Mas é necessário discorrer, pelo menos em algumas linhas, sobre coisas que vi em Frost/Nixon e que me deixaram com a certeza de que o filme é o melhor sobre jornalismo que já assisti.
A história do encontro do apresentador de tv britânico David Frost com o ex-presidente norte-americano Richard Nixon, apenas quatro anos após sua renúncia, tem inúmeras referências bastante úteis sobre e para a profissão.
A mais importante delas é exibir a arte da reportagem entrevista.
É assim: fútil e despreparado, Frost passa três dos quatro dias que teria com Nixon ouvindo lorotas e causos do presidente. Sem interromper. Chega a ser desesperador.
Quando percebe que tem sua última chance, ele (ajudado pelo diligente produtor que o acompanhou na empreitada e tinha bem mais tutano do que ele), se debruça sobre documentos e, por dentro do assunto, consegue provocar a fúria de Nixon.
Consequentemente, obtém ótimas declarações que colocariam a entrevista, no final das contas, entre as mais importantes da história.
Este vídeo mostra um trecho da entrevista original, não do filme, e tem um pouco disso tudo (das divagações, do entrevistado que não interrompe e, finalmente, de um homem acossado que explode ao ser acuado com perguntas desconfortáveis).
É inspirador. E uma lição de alguns meandros da profissão que muitas vezes passam despercebidos _como a importância do trabalho em equipe e a pré-produção, esta a melhor amiga de qualquer atividade jornalística.