exclusivos na web – todos leem o que lhes interessa em todos os sites. Editar a informação é obrigação jornalística. É ajudar o leitor em sua busca por informação. Facilitar sua vida. Se vamos criar um site de Economia, devemos ajudá-lo também indicando o que ler sobre economia em outros cantos da internet”.

De novo: isso vale para todas as editorias. Já passou da hora de a grande mídia derrubar de vez o tabu do link externo. Há um belíssimo exemplo e, antes que digam bobagem, iniciativas semelhantes (mas esporádicas) aqui e ali. E sem a defesa terminante, diga-se.

A defesa do link externo é muito mais do que disputa por audiência: estamos a falar da estrutura que deu essa cara democrática à web e, ao mesmo tempo, de uma obrigação para quem ainda desempenha (ou acha que desempenha) o papel de gatekeeper.

Wikipedia: ‘é um contrasenso acreditar que um projeto on-line pode superar questões de disputas de poder’

Minha conversa nesta semana é com Carlos d’Andrea, jornalista graduado pela UFMG, especialista em Gestão Estratégica da Informação e mestre em Ciência da Informação pela ECI/UFMG, além de coordenador do curso de Jornalismo da UFV, em Viçosa (MG).

O tema, a Wikipedia, umas das especialidades dele. E minha eterna preocupação: afinal, existe democracia dentro de um projeto colaborativo tão ambicioso e grande como o de Jimmy Wales?

Quem não é nativo digital tem uma dificuldade flagrante em compreender o processo de construção de reputação em projetos colaborativos de massa, como a Wikipedia. Não entende-se, por exemplo, que a frequência de participação dá muito mais pontos que a qualidade dela _ainda mais se for única. A Wikipedia é realmente um ambiente democrático e aberto à edição da inteligência coletiva? Quem manda na Wikipedia?
Acho que temos várias questões nesta pergunta. Há sim uma dificuldade não só dos usuários que não são nativos digitais, mas também dos que estão “presos” aos modelos tradicionais de produção de conteúdo e mesmo dos que associam a idéia de colaboração à simples criação de um espaço pessoal para publicação – blogs, por exemplo. Na Wikipédia, um espaço em que todos atuam no mesmo conteúdo em busca de um consenso provisório (e improvável) sobre um tema, torna-se indispensável o aperfeiçoamento de mecanismos de reputação para hierarquizar minimamente a participação do público.

A mensuração poderia ser mais quali do que quantitativa? É improvável que desse certo. Sabemos que mensurar qualidade de uma informação, ou de uma ação, é algo tão subjetivo que inviabilizaria o funcionamento do projeto na escala em que ele se propõe. Além do mais, a Wikipédia está baseada numa lógica operacional e ideológica calcada no TRABALHO. Mais do que gênios ou doutores, o projeto espera atrair operários, isto é, pessoas a se debruçar sobre ele de forma exaustiva.

Dizer se a Wikipedia é ou não um “ambiente democrático e aberto à edição da inteligência coletiva” é complicado. Em grande parte, é, mas é tão baseado em regras e hierarquias internas que passa a ser uma “democracia” que poucos compreendem e/ou têm a disposição de se engajar. É como se tantos fossem analfabetos que as eleições ficam sob suspeita…

Seria fácil dizer que quem manda na Wikipédia são os administradores, que são usuários que foram eleitos e possuem prerrogatigas técnicas. Mas talvez mais do que eles o que determina os rumos do projeto é uma forte vinculação ideológica com a proposta seguida por eles e a rígida estrutura organizacional que, ainda que voluntária e parcialmente descentralizada, norteia os editores.

Pedro Doria, diretor de mídias digitais do Grupo Estado, imagina o modelo de “matérias abertas” para o jornalismo do futuro/presente. Nesse caso, não com a participação direta do público, mas de jornalistas profissionais _pelo menos num primeiro momento. Você vê alguma esperança para o wikijornalismo prosperar, já que a própria Wikipedia é um sucesso também pela rapidez com que informações recentes sobre personalidades sejam agregadas aos verbetes?
Discuto uma possível “wikificação do jornalismo” em um artigo recém publicado em português no livro Metamorfoses Jornalísticas 2 e na revista BJR. Lá faço uma distinção que, aparentemente, é bem parecida com a que o Doria propõe: wikis só de jornalistas (ou pessoas previamente autorizadas) e wikis abertos, como a Wikipédia.

