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A pior censura de todas: a nossa

Apresentado pela revista Veja como modelo a ser seguido em reportagem que mencionava o termo “narcotráfico” uma única vez, e “liberdade de expressão”, nenhuma, o México já tem pelo menos uma triste mazela reproduzida aqui – a autocensura jornalística.

O assassinato de dois jornalistas que cobriam as ações de um grupo de extermínio em Ipatinga (MG) obrigou jornais da região a deixar a pauta de lado – exatamente como acontece no México com quem ousa reportar as atividades do tráfico de drogas.

O país da América do Norte, ressalte-se, é o mais perigoso para o desempenho de funções ligadas ao jornalismo, segundo o Comitê de Proteção aos Jornalistas. De 1992 para cá, foram 28 mortes.

Pouco adianta, no meu entender, o registro de marcas econômicas de alguma expressão, como realçou Veja, se não existe liberdade de expressão, caso do México.

Temos, todos, muito a aprender.

O jornalismo chapa-branca na tomada do Alemão

Eu estou simplesmente impressionado com a cobertura, notadamente das Organizações Globo, Record e revista Veja, da ação policial que culminou com a ocupação do Complexo do Alemão, até então símbolo do narcotráfico e da ausência do Estado no Rio de Janeiro.

A Globo tem um motivo particular para tornar dela o discurso oficial e transformar os agentes que participaram da operação em heróis: foi no Alemão que um de seus profissionais, o jornalista Tim Lopes, acabou sequestrado, torturado e assassinado em 2002 quando produzia uma reportagem sobre a exploração sexual, por traficantes, de meninas do morro.

Mais de um apresentador do canal se disse “pessoalmente satisfeito” com a tomada do Alemão, citando diretamente Tim.

É, evidente, um motivo menor diante do alcance (e do simbolismo) da ação coordenada da polícia e das Forças Armadas.

Ainda assim, e mesmo com um lado “bom” tão evidente, ainda acho que jornalista não deve torcer.

Essa atitude, aliás, explica porque hoje vemos tanta gente a favor de que a polícia simplesmente chegue atirando e matando pessoas.