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Fotógrafos escancaram a pobreza nos Estados Unidos

Com o mote “a pobreza não é mais invisível na América”, um coletivo de fotógrafos _auxiliados, diga-se de passagem, por uma belíssima sonorização_ estão usando o jornalismo visual para mostrar como vivem e sofrem os excluídos na nação mais rica do planeta.

Não apenas para a gente lembrar das novas narrativas jornalísticas (até porque essas eu não deixo a gente esquecer nunca, né), mas também da própria função social do jornalismo, esta sim bastante maltratada.

Aliás, será que ainda se discute isso nas redações? Eu, sinceramente, não lembro a última vez que tratei, no dia a dia do jornal, do tema.

A culpa é de todos nós, claro.

Ficção ajuda o jornalismo a refletir sobre seu papel na sociedade

A trilogia “Millenium”, do jornalista e escritor sueco Stieg Larsson (1954-2004), traz como legado à nossa profissão uma belíssima discussão de sobre como salvar não os jornais, mas a função social do jornalismo.

No final de semana, o espanhol El País publicou interessante artigo do catedrático Jaume Guillamet que analisa como a ficção nos ajuda a compreender a dimensão (e a relevância) de nosso trabalho. Ou, pelo menos, daquilo que deveria ser o nosso trabalho.

Na obra, Mikael Blomviskt _à frente de uma pequena revista à margem do mainstream_ se dedica a revelar as trapaças e desmandos de grandes corporações multinacionais. Dá vários furos na concorrência e vira uma espécie de celebridade, quando cai em desgraça porque seguiu, numa das reportagens, uma pista falsa.

Enquanto isso, Larsson narra o burocrático trabalho de TVs e grandes jornais, que tratam apenas de ser meros amplificadores da atuação policial, isentando-se de cumprir seu papel (encontrar a versão “definitiva” para os fatos).

Essa coisa de seguir fontes policiais e adotar o jornalismo declaratório (da qual nosso mundo está cheio, em todos os sentidos) a gente costuma saber muito bem onde dá: em casos como os da Escola Base, talvez o maior erro da imprensa brasileira na história.