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O fracasso da saga Star Wars

Em agosto de 1980, quando a internet ainda engatinhava e era coisa de falcões e universidades de elite nos EUA, uma crítica de cinema publicada pela revista Manchete (então uma das mais importantes do Brasil, com tiragens próximas a 500 mil exemplares) anunciava ao mundo que a saga Star Wars não teria pique para “emplacar o século 21” como anunciara seu produtor, George Lucas.

A opinião que faria José Haroldo Pereira entrar para a história como péssimo crítico, na verdade, não deveria estar contida na crítica – mais que um juizo de valor, trata-se de uma tentativa de premonição, de adivinhação que não cabe numa análise. É a clássica opinião de bar.

Não é, portanto, uma exclusividade da internet e das redes sociais.

manchete

 

Estudantes de jornalismo em Cuba falam de digital e liberdade

Eles são estudantes de jornalismo. Em Cuba, país em que o jornalismo formal é oficial. Interessante como discorrem sobre coisas que ainda não estão totalmente ao alcance de suas mãos, como produtos voltados para o digital (o país tem o menor índice de acesso à internet nas Américas) e – principalmente – liberdade de expressão.

A instrução, nota-se em qualquer esquina, é altíssima em Cuba. E foi-se o tempo em que as pessoas não falavam sobre certas coisas. Há muita pressão, mas perceba nas palavras dos estudantes (como a que define o jornalismo nacional como “justificalista” e “pouco crítico”) que o futuro por aquelas bandas é auspicioso.

Cuba precisa de muitas coisas, inclusive de grandes projetos jornalísticos que ajudem a redescobrir o país.

Lá como cá

Nos Estados Unidos, uma coluna de esportes do NYT não se reinventou e sumiu.

Aparentemente, essa editoria tem encontrado mais problemas diante do oceano de informação – a ver, voltarei ao assunto.

O cinismo no jornalismo

Bill Keller, do New York Times, resumiu bem o que é a Fox, a rede de TV que fala ao público conservador norte-americano. “A Fox não inventou o partidarismo no jornalismo, mas sim introduziu o cinismo“.

O cartunista silenciado a bala

Crítico feroz das autocracias árabes e também do Estado de Israel, o cartunista Naji Al Ali não viveu para ver a transformação ora em progresso no Oriente Médio: ele foi assassinado em Londres, em 1987, com tiros na face.

Com inimigos dos dois lados, a morte do cartunista jamais foi esclarecida.

Palestino, foi uma das grandes vozes da imparcialidade que faz tanta falta para o entendimento entre os povos.

As antológicas entrevistas da The Paris Review

Fundada em 1953, a revista literária The Paris Review ganhou uma antologia agora traduzida para o português.

Trata-se de entrevistas célebres da publicação, que desde sua criação sempre deu mais espaço aos autores do que aos críticos.

Além da qualidade dos entrevistados, nem é preciso dizer que os textos (e os diálogos) são primorosos.

Quem dispensar o trabalho de mediação do curador que organizou o livro pode ir direto ao acervo da revista, aberto na internet.

Juntar as redações vale a pena?

Um trabalho de fôlego bastante elucidativo. É assim o “Documental Multimedia Redacciones Online“, que passeia por seis veículos de Argentina e Espanha (ABC, Clarín, Critica, Cronista, El Pais, El Mundo e Perfil) para relatar suas experiências de integração papel e on-line e convergência entre plataformas.

Nem é preciso dizer que, pela importância dos veículos visitados (Clarín e El Pais, por exemplo, são provavelmente os dois cases mais bem-sucedidos de fusão de conteúdos), o site é um achado.

Traz, em vídeos, entrevistas de jornalistas, histórico das experiências, fotos para exibir a logistica das redações…

Enfim, ajuda a elucidar um pouco essa dúvida que atormenta os jornais mundiais: afinal de contas, vale a pena juntar suas redações?

Via e-cuaderno.

O jornal de hoje e o de amanhã, ao vivo na web

O jornal de amanhã no site de hoje

Relançado no início do mês, o jornal argentino Crítica (que circulou entre 1913 e 1962 e, no auge, vendia 900 mil exemplares) está quebrando chatíssimos paradigmas da relação web-papel.

Primeiro, e dentro do que se espera no mundo virtual, disponibiliza sua edição diária completa em papel, para download em PDF, diariamente a partir das 14h.

Além disso, mostra, no rodapé do site, o andamento da definição de assuntos e diagramação das páginas da edição do dia seguinte.

Na época em que alguns jornais ainda discutem como cobrar por seu conteúdo, a resposta está aí, dada. A modernidade diz que não cobrar é o que se espera. E que outras fontes de receita, em cima de um conteúdo sólido e bacana (como o da Crítica, que se impôs como desafio dar ao menos um furo por dia _ o que vem conseguindo com êxito nestes primeiros 20 dias de vida), é que garantirão sua subsistência. 

Em tempo: o cérebro jornalístico da Crítica é Jorge Lanata, que esteve no comando de alguns dos maiores e mais ambiciosos projetos de nossa área no país vizinho.