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A guerra aos adblockers

A Folha de S.Paulo acaba de anunciar que impedirá o acesso a seu site para usuários que utilizem adblockers, ou seja, os bloqueadores de anúncios que inclusive são ofertados em versão padrão por alguns brownsers.

A medida já vinha sido discutida no âmbito da ANJ (Associação Nacional dos Jornais) e parte da conclusão lógica que, ao não ser exibida, a publicidade não poderá ser cobrada do anunciante.

Quase simultaneamente a Forbes americana divulgou um estudo que estima em US$ 12 bilhões as perdas dos veículos com essa funcionalidade até 2020.

Aqui cabem duas observações: a primeira, mais preocupante, é o fato de a publicidade ainda jogar esse papel tão determinante na sobrevivência de quem vende jornalismo e tem tanta dificuldade em se reinventar e criar novas receitas.

A segunda: o passo é natural e está longe de ser uma medida desesperada. É apenas mais um dos milhares de furos na tubulação em que o conserto, entretanto, é sempre incerto. É óbvio que é possível burlar esse tipo de iniciativa – e os usuários da rede provaram ano após ano que criar embaraços não é suficiente.

Notícias como música

Outro dia meu amigo Rafael Sbarai perguntava se o jornalismo precisava de um iTunes, dando como exemplo a holandesa Blendle, que oferece reportagens “em separado”.

A ideia está saindo das pequenas fronteiras da Holanda e já deve chegar à França.

Que micropagamentos são uma das saídas para a comercialização de conteúdo, não resta dúvida. Mas não esqueçamos que, diferentemente de música, informação é perecível e consumida uma única vez – jamais em looping, como uma boa playlist pela qual vale a pena pagar.

É o cão correndo atrás do rabo, de novo.

 

Seria o fim da modinha do paywall?

San Francisco Chronicle e Dallas Morning News vão remover seus paywalls – no caso do primeiro, erguido há menos de quatro meses. Estaria acabando a modinha da cobrança por conteúdo generalista na internet?

Talvez não, pondera Paul Gillin. O fracasso dessas experiências revelaria, no mínimo, que o modelo de paywall não serve para todos os veículos.

Nunca é demais lembrar que a prática é uma simplificação da monetização por conteúdo premium, quando uma pequena parcela da audiência é convidada a pagar por conteúdos eseciais. No paywall, todo mundo é solicitado a meter a mão no bolso, o que pode não se revelar uma boa estratégia.

Bezos e o impresso

Ontem me perguntaram o que Jeff Bezos quer com o Washington Post, pelo qual pagou US$ 250 milhões.

‘Filantropia’ é a hipótese mais divertida que eu, amante do noticiário em papel, li por aí. Há opiniões mais auspiciosas.

Quando o cara que mudou o comércio mundial se interessa por um produto em papel com a marca e a credibilidade do Post conseguimos entender um pouco a extensão da relevância que a ‘velha mídia’, ainda que combalida, construiu décadas a fio e a duras penas ainda detém.

Não é só pelos US$ 250 milhões.

As lições de quem faz diferente

A InsideClimate News, um pequeno negócio jornalístico, está fazendo o serviço direitinho. Não por acaso ganhou um Pulitzer.

E está no ramo como uma empresa sem fins lucrativos – portanto fora do pacote estatal de subsídios, por um lado, mas habilitado a receber doações de seu próprio público, por outro.

Temos muito a aprender com empreendimentos que fazem as coisas diferente. A propósito, a reportagem ganhadora do prêmio nacional do Pulitzer está à venda no formato e-single.

Venda direta ao leitor

Escrever de graça numa grande publicação em troca de “visibilidade”. Essa é a polêmica da vez nos tempos do avanço tecnológico.

Nem precisa dizer que, sob qualquer ponto de vista, trata-se de um absurdo.

Por que, então, não considerar alternativas como vender sua própria matéria diretamente ao público, no formato e-book, por preços módicos?

Modelo de negócios é o novo ‘furo’ do jornalismo

Criador do Storify, Burt Herman viu de perto a desidratação da mídia (trabalhou durante anos para a agência de notícias AP).

Agora, ele é uma espécie de oásis para quem tem o jornalismo no sangue – e pretende fazer alguma coisa inovadora na profissão.

O essencial, ele diz, é ter um modelo de negócios claro na mente. O mundo mudou: não adianta mais achar que apenas produzir bom conteúdo será suficiente para ser reconhecido e aclamado.

O furo, agora, é saber como fazer seu negócio prosperar.

O segredo do sucesso da Bloomberg

Criado pelo atual prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, em 1982, a rede de televisão anônima focada em economia (e com aqueles indicadores loucos poluindo a tela) hoje produz cerca de 5 mil matérias por dia em 146 redações distribuídas por 72 países. O canal atinge 310 milhões de pessoas globalmente.

O jornal pós-noticioso

Alguém viu o novo Diário de S.Paulo?

O conceito vendido, o pós-noticioso, é difícil de entender.

Vendo a primeira capa (acima), nota-se claramente a decisão de abandonar o aconteceu ontem e investir em histórias próprias, ainda que lúdicas (para ser benevolente).

É uma tentativa que merece atenção.

Falamos mais no decorrer do período.