“Eu apanho, me batem de manhã, de tarde e de noite, é um direito de cada um, mas quando eu respondo, me criticam. Quem bate em mim é divertido, alegre, e eu, quando respondo, sou rancoroso”.
Olha aqui, a última coisa que eu queria era entrar numa discussão que tem Dunga e a Copa do Mundo como protagonistas.
O Mundial de futebol é aquele momento nefasto em que uma maioria de ignorantes em bola saltita, assopra cornetas e tenta compreender a diferença entre expulsão e arremesso lateral. É insuportável, e me faz reviver a cada quatro anos o desejo de ter nascido finlandês.
O comportamento da ‘emprensa’ nessas ocasiões é ainda pior, mas reflete um pouco do pensamento que persiste entre a categoria, o que é lamentável. Nós, jornalistas, ainda não percebemos que não somos mais o poder mediador.
Aliás, mesmo antes, na época do monopólio, jamais acreditei que havia explicação para sermos tratados com deferência especial.
O jornalista faz seu trabalho, como os profissionais da área que cobre, e não há lei que obrigue que os dois lados sejam amigos. Pelo contrário, uma boa dose de eletricidade na relação é sempre bem-vinda.
Daí que avaliar a performance de Dunga passou a ser mais importante do que ele explica sobre o desempenho de seu time. E aí a ‘emprensa’ comete seu erro mais grave.
A Globo editorializou, na voz de Tadeu Schmidt, o veto ao comportamento do técnico. De novo a imprensa clama por deferência no tratamento das fontes.
Agora me explica o porquê.
“Tava bom pra mim esse jogo, nesse jogo eu podia ter feito falta à vontade, o juiz ia me dar os parabéns”.