Arquivo da tag: editorial

A força de um editorial

Veja como as coisas funcionam: no dia 26, em editorial (aquele gênero em que os veículos de comunicação se posicionam sobre os fatos), a Folha de S.Paulo cobrou duramente o governo estadual e a Sabesp sobre a crise hídrica em SP.

Dias depois, o governador visita o jornal (veja na última nota da coluna Painel).

Mais um dia e, fechando o ciclo, o secretário estadual de recursos hídricos concede longa entrevista garantindo que até as próximas águas de março não há o menor risco de racionamento.

Para quem ainda não entendeu, é esse o principal ativo do jornalismo impresso. E que ainda não foi dizimado pelo avanço tecnológico.

Previsões para o setor editorial em 2014

Audiolivros e publicações interativas (além de vídeos, claro) são algumas das tendências para o setor editorial em 2014.

O mea-culpa de O Globo

Muito importante o editorial do jornal O Globo no qual o veículo admite que ter apoiado o golpe militar de 1964 foi “um erro”.

“Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura”, começa o texto, um produto da era da transparência total – imposta pelo avanço tecnológico.

Mais. “À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma”.

Palmas.

Pouca notícia no encarte publicitário

Manifestação de leitor publicada pela Folha de S.Paulo ontem suscita dois pensamentos: 1) a mídia impressa e sua credibilidade ainda são um porto seguro para a publicidade; 2) a correlação entre conteúdo editorial e publicitário não tem sido respeitado pelos veículos.

Publicidade
Gostaria de agradecer à Folha por trocar minha assinatura de um jornal por um grande informe publicitário com algumas poucas notícias no meio. O primeiro caderno de 25/5 tinha 24 páginas, sendo 17 de publicidade, sem contar a sobrecapa. “Cotidiano” tinha aproximadamente 70% do espaço com publicidade. Em “Mercado 1”, havia cinco páginas com publicidade num total de oito páginas. Isso sem contar os cadernos de publicidade propriamente ditos. De fato, é bom saber que eu pago mensalmente para receber publicidade.
Silvio Oksman, arquiteto (São Paulo, SP)

A caminho de uma nova teoria dos gêneros jornalísticos?

Ana Mancera Rueda explica, no Sala de Prensa, a quantas anda a compreensão e a discussão, na Espanha, sobre as formas pelas quais nos manifestamos jornalísticamente (reportagem, entrevista, editorial, artigo etc, os famosos “gêneros”).

É uma das disciplinas que atualmente ministro na Faap. Aqui no Brasil, infelizmente, estamos muitíssimo atrasados com relação ao assunto.

Desde Marques de Mello, os gêneros cresceram _e não vão parar de crescer graças ao avanço tecnológico.

Caminhar na direção de uma nova teoria dos gêneros, como esboça Mancera, é tarefa complexa, porém altamente necessária.

ATUALIZAÇÃO: Por uma omissão imperdoável (quem me deu o puxão de orelha foi o colega Rogério Christofoletti), esqueci de mencionar o trabalho da pesquisadora Lia Seixas, referência importante na bibliografia do próprio curso mencionado acima, da mesma forma que a tentativa comparativa de Manuel Chaparro em “Sotaques d’aquém e d’além-mar – Travessias para uma nova teoria de gêneros jornalísticos”, que tenta observar semelhanças e diferenças entre o jornalismo praticado no Brasil e em Portugal.

Quando dois concorrentes se complementam

Aconteceu na sexta-feira: tema de editorial da Folha de S.Paulo foi simultaneamente matéria em seu principal concorrente, O Estado de S.Paulo.

A Folha criticou a proibição de acesso público aos processos nos quais Dilma Rousseff foi ré durante a ditadura.

Exemplificou com o caso americano, onde candidatos (seja a qual cargo for) estão expostos a todo tipo de escrutínio e muitas vezes abrem espontaneamente seus arquivos pessoais. É cultural e considerado normal.

Ao mesmo tempo, Patricia Campos Mello, no Estadão, detalhou como funciona essa devassa consentida nas vidas dos postulantes a cargos públicos.

Uma feliz complementação.