Numa das muitas conversas e aulas que tive com Alberto Cairo por ocasião do Master em Jornalismo Digital Multimídia, ficou patente o distanciamento (cultural e de interesses, portanto) entre jornalistas “de texto” e os infografistas, aqueles que trabalham no departamento de “arte” _definição que causa calafrios em Cairo.
No geral, observamos nas redações um distanciamento quase completo entre as duas áreas. É cada um na sua, e pior, sempre praguejando contra o outro. É um dos motivos para que o jornalismo visual (uma necessidade impressa e um imperativo on-line) caminhe a passos tão lentos numa época em que tudo anda muito rápido, menos essa relação.
Assim como comentei um dia que se jornalista e nerd são a mesma pessoa as coisas têm mais chance de começar (e terminar) bem, se o infografista tem espírito de repórter há uma oportunidade desse abismo entre departamentos ser minimizado _claro, também investimos contra os colegas de TI, e eles contra a gente.
Bem, o infografista Emilio Amade, do espanhol El Mundo (aliás, jornal onde Alberto Cairo brilhou no comando da “arte”), arregaçou as mangas (permita um clichê, vai) e foi atrás de testemunhas de um naufrágio para recontar, em imagens e texto, a história do Coral Princess, que foi a pique em águas egípcias levando consigo dois mergulhadores espanhóis que viajavam num grupo de 14, mês passado.
Uma demonstração de que, na medida do possível e respeitando os perfis, existe a figura do jornalista multitarefa. Aquele praticamente capaz de fazer tudo.
É verdade que o jornalismo é um trabalho em grupo, e é belíssimo quando esse conjunto consegue ser amarrado com perfeição. Mas que a gente precisa de mais iniciativas como a de Amade, não resta dúvida.