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Vida de estagiário

Jogaram o sofá fora: a editora Condé Nast, que publica revistas de altíssimo nível como Wired e The New Yorker, encerrou seu programa de estágios nos EUA depois de ser processada por um aspirante a jornalista que trabalhava até 12 horas por dia por menos de US$ 12 diários.

No Brasil, apesar de comuns nas redações, o estágio em jornalismo não é regulamentado. Mesmo assim, costuma ser uma vida boa: a garotada via de regra não passa de seis horas de jornada, com feriados e final de semana livre e alguns direitos como vale-refeição. Em muitos casos, ganha-se mais do que jornalistas formados. Errado também.

 

 

 

 

Vaga para estagiário na Economist. Estagiário cientista, por favor.

Essa vai direto para aqueles que defendem com unhas e dentes o diploma de jornalismo e ficam fulos da vida quando veem um ex-atleta comentando jogos na TV: a The Economist, muito provavelmente a melhor revista do mundo, abriu mais vez o processo seletivo para um estágio de três meses em sua editoria de tecnologia.

Pois bem, o edital é claro: a revista não quer um estudante de jornalismo com interesse em ciência, mas sim um futuro cientista que goste de jornalismo.

Não é por acaso que o conteúdo produzido pela publicação está em outro patamar.

Quem sabe, sabe.

A culpa não é do estagiário

Já tinha me esquecido do detestável “tira o estagiário daí” com o qual as pessoas (os leitores) reagem a erros no jornalismo. De volta à linha de frente da interação, minha memória foi refrescada por essa bobagem.

Primeiro, as pessoas não sabem que o jornalismo nem sequer tem estagiários. Tá, existe um ou outro, mas a figura nem sequer está regulamentada por lei nesta profissão ora desregulamentada.

Mas o ponto não é esse: não consigo entender por que tratar todo erro como se fosse fruto de inexperiência, sendo que os veteranos perpetramos barbaridades diariamente no exercício do jornalismo.

Aliás, um foca não comete nenhum erro sozinho. Logo, não tem responsabilidade alguma. Antes de recorrer ao reducionismo de tentar vexar alguém que está começando, aponte o dedo para o supervisor do cara, que deu de ombros e é o verdadeiro responsável pelo pepino.