Interpretações equivocadas de dados de pesquisas pululam diariamente na imprensa mundial. Quase nunca, eu diria, se trata de manipulação. É ejaculação precoce mesmo. E é bacana quando não é um jornalista, mas um consumidor de notícias, quem pega a gente no pulo.
Acompanhe como Luiz Yassuda relata, no Brainstorm 9, seu périplo em busca da correção de um post do blog do Portal Exame, que se ancorou num levantamento da E-Life para afirmar que o Orkut não é mais a mídia social mais acessada no Brasil (!).
Além de ter detectado um empate técnico entre a rede social e o Twitter, Yassuda cruzou dados de outras pesquisas e descobriu que a amostra do trabalho da E-Life privilegia eloquentemente as classes A e B.
Diz ele: “Ninguém perguntou ao pessoal da classe C (sendo que 46% deles acessam diariamente a internet e, segundo dados da Telefônica, já formam mais de 30% da base de Speedy e 80% das vendas atuais do serviço de banda larga) qual é o serviço que eles usam mais”.
E, claro, basta dar uma volta por algumas lan houses de bairros periféricos para detectar que a esmagadora maioria está, claro, navegando pelo Orkut _eu me pergunto até quantos deles conhecem, ainda que apenas de nome, o microblog.
Yassuda conclui dizendo que há uma tentativa da imprensa se transformar o Twitter no serviço mais popular do país. Não creio. Acho que o microblog ainda provoca buzz. E que é mais fácil vender uma matéria em cima dele.
Desde que esteja correta, claro. Muitas vezes, nossa própria percepção no dia a dia é a melhor arma contra esse tipo de coisa.