Acho que como os wikis têm um potencial tremendo como ferramenta para edição de conteúdo jornalístico, principalmente numa época em que a rapidez de produção tem se confundido com uma fragmentação excessiva do conteúdo publicado. A cobertura de eventos duradouros e temas mais complexos pode perfeitamente ser editada em um wiki, que serveria ainda como plataforma para armazenamento a longo prazo. A abertura ao público pode (e deve) acontecer de acordo com o grau de visibilidade do veículo e do assunto.

As frequentes situações de vandalismos em artigos de maior destaque na Wikipédia, inclusive daqueles vinculados a personalidades ou eventos recentes, mostram que a abertura total é inviável – tanto que na Wikipédia os editores tomam frequentemente medidas mais duras, com a proteção do artigo.

Eu não acho a Wikipedia democrática, ela é regida por uma liturgia que em muito lembra o poder fisicamente constituido. Se você pudesse mudá-la, onde mexeria?
Sim, lembra o “poder fisicamente constituído”, principalmente porque advém dele. Acho que todos nós gostaríamos, mas é um contrasenso e inocente acreditar que um projeto on-line poderia facilmente superar questões fundamentais de nossa sociedade, como disputas de poder e intolerância.

O grande desafio da Wikipédia – e se eu pudesse, mexeria nisso, claro – é aumentar a coordenação do trabalho e não associá-lo ao uso abusivo do poder. Há um outro aspecto que me incomoda muito na Wikipédia: no geral, sua interface ainda é muito pouco amigável para o usuário leigo.

Refiro-me primeiramente à própria linguagem de marcação usada no software MediaWiki, que é um empecilho para uma edição mais estruturada por um novato. Esta questão culmina, por exemplo, na dificuldade para se entender os processos internos de votação, discussão, socialização etc. Se a Wikipédia mensurasse a participação dos editores através de um karma (visualmente, inclusive) mais objetivo, como fazem sites de ediçao colaborativa (Digg), seus processos nternos seriam mais transparentes.

O golaço do portal do Estadão

É impossível deixar de registrar a estreia de Pedro Dória como editor-chefe de conteúdos digitais de O Estado de S.Paulo.

É uma notícia importante: Dória entende tanto de jornalismo quanto compreende e estuda a web. No texto em que anunciou o acerto com o jornal, na semana passada, disse tudo. “Continuo convicto de que a Internet é uma conversa com múltiplas vozes. O objetivo é participar ativamente deste diálogo.”

Com mais jornalistas que defendam essa bandeira em postos estratégicos, certamente as ferramentas on-line serão usadas plenamente pelos jornais, o que infelizmente ainda não acontece.

Muita sorte a ele.

As últimas da mídia na nossa língua

Eu já falei sobre o projeto As Últimas? Não, né. As últimas são praticamente as primeiras. É esse o sentido do termo no jornalismo.

Idealizado pelo combativo Pedro Doria, é um feed de vários assuntos debatidos na blogosfera em português. Inclusive mídia, tema-mãe deste Webmanário.

Mais uma página pra gente monitorar…

O futuro do jornalismo é uma câmara de gás?

Jorge Rocha, que há tempos decretou a morte do jornalismo, reuniu um time de debatedores para discutir texto bastante recente de Pedro Doria _precisamente sobre o futuro da profissão, ou melhor, de seu exercício.

O resultado é um post caudaloso que abrange algumas das principais inquietações de quem faz e estuda o assunto, como novos modelos de negócios, o choque de gestão na administração da empresa jornalística em tempos bicudos e a migração (ainda lenta e não gradual) para a plataforma on-line.

Outra questão sempre presente nos textos de Rocha (“afinal, os jornais vão desaparecer?”, como pergunta o professor Philip Meyer) está lá. E as respostas para ela, claro, bastante diversas.

A verdade é que antes mesmos da crise econômica os jornais já estavam diante do maior desafio de suas histórias. Perdem leitores, perdem anunciantes, perdem receita e, mesmo assim, ainda se mobilizam de forma paquidérmica em meio a tantas novidades _principalmente a urgência do estabelecimento de uma política de colaboração com o leitorado.

