Nos Estados Unidos, jornais produzidos e vendidos por sem-teto a US$ 1 viram suas tiragens crescer desde a eclosão da mais recente crise econômica mundial. O movimento vai na contramão do que experimenta a imprensa, digamos, formal.
A explicação, ao mesmo tempo trágica, é inspiradora: melhorou o nível cultural de colaboradores e vendedores do produto nas ruas (muitas vezes, a mesma pessoa). Claro, é cada vez maior a incidência de desempregados (e sem lar) com melhor formação educacional.
Esses novos excluídos, vítimas dos despejos que compõem o cenário da depressão mundial, vivem em albergues públicos (ou sob tendas em terrenos baldios) e tentam recolocação. Vários descobriram em veículos como Street Roots, de Portland, Real Change, de Seattle, e Street Sense, de Washington, uma possibilidade real de tentar voltar ao patamar de vida anterior.
Todos estes jornais funcionam como instituições sem fins lucrativos, por sinal uma das saídas consideradas viáveis para os jornalões nestes tempos bicudos. Como tal, essas entidades estão habilitadas a receber verbas públicas e doações _embora venha da venda nas ruas a maior parte de sua subsistência.
O New York Times conta que vários desses produtos marginais estão vendendo mais exemplares depois da crise. Sua pauta, bastante parecida, relata dificuldades do dia a dia em regiões metropolitanas de notável concentração de desempregados.
Eles investem no treinamento de vendedores que compram o jornal a 25 centavos de dólar e os repassam aos leitores por um preço quatro vezes maior.
São os únicos produtos jornalísticos impressos que aumentaram sua circulação até aqui, em 2009, nos EUA.