Arquivo da tag: Estados Unidos

O primeiro grande vazamento do WikiLeaks

A divulgação de mais de 250 mil correspondências entre embaixadas americanas no mundo todo e o Pentágono ainda vai ocupar as páginas dos jornais por um bom tempo _nem 10% desse conteúdo foi revelado até agora.

No Brasil, quem publica os papéis vazados pela ONG WikiLeaks é o jornal “Folha de S.Paulo“.

Bom momento para relembrar o primeiro grande vazamento (no jargão jornalístico, conteúdo passado de forma anônima pela fonte) ao projeto de Julian Assange.

O vídeo é inesquecível: uma desastrada incursão de duas patrulhas aéreas das Forças Armadas Americanas que culminaram com a morte de vários civis em Bagdá no dia 12 de julho de 2007.

A imagem que abre este post é o momento do ataque que matou dois cinegrafistas da agência de notícias Reuters. Os diálogos dos pilotos americanos beiram o patético: eles confundiram as câmeras com armas pesadas.

Foi o que tornou o WikiLeaks famoso, em 18 de abril de 2010 _quando o site completou quatro anos no ar.

A celebração do álcool

New York Times Co./Hulton Archive
Eu certamente estaria nesse evento: é a festa pelo fim da Lei Seca nos Estados Unidos, que tornou crime a venda, fabricação e importação de álcool (por quase 14 anos, creia).

Nova York, 5 de dezembro de 1933. Eu seria aquele cara com o chapéu ao alto ali no canto esquerdo.

E a lei, ora a lei, conseguiu estimular apenas a corrupção e contrabando.

O blog que não é blog

Afinal, Barack Obama começou bem ou mal sua gestão on-line?

A questão é controversa. Dave Winer, o primeiro blogueiro de que se tem notícia, reparou logo de cara que o “blog” do site da Casa Branca se apropriou indevidamente do nome: não leva o leitor a lugar algum, não coleciona coisas bacanas, não indica outros sites e, reparei agora, nem sequer é publicado na ordem cronológica inversa.

Desta forma, serve apenas para amontoar releases.

Agora há pouco o novo presidente dos EUA repetiu “por precaução” o juramento à constituição americana porque houve uma pequena gafe no juramento original, feito ontem em público, e que emocionou o mundo.

Por um acaso a informação foi distribuída em algum dos canais interativos de Obama? Não. Aliás, nem área de notícias há no site oficial da presidência. Cadê a tal da comunicação imediata tão apregoada?

Jeff Jarvis, professor da Universidade de Nova York, acha que ainda é cedo para avaliar o trabalho da equipe de Obama na web. Eu também, mas isso significa que caracterizar o recém-empossado governo como um exemplo no uso das novas tecnologias é avançar bastante o sinal.

Funcionou na campanha mas, como já falei outras vezes, há vários outros pontos ainda obscuros.

A primeira indefinição do novo presidente

Algumas coisas já podem ser ditas sobre o plano da gestão Barack Obama para o diálogo e a convergência de pessoas on-line _tática que se mostrou decisiva no pleito que conduziu o democrata ao cargo de presidente dos Estados Unidos, mas que por ora pareceu ser só isso: uma estratégia de campanha, não de governo . A posse, aliás, é nesta terça.

Este miniartigo atualiza e complementa o que eu escrevi há dez dias.

Falta de padrão, deslizes na condução de redes sociais consolidadas e bem-sucedidas e, o pior de tudo, um discurso vazio sobre como serão financiados, administrados, hierarquizados e priorizados os canais de conectividade na Web que transformaram a campanha de Obama num exemplo de multiplicação em tempos de altíssima tecnologia _e acesso à ela.

Vamos à falta de padrão: há um canal no Flickr que trata do gabinete de transição. Desatualizado, por sinal. Enquanto isso, surgiu outro, apenas sobre as cerimônias de posse. Eles não se falam, não se linkam. Claro desvio de condução de grupo em mídia social.

E o microblog? Depois que registrei que a última atualização ocorreu em 5 de novembro (um dia após a votação), eis que surgiu outra ontem, mas tirando as pessoas do canal ao sugerir que acompanhem a página oficial da posse. Onde, logicamente, há um grande destaque para o botão “doe dinheiro agora“.

Há, ainda um canal de microblog atualizado desde 28 de dezembro sem nenhuma publicidade nas outras palataformas on-line por onde o democrata desfila.

A pá de cal foi o último discurso de Obama postado no You Tube (hábito hebdomadário do futuro mandatário). Ele choveu no molhado ao ressaltar a importância da participação das pessoas. Foi um discurso quase religioso que, é evidente, recebeu crítica muito bem fundamentada.

Afinal, quais são as propostas concretas para o uso da tecnologia no 44º mandato presidencial dos Estados Unidos?

Por que Obama derrotou Hillary

Do ponto de vista da tecnologia, é uma questão fácil de responder. A ex-primeira dama pouco investiu em ferramentas on-line. Enquanto isso, só em anúncios e outras ações no Google, o senador por Illinois desembolsou mais de US$ 3 milhões.

No microblog, a distância entre as campanhas também foi díspar. Que o digam os 33 mil seguidores das atualizações de Obama no Twitter _todos eles sendo seguidos, medida sempre vista com simpatia na Web (ainda que, suponha, essa conta jamais tenha sido checada por qualquer funcionário).

Especificamente no Twitter, Hillary foi catastrófica. Amealhou apenas 4 mil “followers” e não adicionou ninguém. Uma tragédia de mídia social.

Yahoo, Microsoft e Facebook, nessa ordem, aparecem como os principais destinatários de verbas da campanha do agora confirmado candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos (engraçado que, no sentido inverso, ou seja, as doações às candidaturas, funcionários da Microsoft deram mais dinheiro a Clinton, enquanto os do Google cacifaram Obama).

Moral da história: Obama, muito ativo na Internet, cativou a multidão de jovens de classe média que perscrutam a rede. Hillary, que investiu milhares de dólares a mais que seu adversário em jantares e homenagens (esse perrengue herdado da vida off-line), arregimentou os mais ricos e os mais velhos. Ou seja, pouca gente.

A Business Week mostrou um ângulo em que uma campanha política ingressou no terreno dos cases de quem busca exemplos de influência das novas tecnologias.