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Os riscos de ações de engajamento em mídia social

É sempre assim: quando você vai às redes sociais tentar engajar as pessoas, sua vida passa a ser controlada por elas.

É sobre isso (e a campanha #WeBackEd, de apoio ao líder do Partido Trabalhista britânico) que fala o vídeo da BBC. Imperdível.

A hashtagzação de tudo

Há algumas semanas comentei sobre os riscos de uma campanha tentar impor, ainda mais num negócio tão nebuloso e inoperante como a telefonia celular, uma palavra de ordem positiva. Pois bem, esse assunto puxa outro: a “hashtagzação” da comunicação.

Por algum motivo, entendeu-se que o uso de uma hashtag (criação dos usuários do Twitter em 2007, veja bem) é algo moderno. A publicidade está cheia de exemplos. Alguns, como este, com vários tiros pela culatra já que hoje o controle é do público e não somos mais capazes de fazê-lo reproduzir o que desejamos.

Na comunicação política a hashtag também está presente. Que o digam Eduardo Campos e Marina Silvam cuja conversa levada ao ar recentemente foi permeada por expressões começadas pelo “jogo da velha”.

A grande pergunta que fica: qual a eficácia comunicativa disso? Voltarei ao assunto.

#pegabem?

Disclaimer: é só um exemplo, a anos-luz de distância de querer demonizar campanhas e profissionais.

Você certamente percebeu que a operadora de telefonia Vivo, como tantas outras empresas antes e também agora, de todos os setores, apostou numa hashtag para alavancar maciça ação de comunicação.

Pouca coisa resume melhor a vida on-line do que a hashtag, etiqueta criada por usuários do Twitter sem que alguém tivesse pedido. Simplesmente assim, surgiu. E é assim o mundo em rede, onde governos, empresas e pessoas têm acesso às mesmas ferramentas – nesse cenário, o controle será sempre das pessoas.

Isso um.

Dois, e recorro aqui novamente à lapidar frase de Nizan Guanaes: “Na época da comunicação total, a verdade tornou-se a maior arma de persuasão em massa.”

Pois bem: a Vivo, unilateralmente, decidiu que #pegabem. Só que não é exatamente verdade, e quem conhece a precariedade da rede de telefonia nacional sabe bem do que estou falando. Assim, tentar impor às pessoas o uso de uma hashtag só poderia dar nisso: #pegabem, na rede, virou um mote para ironizar a empresa.

Não é apenas a Vivo. Há dois anos, numa cobertura de Carnaval, a operação jornalística das Organizações Globo na internet decidiu que as pessoas deveriam usar a hashtag #globeleza não para interagir com a emissora (como, posteriormente, corretamente a rota foi alterada), mas para bombar sua programação. Resultado: só fisgou o desavisado tenista Gustavo Kuerten.

A abundância do uso de hashtags pelo marketing e pela publicidade, um fato, é muito perigosa para quem trabalha com comunicação. Não mande as pessoas fazerem aquilo que elas não estão dispostas. Muito menos num lugar tão democrático quanto o ambiente on-line.

Hashtag e controle do público

A publicidade e o jornalismo – ambos há muito tempo – compraram completamente a linguagem da hashtag. O “jogo da velha” está em todas as partes, da coluna de jornal à campanha institucional do banco. O Facebook já trabalha para incorporá-la também.

É uma admissão irrefutável de que o avanço tecnológico mudou o eixo da produção. Por mais que queiramos, o controle não é mais nosso, mas do público (a ex-audiência).

No caso específico da hashtag e seu triunfo como elemento agregador de conversação (e de comunicação, como mostram a reverência publicitária e jornalística ao elemento), nunca é demais lembrar que ela foi criada pelos próprios usuários do Twitter, sem obedecer a comandos ou chamamentos.

Positivamente, nosso mundo mudou.

Conversa nos tempos do microblog

Vejam o nível de conversação que o microblog, caótico por natureza, está produzindo diante de nossos olhos.

Esse caos sobre o que trata a conversa evidencia a importância que hierarquização, filtragem e edição de conteúdo terão para as pessoas _inclusive a ex-audiência_ poderem se compreender e sobreviver nessa “selva”.

Ao contrário do que se imagina, o exercício da profissão de jornalista tem um futuro belíssimo pela frente.

Uma coisa é difundir uma informação, e só. A outra, contextualizá-la e analisá-la.

Para mais informações sobre o tema, procure a hashtag #journchatbr.