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Rede de espionagem

A espionagem global trará danos à indústria da internet. A opinião é de Jimmy Wales, criador da Wikipedia.

Após quase três anos, enciclopédia colaborativa chega à metade do trabalho

Em março de 2008 falei sobre o lançamento da Encyclopedia of Life, que tinha como objetivo inventariar as 1,8 milhão de espécies conhecidas no planeta num trabalho baseado em colaboração – a inteligência coletiva de verdade.

Pois bem, dois anos e meio depois, já são 752.996 seres descritos no site graças à cooperação de 52.825 pessoas que se associaram sem fins lucrativos ao projeto.

Ainda há muito a fazer, mas histórias como as da enciclopédia da vida mostram que estamos no caminho certo ao sugerir o engajamento para o bem comum.

Um dado mínimo para ilustrar isso é a própria Wikipedia: se passamos 10% de nossas vidas vendo TV, com apenas 1% deste tempo foi possível construir o inacreditável sonho de Jimmy Wales.

Contra crise, Wikipedia se mexe

É possível ter um visual ainda mais leve do que o da Wikipedia, o maior projeto colaborativo da história da internet?

Sim, e quem tenta isso é a própria Wikipedia.

Está em curso um referendo para que usuários mais ativos do site opinem sobre a conveniência de se criar um “filtro de imagem pessoal opcional” que permitirá ao usuário acessar as páginas sem necessariamente visualizar nada além do texto.

“O recurso se destina a beneficiar os leitores e será feito do modo mais amigável e simples possível”, informa a fundação que administra a enciclopédia participativa.

Se há alguma crise na Wikipedia, ela não é de audiência (é o sétimo endereço mais acessado do planeta, segundo o ranking da Alexa).

O projeto de Jimmy Wales está desidratando na ponta mais importante, os colaboradores, que têm diminuído de forma consistente.

Um dos motivos, segundo seu criador , é bacana: “a verdade é que há cada vez menos verbetes para incluir no site”.

O outro, mais sério (e que considero a pista certa): o excesso de regras e formalismos afasta usuários menos experientes.

Ainda vamos ouvir falar muito da Wikipedia.

Wikipedia protege jornalista

O jornalista norte-americano David Rohde, repórter do New York Times, contou com uma autêntica força-tarefa capitaneada por seu jornal para evitar que notícias sobre seu sequestro pela milícia Talebã chegassem à internet (o jornal português Público explica a lógica por trás disso).

Nos jornais, já é quase uma praxe: há um espírito de corpo que evita, nesses casos, noticiar sequestros de jornalistas _o mesmo cuidado, como já se cansou de ver (embora tenha sido ampliado drasticamente nos últimos anos), não vale quando se trata de um cidadão “comum”, digamos.

Mas hoje não existe apenas a imprensa formal. Mais, a informal tem mais força e penetração. Daí o NYT precisou falar com Jimmy Wales (o criador da Wikipedia) em pessoa para censurar e bloquear o verbete de Rohde na enciclopédia colaborativa on-line.

Deu certo: reverteram várias vezes menções sobre o sequestro até que Rohde fugiu do cativeiro _e agora pode contar sua própria história.

Para benefício também da Wikipedia, que liberou a adição de trechos sobre o assunto.

Wales convence o mundo a bancar a Wikipedia

Após um apelo emocionado em prol do “conhecimento ao alcance de todos”, Jimmy Wales, o fundador da Wikipedia, conseguiu reunir, em apenas uma semana, os US$ 6 milhões necessários para o prosseguimento do projeto que, hoje, tem por trás 150 mil voluntários (os cães de guarda que tanto nos irritam com suas idiossincrasias).

No total, o envio voluntário de dinheiro para a Fundação Wikimedia _que tem apenas 23 funcionários pagos_ atingiu US$ 6.174.622. Em oito anos, o site acumula 11 milhões de artigos em 265 idiomas ou dialetos.

