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A ESPN e a ESPN

A ESPN precisa ser mais transparente sobre o papel do jornalismo em seu modelo de negócios, os propósitos por trás dele e qual o grau de comprometimento da emissora para garantir sua aplicação.

O parágrafo acima refere-se à ESPN americana e foi escrito por Robert Lipsyte, ombudsman do canal, num longo texto de despedida da função – aliás, reparem quantos assuntos espinhosos ele foi obrigado a tratar em seu mandato.

No Brasil, a emissora recorre ao jornalismo como seu principal instrumento de marketing. No esporte, dizer que se faz jornalismo parece ser uma necessidade (uma bobagem clássica daqueles que ainda separam a comunicação em compartimentos).

Em 2013 eu já falava sobre o poder da ESPN americana (muito maior que o da Globo no Brasil) e questionava se a filial brasileira do canal dos EUA apresentaria-se como combativa, tal qual é hoje, se tivesse o mesmo bolo nas mãos.

É sobre isso que Lipsyte está falando.

Como o Google combate a pirataria – e faz política

Sim, a empresa se diz preocupada em monitorar e evitar “atividade ilegal” na rede, conforme relatório de 25 páginas que divulgou ontem.

Para muitos analistas, trata-se de uma peça de posicionamento e aproximação com uma indústria tão ou mais poderosa: a de entretenimento.

A era do ‘datatainment’

Com base em informações reais, a MTV americana colocará em breve no ar seu newsgame relativo às eleições presidenciais.

O jogo usa dados dos sites Politifact, RealClearPolitics, GetGlue e Foursquare para, com base no dia a dia das candidaturas democrata e republicana, fazer os usuários ganharem ou perderem pontos. Funciona mais ou menos como os fantasy games tão difundidos por ligas esportivas.

É uma vertente agora apelidada de “Datatainment“, ou seja, uma mistura de dados e entretenimento com uma boa pitada de jornalismo.

Brasil na ponta do crescimento da indústria da mídia

Estudo da consultoria PwC mostra que Brasil e China capitanearão o crescimento das áreas de mídia e entretenimento nos próximos cinco anos, com uma estimativa respectiva de incremento anual de 11,4% e 11,6%.

Definitivamente, somos o país do futuro.

Uma ‘matéria’ diferente sobre os mineiros do Chile

Vivemos um tempo em que, naturalmente, jornalismo e entretenimento se confundem. Na web, porém, essa confusão é ainda maior.

Como arriscou o site Ego, a editoria de celebridades do braço da Rede Globo na internet, ao propor uma espécie de ensaio de moda com os mineiros recém-resgatados no Chile.

Confesso que fiquei sem palavras…

(a dica é de Leopoldo Godoy).

Rogério Ceni diz que esporte é apenas entretenimento. E você?

A entrevista foi em abril, mas um pequeno trecho da conversa com o goleiro Rogério Ceni publicada pela edição brasileira da revista da ESPN me fez pensar de novo se o jornalismo deveria tratar de vez o esporte com olhar prioritário no aspecto entretenimento _suscitado pelo evidente caráter lúdico do que está em jogo.

Sou adepto do rigor jornalístico, como em qualquer editoria, mas será que estou certo? Realmente precisa? Melhor: é o que o público quer? Não estaríamos, em vários momentos, levando a coisa a sério demais?

Numa resposta ampla dentro do contexto da repercussão do que diz diariamente, Ceni afirma que a área esportiva (em geral)  “deveria ser entretenimento”, ou seja, que palavras e atitudes mereciam ocupar menos destaque.

É verdade que os atletas viveriam todos mais felizes se o mundo da crônica esportiva fosse uma grande Globo _não só ela, pra não ser injusto e repetitivo: veículos jornalísticos que sobrevivem da cobertura do dia a dia, do rame-rame, não conseguem fugir muito da agenda positiva.

Um pouco como acontece com intensidade nos cadernos de turismo, carros e cultura.

Uma aresta para a gente aparar.

Entretenimento não pode ser levado a sério?

Um ângulo interessante sobre jornalismo cidadão surgiu depois que li uma entrevista de Hayden Hewitt, um dos fundadores do Liveleak.com _basicamente um repositório de vídeos amadores.

Primeiro que caiu minha ficha: na verdade, o cidadão está por trás de poucas iniciativas jornalísticas. A maior parte delas são registros de entretenimento.

“Alguns vêem como entretenimento, enquanto outros levam mais a sério”, disse Hewitt. Seu site bombou com as cenas de hooliganismo gravadas por amadores há 20 dias, após um jogo de hóquei no Canadá.

Aí fiquei pensando que, de certa forma, é um pouco a birra que jornalistas tradicionais têm quando olham portais de internet. Torcem o nariz, sendo que entretenimento e jornalismo brigam por espaço nas home pages. E o jornalismo, sempre é bom lembrar, é apenas um pedacinho do conteúdo dos portais.

Daí, quando o proprietário de um site que usa material produzido pelo usuário diz que há entretenimento e também quem leve a sério, paro pra pensar. “Uai, entretenimento não pode ser sério?”