Como bem diz a Ana Brambilla, uma das debatedoras do “evento” de Rocha, “Jornalista que não responde a e-mail de seus leitores não está apto a trabalhar com o jornalístico digital. Por quê? Porque a cultura digital tem como traço característico a APROXIMAÇÃO entre seres humanos por suas idéias, interesses, a despeito de localizações geográficas ou diferenças intelectuais, financeiras, religiosas etc.”

Terminamos _sim, além de Brambilla, eu, André de Abreu, Conceição de Oliveira, Pedro Markun e Sérgio Leo participamos do, digamos, post coletivo_ levando uma bronca por não termos oferecido uma resposta à pergunta “então, a partir daqui, para onde é que nós vamos, hein?”

De minha parte, a réplica é a pior possível: “no momento, a lugar nenhum. Estamos absolutamente parados olhando a banda passar”.

A ética e o jornalismo financiado

Mais um texto disseca as experiências de jornalismo financiado nos Estados Unidos, mas não fala nem uma palavra sobre o possível conflito ético dos experimentos.

Digo possível porque a questão surgiu e me pareceu válida. Foi numa conversa com os atuais trainees do jornal Folha de S.Paulo. A simples menção de que havia pessoas pagando por reportagens suscitou um “gente, mas isso não pode, é matéria paga”.

Pois é. David Cohn e Leonard Witt também não pensaram nisso. São deles os dois projetos mais auspiciosos na área, como já contei aqui outro dia.

Apenas para recapitular: Dave comanda o Spot Us, projeto em que cidadãos da região metropolitana de San Francisco sugerem uma pauta e fazem uma vaquinha para pagar um jornalista e um editor/revisor para concretizar a reportagem.

Feita a matéria, Dave ainda batalha a venda dos direitos exclusivos para algum grande veículo. Se não rolar, paciência: o dinheiro do público, ao menos, já bancou os gastos e a remuneração do freelancers contratados.

Witt, criador do jornalismo representativo, pensou diferente: tem um jornalista trabalhando numa pequena comunidade de 17 mil moradores. A idéia é que o profissional funcione como uma espécie de policial do quarteirão, ou seja, conhecido e respeitado pela comunidade, a quem afinal dará voz por meio de reportagens. Também é  remunerado pelos “pauteiros” _os leitores.

Jornalistas receberem dinheiro (ou outro tipo de contribuição) de leitores já é uma realidade nos Estados Unidos, e não apenas por causa dos projetos de Cohn e Witt. É comum autores de blogs, por exemplo, ganharem livros ou mesmo doações em espécie das pessoas que habitualmente acompanham seu trabalho.

Por aqui, o tema ainda é um tabu. Mas há quem, há tempos, recorra ao expediente, como Pedro Doria, dono de um dos melhores e mais acessados blogs do país.

Se as experiências prosperarem nos EUA, vamos ouvir falar muito mais disso nos próximos meses. Oportunidade para discutir se, afinal, o financiamento público ao exercício do jornalismo esbarra em algum preceito ético da profissão.

Não me parece que, no conceito geral, seja o caso.

Projeto em Jornalismo Impresso I – Sétima aula

Na aula desta sexta (3/10), a sétima do curso, discutiremos o poder noticioso da fotografia, sua evolução através do tempo e o choque de credibilidade que enfrenta em tempos de Photoshop.

Além disso, é hora de discutir, ainda que de forma intermediária, a que conclusões estamos chegando sobre o nosso produto, desta vez com base nas idéias apresentadas por vocês no trabalho de conclusão do bimestre.

Deixo aqui alguns textos sobre fotojornalismo que podem ajudar um pouco na reflexão da importância da imagem na construção do discurso jornalístico.

A crise do fotojornalismo, de Pedro Doria, é essencial para entender a encruzilhada do jornalismo fotográfico contemporâneo. Em Análise visual: o uso de fotos na Folha Online, a abordagem é mais prática. A natureza comunicacional da fotografia oferece um viés acadêmico sobre o tema, enquanto O fotojornalismo em Portugal, de Manuel Correia, dá uma perspectiva européia ao assunto.

Os slides desta aula já estão disponiveis on-line.

Recado importante: não nos encontraremos no dia 10/10. A programação normal do curso será retomada em 17/10, a partir das 8h45, com a palestra do fotógrafo Marcelo Min. Ele falará justamente sobre os temas que debateremos agora, com ênfase na autonomia da fotografia enquanto gênero informativo.