Pelo jeito, o discurso de Wales (messiânico e com tonalidade política) funcionou. “Nós compartilhamos uma causa: imagine um mundo onde qualquer pessoa tem livre acesso à soma de todo o conhecimento humano. Este é o nosso compromisso.”

Então tá.

Jimmy Wales está entre nós

Amado ou odiado, um dos criadores da Wikipedia dá o ar da graça por aqui. Nesta quarta, será sabatinado pela Folha de S.Paulo.

Jimmy Wales é uma das grandes figuras da Web. Ele sim teve um sonho _uma enciclopédia colaborativa que gerou vários filhotes com a mesma vocação_ e levou a coisa adiante. Ruim, ingovernável, politizada… enfim, a Wikipedia tem toneladas de aspectos negativos. Mas é, hoje, uma realidade.

Sempre antenada, a Cristina de Luca foi à gravação do Roda Viva com o norte-americano (ainda sem data para ir ao ar). Foi nesta segunda, no Centro Cultural São Paulo.

Segundo ela, o cara foi pouco acionado, o debate girou em torno dos “pensadores” de sempre. O twiteiro Fugita faz as mesmas observações: muita gente falando, menos Jimmy. Do que ele falou, sobre o poder do celular como produtor/difusor de notícia, pouco a se destacar.

Depois, Jimmy foi a um bar na Vergueiro. Mas quem o acompanhou na cerveja preferiu apenas destacar esse aspecto (“tomei umas com Jimmy Wales”).

É a tal da colaboração.

A Wikipedia, quem diria, será impressa

Repito: a Wikipedia, quem diria, será impressa.

O projeto que popularizou a plataforma wiki ganhará, na Alemanha, uma versão em papel. Quem está por trás disso é a gigante Bertelsmann (dona, por exemplo, da gravadora Sony BMG).

Problema número um: os 740 mil artigos que hoje a Wikipedia alemã abriga caberiam não em uma, mas em centenas de versões em papel. “Não seria um projeto adequado levando-se em conta o mercado do livro na Alemanha”, reconheceu Beate Varnhorn, editora-chefe da Bertelsmann.

A opção foi por uma espécie de “livro do ano” com os 50 mil verbetes mais acessados on-line _mesmo assim, consumiu 992 páginas.

Problema número dois: isso significou a inclusão de termos como “Carla Bruni” e “Nintendo Wii“, entre outras irrelevâncias (por sorte, num limite de 10 linhas).

Todo mundo sabe que Jimmy Wales toca sua Wikipedia com base em crowdsourcing e doações, muito mais o primeiro. O acordo com a editora alemã lhe renderá US$ 1,59 por cópia vendida (a US$ 31,80 cada).

Problemas número três, quatro, cinco, seis…: ao ser congelada numa edição em papel, a Wikipedia deixa de ser wiki. Wiki é mais do que o produto de Wales, é um conceito de colaboração cuja plataforma permite a edição constante de textos, e por várias pessoas, e por todo o sempre.

Sim, existem termos congelados já na web, mas são casos específicos como os de George W. Bush (note o cadeado no canto superior direito), vítima preferencial de ativistas, vândalos ou desocupados _já incluíram em seu verbete na enciclopédia on-line até uma foto do Cramulhão.

Andrew Keen, o defensor-mor das grandes corporações (“da excelência das grandes corporações”, certamente me corrigiria ele), viu vantagens no acordo: entregaram um produto amador _em breve falarei sobre episódios de analfabetismo, censura e privilégios perpetrados pelos voluntários que administram as Wikipedia pelo mundo_ nas mãos de profissionais.

Sim, os verbetes escritos pela “ex-audiência“, por mais desimportantes que sejam, passarão pelo crivo de editores da Bertelsmann (vernáculo e veracidade das informações são checados e corrigidos).

Daí que a participação da “ex-audiência” será lembrada apenas como responsável por ter colocado Carla Bruni numa enciclopédia em papel.