Arquivo da tag: Fidel Castro

Uma decepção chamada Yoani Sánchez

Não é possível desconsiderar a importância e a repercussão de uma das vozes mais ativas (talvez a maior, hoje) contra o fechado regime cubano.

Mas algumas coisas vêm acontecendo nos últimos meses e, por vários aspectos, a jornalista Yoani Sánchez tem parecido se beneficiar do isolamento de seu país.

Alçada à fama por conta de um bom blog com o dia a dia de Havana, suas colunas, publicadas em várias jornais do mundo, não trazem novidades em si e o único mérito é terem sido escritas por alguém que vive o inferno de um dos últimos redutos do anacrônico comunismo.

Agora descubro que Sánchez escreveu um livro sobre como usar um blog para falar ao mundo.

Muito oportunismo para que eu silenciasse.

Desconfio que, quando a ditadura dos Castro acabar, ela tem muito a perder. Tomara que eu esteja completamente equivocado.

Fidel Castro abre o bico

Fidel está falando com a imprensa estrangeira. Quer dizer, nem tanto: começou com jornalistas venezuelanos quase amordaçados. Mas soltou um ‘o Wikileaks merece uma estátua’. Ainda um bom frasista aos 84 anos.

Agora, foi fotografado ao lado do americano Jeffrey Goldberg, que colabora com a The Atlantic, talvez a grande revista dos EUA hoje.

Vem materiaça por aí.

A morte de Fidel: a matéria de gaveta mais célebre de Miami

Não são apenas fogos de artíficio, armazenados por ansiosos exilados cubanos, que estão cuidadosamente guardados em Miami. O obituário de Fidel Castro também.

É o que revela um dos mais experientes editores do jornal The Miami Herald, Manny Garcia. “Aqui no jornal, Fidel Castro equivale a uma pedra no rim: uma dor constante que parece nunca acabar, e que você reza para ir embora”, relata.

Outro editor do jornal, Tom Fiedler, diz que os planos para a cobertura da morte do líder da Revolução Cubana, de 82 anos, remontam à década de 90 e “são mais detalhados do que o plano americano para a invasão do Iraque”.

Não é só lá. Todo jornal minimamente planejado tem pelo menos um caderno especial já pronto sobre a vida e a obra (contestadas, ambas) de Castro. É assim com todas as personalidades relevantes cuja morte não seria exatamente uma surpresa.

É, talvez, o aspecto da profissão que mais choque os estudantes de jornalismo. “Como assim, você torce para alguém morrer?”

Não é torcer, mas estar preparado _planejamento é tudo para o sucesso de uma cobertura jornalística (só não digo que é condição sine qua non porque já participei de coberturas catastróficas do ponto de vista organizacional que, no final das contas, e por vários outros elementos, acabaram dando certo).

Lembrei de dois casos em que o “planejamento” acabou sendo revelado, inadvertidamente, aos leitores: o caso do UOL, que “matou” o ex-governador Mário Covas dois anos antes da hora, e o recente vacilo da Bloomberg, que colocou no ar por instantes o obituário de Steve Jobs, da Apple.

São as agruras do jornalismo.