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Dicas para verificar a autenticidade de conteúdo publicado em mídia social

O Poynter (o centro de estudos de jornalismo que tem um jornal) fez uma compilação, a cargo de Craig Silverman, sobre verificação de conteúdo em redes sociais – principal matéria-prima do jornalismo cidadão.

São ao todo oito links com procedimentos de grandes empresas de comunicação (como BBC e CNN) e ouras dicas valiosas. Divirta-se.

Erros de informação em redes sociais: apagar ou não apagar?

Já tive de deletar dois tweets corporativos com informação comprovadamente equivocada, por ordem superior, sendo vencido em meu pleito de que o que já tinha sido difundido precisava ser corrigido, não varrido para debaixo do tapete.

Nem falar sobre a quantidade de feeds que acompanham suas atualizações em redes sociais (e os aplicativos móveis estão cada vez mais abundantes) tornando uma reformulação em sua timeline quase inócua _a informação não pertence mais a você, já foi distribuída por outros meios.

Craig Silverman concorda e propõe medidas para amenizar os equívocos sem a necessidade de recorrer à síndrome do avestruz _como apelidei o ímpeto de borrar . Como um botão de comunicação direta com quem redistribuiu uma barriga, alertando sobre a necessidade de repassar o mea-culpa reparador.

Com atalho ou não, é isso aí: quando erramos num meio em que a informação corre muito rápido, o melhor a fazer é incentivar os mesmos hubs da notícia falsa a transmitir a correção.

Alterar a cena do delito, como bem sabemos, é crime.

Será mesmo o fim da exatidão dos jornais?

Craig Silverman, no Columbia Journalism Review, toca na ferida da exatidão (ou precisão, como queiram) dos jornais. Parte da declaração do empreendedor Ben Elowitz, que diz ter ficado mais tempo ao telefone com checadores do que com repórteres da “velha mídia” para quem deu entrevistas.

A verdade é que a checagem de fatos é (ou era) uma instituição muito mais americana que brasileira. Silverman detecta que o investimento nessa tarefa praticamente acabou por lá _por aqui, algumas poucas revistas (como lá) ainda se dedicam ao trabalho.

A nova ombudsman da Folha de S.Paulo, Suzana Singer, anunciou a disposição de investigar reportagens (o que não é a mesma coisa, já que a investigação se dará após a publicação das matérias e, consequentemente, dos erros).

Ainda assim, é um passo adiante na transparência.

Em tempo: Silverman constata que o erro na grafia de nomes próprios é o maior gargalo da imprensa (e isso desde a década de 30, de quando data o primeiro estudo conhecido sobre a exatidão dos jornais).

Ele encerra o texto com um erramos ótimo do NY Times, na linha “diferentemente do que Anjelica Houston disse em entrevistada à gente, Sophia Loren está viva”.

Porque os jornais não usam a tecnologia para deter o plágio?

O episódio de plágio revelado esta semana pelo Painel do Leitor da Folha de S.Paulo _o presidente do PTB, Roberto Jefferson, republicou como se fosse seu um artigo do filósofo Olavo de Carvalho_ casa perfeitamente com texto recente de Craig Silverman que tenta entender o porquê de os jornais caírem tanto nessa trapaça.

“As redações estão mais interessadas em identificar quem está roubando seu conteúdo do que assegurar que o que estão publicando é original”.

É exatamente isso.

Silverman discorre sobre alguns serviços de detecção de plágio _vários deles não passaram pelo crivo de uma pesquisadora alemã, que apontou uma alarmante incidência de “falsos positivos”_ que seriam muito melhores se os clientes (ou seja, os jornais) complementassem a base de dados com seu próprio conteúdo.

Copyscape e SafeAssign são alguns destes serviços, e muitas vezes custam centavos por operação. Mas gastar não está na ordem do día da velha mídia. Melhor, talvez, seja comprometer sua credibilidade.

Assim como ocorreu com texto de colaborador eventual, acontece todos os dias no noticiário. É triste, mas é a realidade (e global).

Quando notícias velhas voltam a ser notícia

Leitores do New York Times têm sido surpreendidos, nos últimos dias, por correções de reportagens antigas publicadas pelo diário, o mais importante e influente do mundo. Algumas delas, bem antigas (vá ao item “The Arts”). Caso de um texto estampado em 1906 pelo diário.

A história completa quem conta é Craig Silverman, na Columbia Journalism Review. Um resuminho: em matéria publicada há 103 anos, o relojoeiro Jonathan Dillon contou ao jornal qual era o teor da inscrição que colocou na parte de dentro de um relógio depois ofertado ao presidente Abraham Lincoln. Só agora descobriu-se o conteúdo real da mensagem.

O caso é uma demonstração clara de mudança no exercício do jornalismo provocada pelo avanço tecnológico, minha principal linha de pesquisa acadêmica há dois anos. Claramente, a conexão 1906-2009 só foi possível por meio de mecanismos de busca na web.

Sou de um tempo em que pesquisar significava passar horas num lugar bolorento, empoeirado e sem ventilação. Por obra do especial da Copa de 1958 da Folha de S.Paulo, que coordenei no ano passado, revivi um pouco esses tempos com horas em arquivos de jornais de São Paulo, Rio e Montevidéu.

A reação que essas correções retrô provocaram é outro exemplo de interferência da tecnologia na prática da profissão: leitores que vasculharam referências a seus nomes no jornalão passaram a exigir retratação do periódico. Hoje, consta que são ao menos 12 pedidos por dia. Da simples correção de grafias à supressão total de notas sociais sobre casamentos que, tempos depois, acabaram.

Se o jornal impresso é um registro histórico do dia que passou, nada parece ser mais adequado do que esse revisionismo. No New York Times (e em quem mais se atreva a adotá-lo), porém, ele terá limites. Não há quadro para corrigir tudo o que o produto publicou de equivocado em sua história.

Além disso, seria uma impropriedade. É um documento histórico, não? Pois não comporta atualizações, muito menos a mais prosaicas, como a demanda do leitorado por atualizar o status de um casamento fracassado.

De toda forma, é mais um exemplo muitíssimo bem acabado de como a tecnologia transforma diariamente o fazer jornalístico.