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Prefeitura de SP diz que cidade é mal-humorada e que Curitiba faz ‘perfumaria virtual’ no Facebook

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ATUALIZAÇÃO: Num longo texto publicado nesta quinta (o ‘textão’, em internetês), Curitiba aborda o assunto com a leveza que lhe é peculiar

Interessante: provocada por um internauta, a Prefeitura de São Paulo expôs pela primeira vez o seu planejamento editorial para a presença da administração no Facebook.

À estudante Natália Horta, que perguntou publicamente na página se São Paulo não entraria na onda da “realidade despojada das redes sociais”, os social medias do prefeito Fernando Haddad foram nus e crus.

“A gente acredita que administração pública não é entretenimento (…), e colocar capivaras voando não ajuda a pessoas a ser mais cidadã ou participativa”, afirma a resposta, citando diretamente aquele que é um case de sucesso nas redes, a Prefeitura de Curitiba.

Tem mais: “A gente tem certeza que grande parte das pessoas que curtem a página de Curitiba não moram lá, portanto não se interessam se aqueles memes representam alguma mudança real no dia a dia delas ou se são apenas perfumaria virtual”.

E mais: “São Paulo é uma cidade um tanto mal-humorada e tem uma imprensa que não curte nada dessa gestão, portanto qualquer piada poderia virar uma polêmica gigantesca”.

Faz bastante sentido, especialmente a parte que toca sobre Curitiba (efetivamente a linguagem nerd utilizada não fala com o todo da população, nem mesmo com o todo que está na internet). Quanto à questão do entretenimento…

Ora, a internet tem uma linguagem específica e o controle é do público. Se o pressuposto é “essa linguagem da internet me dá nojinho”, o melhor a fazer seria retirar o time de campo e nem sequer ter ingressado na brincadeira. Ninguém é obrigado a ter perfis em redes sociais, muito menos marcas. As feridas podem ser sempre maiores se não há disposição ao diálogo – e isso a Prefeitura de São Paulo já havia demonstrado, no mesmo Facebook, ao promover interações agressivas, algumas até parentes do entretenimento (citando Madonna, por exemplo).

Vivendo e aprendendo, não é mesmo?

Vada a bordo, cazzo

Meios on-line não podem ignorar o que se passa na internet e afins (leia-se aplicativos móveis). É seu habitat.

Por mais que eu ache que estamos cedendo fácil demais à webceleb da vez, é uma obrigação de quem cobre o mundo pendurado num aplicativo ou na rede explicar aos frequentadores de seus ambientes o que se passa ao redor.

O episódio Luíza dá outro indício de que inevitavelmente nos colocamos em nossa nova (ainda?) posição: somos reféns de quem, por séculos, foi escravizado por nós.

O controle não é da mídia, é do consumidor.

A ponto de mestre Carlos Nascimento, que entende do riscado, esbravejar.

Não definimos mais o que nosso público acha relevante. Ao contrário, temos de nos dobrar às irrelevâncias (em nossa visão) que o público nos força a discorrer.

Vada a bordo, cazzo.

Steve Jobs e nossa ingenuidade biográfica

Material bem consistente publica a Lumina, revista semestral do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Destaco Mozahir Salomão Bruck e “O jornalista e a ingenuidade biográfica”, um tema ainda debatido de forma lateral (mas que a morte de Steve Jobs e a ausência crítica que forrou a reconstituição da vida do personagem mostrou o quanto é importante), além de Eduardo Granja Coutinho com “Cala a boca, Galvão! hegemonia, linguagem e filosofia espontânea das massas”.

Boa leitura.