Texto meu publicado ontem na Folha de S.Paulo sobre a participação do público, via internet, no primeiro debate exclusivamente on-line entre candidatos à Presidência, organizado pelo jornal e pelo UOL.
“As perguntas enviadas pelo público via webcam acrescentaram um ingrediente inesperado ao histórico debate entre os presidenciáveis, o primeiro na internet.
Inesperado, registre-se, para os próprios candidatos, várias vezes obrigados pelos internautas a deixar suas zonas de conforto para responder a assuntos espinhosos.
Num debate, temas como aborto, herança da estabilidade, pedágios e aliados inconvenientes recebem outro tratamento quando a pergunta vem de um cidadão, não de um rival ou jornalista.
Aqui, a internet também joga um papel fundamental: no conforto do sofá de casa, e protegidos por uma tela de computador, somos mais destemidos e espontâneos.
Não foi assim em experiências anteriores já testadas na TV, quando eleitores são confrontados com os candidatos ao vivo e cara a cara -ou dependem de um intermediário (no caso, um repórter) para serem ouvidos.
O banho de realidade da importância da abertura de canais de diálogo com o público vira ducha de água fria quando a rede é tratada pelos candidatos como mera ferramenta educacional ou instrumento de promessa de inclusão.
Se o futuro presidente da República ainda não entendeu o que é a internet, seus eleitores deram uma demonstração de que sabem perfeitamente para que ela serve primordialmente.”