Simplesmente saborosa a descoberta do repórter Jailton de Carvalho, de O Globo, que revelou em sua edição de ontem o patético relatório produzido em 1972 por arapongas da Aeronáutica intitulado “Elementos suspeitos no O Globo”.
Nele, agentes infiltrados no jornal relatam que “elementos agitadores e subversivos” vinham tomando conta de postos-chave na redação do periódico carioca.
Gente esquisita como um “comunista que tem a seu cargo ler todas as matérias e, se achar que não estão boas, manda o repórter reescrever, modificando-a a seu gosto”. Prazer, araponga, esse aí é um editor.
Em outro trecho de antologia, o serviço secreto estranha que houvesse “notícias divergentes” entre uma edição e outra do jornal. Meus caros espiões, sejam bem-vindos ao segundo clichê.
Óbvio que o relatório carrega a paranoia típica dos anos de chumbo, mas revela também que o jornalismo é mesmo quase impenetrável para os leigos.