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Contando histórias com dados, um artigo

A superprofessora de jornalismo on-line Mindy McAdams indica o artigo Narrative Visualization: Telling Stories with Data, de dois estudantes de Harvard.

Vocês bem sabem que adoro a prática, mas a reflexão acadêmica sobre nosso trabalho é sempre útil. Mestre Leopoldo Godoy, editor do G1, não tem muita paciência com a academia não, mas o azar é dela.

O meio on-line impõe sérias amarras à reflexão _quem trabalha em tempo real regula do banheiro ao cigarro. Difícil, pra quem toca o dia a dia de um site noticioso, refletir sobre o próprio trabalho.

O pensar “de fora” pode detectar tendências que a gente não vê quando faz linguiça.

O artigo usa bons exemplos e expõe de maneira bacana estudos de casos de infografias que podem ensinar a gente a fazer melhor.

Todo mundo produz conteúdo, uma crítica ácida

By André Dahmer, criador do Malvados, repassada por Leopoldo Godoy, que sempre colabora com o Webmanario.

Busca em tempo real dá musculatura à suíte

O parceiro Leonardo Fontes deu sequência ao bom papo que tocamos por aqui ao discorrer sobre a chegada do tempo real às buscas do Google, por nós lida como a fragilização do furo _motivo: quem publica depois, aparece primeiro.

Daí Leopoldo Godoy, outro companheiro velho de guerra, mudou o rumo da discussão ao levantar que a grande sacada da busca em tempo real do Google é a utilização do mesmo algoritmo que norteia a versão standard da marca, ou seja, que a classificação deverá ser feita em ordem cronológica reversa sim, mas respeitando-se a autoridade dos links, ou seja, suas citações na web e, consequentemente, sua relevância.

Pois revisitando o conceito, Leonardo Fontes encontra um patamar mais adequado para se discorrer sobre o tema. Juntando quem deu por último com quem deu com mais propriedade, chegamos à verdadeira beneficiada pela busca em tempo real: a suíte.

Sim, atualizar o quanto possível o material noticioso, com notas frescas e contextualizadas. Quem publicar material mais atualizado por último é quem sairá ganhando. Quem atualizar com frequência suas matérias, mudando a embocadura com o passar das horas, deve figurar no topo das buscas.

Portanto, está preservado o principal objetivo do jornalismo profissional: dar antes, e melhor (com o meio on-line, esse “melhor” é uma eterna página em branco em busca de novas informações).

Dar por último e abandonar o assunto

Caso Paula: enxurrada de correções à vista

A incrível história da brasileira Paula Oliveira, que disse ter sido agredida por skinheads numa estação de metrô de Zurique, só não é mais incrível do que a sucessão de correções que os jornais brasileiros (seja em papel ou on-line) serão obrigados a fazer caso se confirme a inacreditável hipótese de autoflagelo levantada pela polícia suíça.

Não é preciso ir longe para observar que a imprensa brasileira assumiu como se fossem dela as informações de Paula. Foi ela quem disse estar grávida de gêmeos e ter perdido os bebês no ataque (isso, segundo as autoridades suíça, já é fato: ela não estava grávida). Apenas isso, a falsa gravidez, já poderia ser objeto de correção. Agora, e se nem mesmo o ataque for real?

Como seria o título “Brasileira grávida de gêmeos é agredida na Suíça e perde bebês” sem assumir as informações dadas pela personagem da notícia? “Brasileira acusa skinheads de agressão na Suíça”. Claro, tirar a gravidez, este componente emocional, do título seria um erro. Afinal, ela sabia o que estava dizendo, não? Eu, fechando as matérias desse caso, teria ido pelo mesmo caminho. No calor dos acontecimentos, faria tudo igual

Mas aqui sou engenheiro de obra pronta: o importante do caso é a reflexão que ele sugere. Como bem lembrou Leopoldo Godoy, “as pessoas mentem”.

Como saber isso?

Ainda que no caso de Paula não fique comprovado que de fato aconteceu (apesar da informação sobre a falsa gravidez), fica a lembrança de atribuir, sempre, a informação. Aliás, o jornalismo na Internet faz muito isso _e é bastante criticado, diga-se de passagem.

Sim, a atribuição tem a desagradável função de lembrar ao leitor que não somos nós, os jornalistas, que asseguramos a veracidade da informação. É chato, por que de certa forma revela ausência de fontes e incapacidade para se confirmar um fato.

Mas, como mostram algumas situações, indispensável para escapar de uma grande patinada.

Leia notícias atualizadas sobre o caso

O jornalismo e a apuração no Google

Foi Leopoldo Godoy, editor de Tecnologia do G1, quem me contou hoje (sim, nada como uma reunião na escola do filho seguida de uma festa infantil para que a vida off-line te lembre que ela existe): sábado deu um pau federal no Google.

A empresa admitiu que seu site de buscas ficou inacessível por 40 minutos _mas há relatos de que demorou horas.

Daí o Godoy disse algo do gênero: “o jornalismo acabou por x espaço de tempo”. Uma brincadeira, mas com um fundo preocupante de verdade.

Pior que escorar sua apuração no Google é o atual jornalismo brasileiro, por uma indecifrável questão de monocultura, desconhecer as outras máquinas de busca que estão na rede.

Sim: deu pau no Google, acabou. Não se checa mais nada? Exagero, mas quase.

Ele é bem melhor? É. Mas sempre tem pra onde correr.

Ah, as automações…

É bom saber que, enquanto estou aqui na minha Pequim particular (cercado de usuários de crack, mendigos, travestis e michês), meus amigos me ajudam.

Olhem o exemplo de automação desastrosa que o Leopoldo Godoy (licenciado do bravo Oitobitsemeio) me mandou. O Neatorama entregou o Google News, que, em todas as notícias, incluiu mapas da região de onde se está falando.

Como já mostramos no desagrádavel caso do atleta Tyson “Homossexual”, as automações ajudam, mas também atrapalham. E eis que a notícia sobre a tensão com direito a bombardeios na Ossétia do Sul é ilustrada com uma mapa do Estado norte-americano da Geórgia…

Abstinência

É inegável que a busca pela palavra “sexo” turbina a audiência de qualquer um que se exiba na Internet.

Leopoldo Godoy, o dono do 8bitsemeio, admitiu outro dia que uma boa parcela dos visitantes de sua bitácora desembarca via seus raros textos sobre o tema.

Daí eu pensei: uma busca da palavra ‘sexo’ daria em que no Webmanário?

Eu já desconfiava.