Muito depois de Lewis Carrol e sua Alice, surgiu outro país das maravilhas – esse sim, maravilhoso de verdade.
Nele, todas as pessoas são felizes, frequentam lugares bacanas, almoçam e jantam nos melhores restaurantes, estão sempre cercadas de amigos, viajam pelo mundo e, nas horas vagas (eles têm muitas horas vagas), mostram seu altruísmo e solidariedade aderindo a campanhas humanitárias e mobilizações políticas.
Esse planeta maravilhoso, você já percebeu, é o Facebook, hoje frequentado por quase 1 bilhão de pessoas (entre os quais 70 milhões de brasileiros, praticamente 90% dos internautas do país). Fosse um país de terra e água, o site de Mark Zuckerbeg seria o melhor lugar pra se viver, disparado. Ali,todo mundo se dá bem.
Há exceções, como em tudo, mas a regra é um indício óbvio de que nesse país da internet todo mundo é mentiroso e manipulador. Desde o célebre cartum de Peter Steiner (“na internet, ninguém sabe que você é um cachorro”), a manipulação on-line tem sido objeto de sátira, análise e pesquisa.
Não por acaso a publicidade e o marketing têm tanto pé atrás nesse ambiente de conteúdo gerado pelo público – o jornalismo, como sempre, se jogou de cabeça, e sofre com isso.
Vale tese de doutorado, mas de toda forma prometo voltar com mais consistência ao tema.