Arquivo da tag: online journalism blog

Há vida fora da redação

Eu costumo dizer que se no meu tempo houvesse as armas tecnológicas de hoje, que nos deram uma capacidade de difusão de informação praticamente no mesmo patamar das corporações jornalísticas pré-estabelecidas, jamais teria ido parar numa redação.

Paul Bradshaw cristaliza isso ao sugerir que os novos jornalistas não devem esperar uma oportunidade, mas criar as suas.

Submeter-se a um grupo crítico e de confiança (seus nós numa rede social, por exemplo) colabora bastante com o progresso profissional.

Hoje a imprensa somos nós, qualquer um publica.

Mas somos o que opinamos e divulgamos.

Resumo: o conteúdo ainda é o que vale.

Dentro ou fora do mainstream.

Quando o jornalismo é um jogo

O Online Jounalism Blog traz um post caudaloso sobre uma tendência de convergência que já vínhamos observando desde o ano passado: o uso de games on-line como complemento ao noticiário _o newsgaming.

O texto cita o pesquisador Nick Diakopoulos, da Georgia Tech, para quem os jogos ajudam o usuário a ter uma compreensão mais ampla do significado e das causas de determinados acontecimentos.

É um mercado que, não duvide, crescerá _e muito_ nos próximos meses. Um investimento se as redações on-line quiserem estar sintonizadas com as mudanças impostas pela tecnologia.

O wikijornalismo e a transparência on-line

Jeff Bercovici levanta, no Portfolio.com, um tema bacana e que está relegado ao último plano no Brasil (pouca gente se debruçou sobre ele, essa é a verdade): o wikijornalismo.

Duvido que Bercovici saiba do que se trata, mas seu clamor por maior transparência no jornalismo on-line _especificamente para que sites e portais exibam a seus leitores todo o histórico de uma reportagem publicada na Web, com suas atualizações e correções_ seria resolvido exatamente com isso, um wiki.

Em suma, um texto em código aberto passível de ser atualizado por qualquer um, e cujas alterações ficam registradas usuário após usuário. É o modelo que vemos, por exemplo, na Wikipedia.

Um cara que estudou esse negócio a fundo é o professor inglês Paul Bradshaw, que chegou a imaginar a proposta substituindo, por exemplo, a blogagem. Não prosperou, mas o debate ainda está de pé.

Só um wiki poderia atender a contento à proposta de Bercovici. É como comenta um editor do jornal inglês The Times no texto: “nossas páginas se transformariam numa enorme confusão”. Sem dúvida: imagine palavras riscadas ou parágrafos inteiros com indicações de alterações, títulos duplicados porque foram alterados… enfim: inviável.

Colaboraria com a transparência do jornalismo on-line conhecer que mudanças um texto na Web passou ao longo do dia? Provavelmente. Isso, entretanto, não exclui a necessidade de correções (e ainda são poucos os sites relevantes que possuem uma lista de notícias só para abrigá-las _isso sim é falta de transparência, não?)

Agora, e para não perdermos a discussão de vista, cito o wikijornalismo não como um espaço de convivência pro-am, ou seja, entre jornalistas profissionais e cidadãos.

Não vejo, ao menos no Brasil, maturidade para este modelo no momento. Logo, esse nosso “wiki transparente” seria capenga e teria de ter restrições de acesso. Mas seria uma opção a uma página incompreensível e cheia de rabiscos.

ATUALIZAÇÃO: Protegido pelo muro do conteúdo pago, o texto de Jeff Bercovici pode ser acessado via máquinas de busca.

Os blogs e o jornalismo investigativo

De forma geral, blog e jornalismo são coisas que não têm muito a ver. Muita gente confunde as coisas e acha que, pelo simples fato de estar “blogando”, faz, automaticamente, jornalismo.

Nosso amigo Paul Bradshaw fala sobre isso no capítulo de um livro sobre jornalismo investigativo a ser lançado em breve.

Eu mesmo já tinha manifestado minha contrariedade com a banalização da palavra blog e o desvirtuamento de suas características. A tribuna para a expressão do brilhante pensamento vivo, como escolhem alguns, está muito distante do diálogo com o público, da coleção de coisas legais e da solidariedade com a blogosfera, por onde enveredaram outros _estes sim, fazendo blogs jornalísticos.

Foi em 1999 que o surgimento de plataformas como o Blogger ajudaram as pessoas a superar a ignorância em HTML e se aventurar na publicação on-line. Desde então não houve, no Brasil, uma iniciativa convicente de jornalismo investigativo _se bem que o maior exemplo norte-americano, a denúncia de que o presidente Bill Clinton tinha tido um affair com uma estagiária da Casa Branca, foi obtida porque o blogueiro era dono de uma loja de conveniência numa rede de TV e ouviu o papo dos repórteres.

Se você conhecer bons exemplos de blogs jornalísticos no Brasil, me conte. Vamos voltar ao tema em breve.