A era do aluno-cliente, que sempre tem razão, tem me afastado gradativamente da universidade.
Despreparados acadêmica e profissionalmente, os expoentes dessa geração não buscam crescimento intelectual, apenas insumos para responder ao chefe da vez e aparentar diligência.
Tolos: esse tipo de conhecimento raso está disponível em um dos trilhões de tutoriais do YouTube – e praticamente de graça.
O problema é que no YouTube não é possível lavar diplomas e deletar a vida escolar pregressa.
O objetivo parece sempre ser baixar a altura do sarrafo. O aluno-cliente nunca é original…
A era do aluno-cliente, que sempre tem razão, tem me afastado gradativamente da universidade.
Há alguns problemas com relação ao Instant Articles, programa pelo qual o Facebook colocou pra dentro da plataforma nove importantes players produtores de conteúdo jornalístico, dando sequência ao seu malévolo plano de se transformar no único site que os usuários da rede deverão acessar – hoje, mais de 90% das pessoas que têm acesso à internet já passam por ali diariamente.
O conflito mais grave é ético: sendo o Facebook um ambiente que censura conteúdo, como produtos jornalísticos podem considerar fazer acordo com Zuckerberg – a troco de 30% de tudo o que for vendido em publicidade em cada artigo?
A questão de fundo, e a que considero mais importante, é filosófica: precisamos mesmo estar dentro do Facebook, sob seu controle?
Polêmica à vista: o crítico de mídia Jack Shafer afirmou, numa entrevista recente, que o jornalismo nunca foi tão acurado. Seu ponto: nunca foi tão fácil checar uma informação em tempos de bancos de dados fartos e acessíveis a um clique.
A sensação, porém, é que há mais erros. Mas isso, convenhamos, acontece porque confirmar as notícias também se tornou uma tarefa quase universal.
Previsões para 2015 colocam a publicidade em dispositivos móveis na crista da onda, com um crescimento de até 65% – ok, a base é menor, então o incremento via de regra é espantoso mesmo.
“O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, instruiu os seguranças do ministério a não permitir que repórteres, fotógrafos e cinegrafistas fiquem na portaria do prédio durante a sua chegada.”
Notícia?
Por que diabos isso deve ser comunicado ao público? Talvez para que ele saiba as condições precárias em que a notícia muitas vezes é obtida?
Entendo ainda que a determinação do ministro possa ser vista como um cerceamento ao exercício da profissão. Mas não é o caso, obviamente.
As relações entre fonte e jornalista precisam de algumas mínimas regulamentações de convivência. É salutar.
Os criminosos que perpetraram a chacina do semanário francês Charlie Hebdo, que inspirou gerações de jornalistas-cartunistas pelo mundo (como a nossa turma de O Pasquim), não sabem o que fizeram.
Na tentativa de calar, notabilizaram e globalizaram uma mensagem que tem o desprendimento, muito antes da liberdade, como o maior trunfo.
Mais Charlies Hebdos virão. E o original ingressou numa santificada galeria. Certamente não era isso que queriam os matadores.
ATUALIZAÇÃO: Para ilustrar o que escrevi acima, o advogado do Charlie Hebdo informou nesta quinta que a próxima edição da publicação (moribunda como vários outros impressos e estagnada em 60 mil exemplares) terá 1 milhão de cópias.
Não é só a Petrobras: o jornal japonês Asahi Shimbum, um dos maiores do mundo (põe todos os dias nas ruas cerca de 10 milhões de exemplares), criou o
“The Committee for Restoration of Trust and Resuscitation.”
Nem é preciso dizer que presidente e diretoria caíram depois que veio a público que o ombudsman do jornal havia sido censurado justamente por criticar seus acidentes de trabalho.
Tenho uma relação muito especial com Cuba – é um dos lugares onde mais aprendi com as pessoas. A notícia de que o isolamento imposto pelos EUA pode estar chegando perto do fim me traz de novo a sensação que tive desde a primeira vez que coloquei meus pés na ilha. Ela irá precisar de tudo durante e após a transição, inclusive de comunicação e jornalismo.
Minha amiga Flavia Marreiro, a brasileira que melhor conhece Cuba, escreveu um artigo bastante interessante sobre o assunto. Enquanto no mundo todo o modelo de jornalismo sustentado pela publicidade está em xeque, ele jogará um papel crucial na redemocratização cubana – onde a publicidade privada é proibida.
Vale ler e entender outros desafios que o país têm daqui por diante.
Num ano em que o holofote sobre a corrupção está mais aceso do que nunca, impossível não lembrar a tragédia protagonizada por Budd Dwyer – secretário do Tesouro do estado da Pensilvânia que, diante das câmeras, se matou após condenado por supostamente receber propina de US$ 300 mil para autorizar a contratação de um serviço público.
Dwyer foi deputado e senador, mas se notabilizou na vida pública como o implacável chefe do tesouro estadual que descobriu – e conseguiu que fossem devolvidos aos cofres estaduais – uma farra de gastos pessoais do governador Dick Thornburgh, no começo dos anos 80. A festa incluía servidores fazendo supermercado e conduzindo os filhos do mandatário, entre outras coisas.
Partiu de Thornburgh, já sem mandato, o início das investigações contra Dwyer, a partir de uma denúncia anônima. Jamais se comprovou que o tesoureiro recebeu o dinheiro, mas o simples fato de ter admitido a possibilidade de suborno (o que aparecia na versão de uma testemunha que, anos depois, disse ter mentido) foi suficiente para sua condenação.
Em 22 de janeiro de 1987, Dwyer reuniu a imprensa, leu uma nota oficial, entregou envelopes com mensagens para familiares a seus auxiliares e sacou, para espanto geral, uma arma que colocou na boca e disparou. Tudo ao vivo, sem cortes, nas cinco maiores emissoras de TV dos EUA.
O caso até hoje é usado como exemplo da falta de escrúpulo da mídia – não pela transmissão ao vivo, mas pela exploração das imagens nos dias seguintes em jornais e telejornais e também pelo fato de cinegrafistas e fotógrafos continuarem a trabalhar mesmo diante do cadáver de Dwyer.
O filme “Honest Man” revê essa trajetória e afirma, com relatos atuais, que Dwyer era inocente e foi perseguido pelo governador que fiscalizou. O suicídio estaria relacionado à ruína das finanças da família, dizimadas no custoso processo judicial. Uma história e tanto.
Na era da convergência dos campos da comunicação, estudo do Instituto Reuters joga alguma luz na relação entre jornalismo e RP – concluindo que o jornalismo depende cada vez mais do trabalho de RP, que depende (por causa dos novos canais oferecidos pela tecnologia) cada vez menos do jornalismo.
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