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Gay Talese e o jornalismo esportivo

Gay Talese, um dos expoentes do novo jornalismo (que emprestou à profissão ingredientes literários, alguns nada caros ao ofício, como a ficção), usa o jornalismo esportivo como uma grande alegoria do mundo no livro “O Silêncio do Herói”.

Ali, reúne uma coletânea do que escreveu sobre o assunto em mais de 60 anos.

ATUALIZAÇÃO: Em espanhol, o livro pode ser comprado na Casa del Libro.

Gay Talese está ficando gagá

Gay Talese, 78 anos, definitivamente, está ficando gagá.

O pai do novo jornalismo (novo?) dá mostras evidentes de senilidade numa entrevista publicada sábado pelo jornal espanhol El Pais na qual, entre outras asneiras, diz que a chegada das mulheres ao jornalismo e outras posições de poder converteram os escândalos sexuais em notícia.

“Tivemos uma revolução sexual e graças a ela agora você pode viver com seu namorado sem se casar, mas se você tem um rolo fora do casamento… Veja o caso de Tiger Woods e suas amantes, como se ele as tivesse obrigado a dormir com ele”, disse Talese à atônita repórter Bárbara Celis.

Tem mais. “Quando alguma coisa é realmente boa, acaba chegando aos jornais”, afirma, ao justificar seu desinteresse pelo jornalismo on-line ou qualquer coisa que signifique avanço tecnológico (Talese nem sequer tem celular e seu telefone fixo, num elegante apartamento de Nova York, exibe um vistoso fio ligado à parede).

Para não ser de todo maldoso, há coisas bacanas na entrevista (mas leia se quiser descobrir, eu não vou contar).

De verdade? Eu acho que a gente devia deixar certas pessoas em paz.

Conexão limitada…

… só me permite bater palmas para a definição de Alon Feuerwerker “o new journalism não existe, o que existe é o nariz de cera”.

Volto, se possível.

Ruy Castro disseca Gay Talese

Gay Talese esteve na Flip e, aparentemente, provocou furor neste sábado num debate ao vivo. Bombou na web, e não é por menos: o cara tem história para contar.

Aliás, o jornalista Mauricio Stycer registrou essa faceta do repórter-escritor americano. “Mario Sergio Conti faz perguntas. Gay Talese conta historias, mas não responde nada. Cansativo”, “tuitou” ontem Stycer_quem fez o melhor resumo da participação de Talese na Flip, ao menos no Twitter.

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Mas antes ele tinha falado bobagem embarcando na carona da morte de Michael Jackson. Ruy Castro, sempre solerte, não deixou passar e opinou com propriedade na Folha de S.Paulo de ontem.

“Será que, antes do new journalism, toda a imprensa escrevia mal?”

O problema é que Talese disse que a imprensa matou MJ. E quando Talese diz, supõe-se uma ciranda de consulta ao entorno dos personagens de suas notícias.

“Talese terá ouvido isso de Michael, do psiquiatra, da enfermeira ou da babá do artista? Ou será uma suposição?”, arremata o brilhante Ruy.

Pois é, nem há nada a acrescentar.

Gay Talese e o orgulho de ser jornalista

É Gay Talese, em entrevista a Veja.

“As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O jornalismo, não. Já vi muitos jornais fecharem as portas. Nos anos 60, acabou The New York Herald Tribune, que era um grande jornal, mas grande mesmo. Antes, fechou o tabloide New York Daily Mirror. Eu cresci lendo revistas como Life, Saturday Evening Post, Look, e nenhuma delas existe mais. Em Nova York, havia quinze jornais”.

E termina: “[O jornalismo] é uma profissão honrosa, honesta. Tenho orgulho de ser jornalista.”

“Não é possível dar um google em tudo e achar que assim se está informado”, diz Gay Talese

Em entrevista a Sylvia Colombo publicada neste sábado pela Folha de S.Paulo (só para assinantes), Gay Talese, 77 anos admite que fala “como um velho da profissão”.

Expoente do new journalism (movimento que empurrou a não ficção em direção à literatura), Talese diz que os jornais ajudaram o valor-noticia a despencar para zero ao liberarem seus conteúdos on-line. “É preciso cobrar pelo que se publica. Porque se trata de uma tentativa de encontrar a verdade necessária para a sociedade, e que tem um preço”.

O escritor se esquece que o conteúdo, agora, não é distribuído apenas por quem o produz. Ele é compartilhado na rede. Pelo seu próprio público. A cada dia mais rápido e por mais canais. É uma situação que não se pode mais deter. Se você não o disponibiliza sem ônus, alguém o fará.

Mas Talese (autor de célebres reportagens travestidas de obras literárias) mostrou conhecer muito bem a noção de filtragem, fundamental nestes tempos de informação tão abundante. “Não é possível dar um google em tudo e achar que assim se está informado. A internet está cheia de lixo”, afirma, com razão, ainda que a frase pareça da lavra de Andrew Keen, o ex-crítico número um da web.

Mas como, então, evitar o gradual desinteresse do público pelas publicações impressas? “Não sei”, encerra Talese.