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Observatório participativo?

Começamos mal: em vez de o governo dialogar com as pessoas nas redes em que elas estão, eis que anuncia a criação de um tal “observatório participativo” (se é que isso é possível). Na prática, é um novo espaço, que terá de ser ocupado novamente.

Não funciona. E me faz lembrar UOL e Globo, que certa vez tentaram criar um Orkut e um Twitter próprios – ambos naufragaram, óbvio.

Um raro protesto de jornalistas na redação

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A demissão de toda a editoria de fotografia do Chicago Sun-Times, na semana passada, provocou uma cena rara no meio jornalístico: um piquete na frente da redação, ontem.

A intenção dos 27 demitidos – e de vários de seus ex-colegas de redação que participaram da manifestação – é fazer com que o jornal volte à mesa de negociação para discutir uma medida menos drástica do que a extinção da editoria.

A partir de agora, frilas e repórteres (que estão recebendo treinamento para saber usar o iPhone além das relações pessoais) serão os responsáveis pelas imagens do jornal.

Nem é preciso lembrar aqui o caminho de anos e anos, percorrido por mim, falando sobre as novas exigências do jornalismo (a multitarefa entre elas) e, mais, sobre a importância dos dispositivos móveis para o registro de fatos.

Sempre critiquei a indisposição (de empresas e de jornalistas) com relação à mídia das pessoas, normalmente lembradas apenas num momento de tragédia não registrada por profissionais – aí sim, seu papel se transforma em coisa valiosa. Não pode ser só na desgraça.

Também dediquei linhas e mais linhas a repórteres que alegavam inaptidão para a fotografia mas que, ao mesmo tempo, exibiam páginas pessoais forradas de todo tipo de registro desimportante de seu cotidiano.

Interessante mencionar, agora, a experiência do Diário do Guarulhos, onde fotógrafos (afinal, repórteres) receberam treinamento para escrever matérias, e vice-versa. Voltarei com mais dedicação ao assunto.

Finalmente: o trabalho jornalístico não pertence a uma casta de abençoados. Nessa controversa decisão do Sun-Times, minha única discordância imediata é com relação ao cartaz da foto acima, exibido no protesto. O passo que a provocou, aparentemente, tem tudo para ser um tiro no pé – mas carece de tempo para que se possa cravar tal condenação.

Capa colaborativa

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A brilhante capa do jornal argentino Pagina 12 sobre a morte do ditador Jorge Videla nasceu, na verdade, no Twitter – a redação foi ao autor buscar autorização para a reprodução.

A Reuters quer saber

A Reuters está mexendo em seus recursos multimídia e apresenta parte das novidades chamando os consumidores a opinar. Antes de tudo ir pro ar.

O pior que pode acontecer nessas consultas prévias é tudo aquilo que você acha genial num projeto ser cruelmente desconstruído por quem vai usá-lo.

A Wikipedia não é mais aquela

Essa dica é do sempre atento Silvio Meira: artigo feito a oito mãos e publicado no final do ano pela American Behavioral Scientist (publicação especializada em artigos acadêmicos sobre comportamento humano) analisa a ruptura do modelo de colaboração que tornou a Wikipedia o que ela é hoje.

O estudo aponta que o complicado processo de admissão de contribuições tem assustado potenciais colaboradores – na verdade, sempre foi assim, mas aparentemente antes havia mais gente disposta a superar as barreiras às vezes intermináveis dos admins exercitando seu pequeno poder.

Há outro aspecto para justificar a crescente diminuição de voluntários (ao menos na Wikipedia em inglês): a demanda cada dia menor pela concepção de novos verbetes. Mas essa é outra história.

Mais uma foto manipulada, mas a culpa é do jornalismo participativo?

Quando acontece mais um caso de foto enviada pelo público que, no final das contas, era manipulada, surgem os arautos que enxergam no jornalismo colaborativo o apocalipse.

Quando sabemos que fotógrafos profissionais não se cansam se recorrer aos mesmos métodos, esse furor todo faz água.

A colaboração, o nome já diz, é uma via de mão dupla. Ambos, profissional e amador, têm responsabilidade sobre o conteúdo – mas a culpa, ora a culpa, será sempre da imprensa formal, a quem não faltam técnicas de checagem.

Um livro escrito a várias mãos na rede

Um livro colaborativo sobre jornalismo de dados está sendo escrito a várias mãos.

A previsão é que a obra, que em poucos dias já tem mais de 60 páginas, seja concluída até o final do ano.

Alguém aí se habilita?

(a dica é de António Granado).

Após quase três anos, enciclopédia colaborativa chega à metade do trabalho

Em março de 2008 falei sobre o lançamento da Encyclopedia of Life, que tinha como objetivo inventariar as 1,8 milhão de espécies conhecidas no planeta num trabalho baseado em colaboração – a inteligência coletiva de verdade.

Pois bem, dois anos e meio depois, já são 752.996 seres descritos no site graças à cooperação de 52.825 pessoas que se associaram sem fins lucrativos ao projeto.

Ainda há muito a fazer, mas histórias como as da enciclopédia da vida mostram que estamos no caminho certo ao sugerir o engajamento para o bem comum.

Um dado mínimo para ilustrar isso é a própria Wikipedia: se passamos 10% de nossas vidas vendo TV, com apenas 1% deste tempo foi possível construir o inacreditável sonho de Jimmy Wales.

Armadilhas da colaboração na rede

Investigação jornalística. É essa receita de Julien Pain para evitar que falsas notícias acabem indo parar nas páginas do Observers, site colaborativo francês.

Chato, mas sempre tem alguém usando o jornalismo participativo para tentar trapacear, seja enviando uma foto não original ou, ainda pior, um relato fraudulento.

No caso de quem trabalha no dia a dia com mídia social, monitorar o que as pessoas estão dizendo na rede pode significar minutos preciosos na antecipação de um acontecimento _desde, claro, que ele seja verídico.

Identificar o autor da informação, contextualizá-la e organizá-la são algumas dicas da Slate francesa para evitar barrigas vindas das redes sociais.

Outro aspecto bacana é o técnico: descobrir informações sobre imagens postadas (e isso não é muito difícil mesmo sem ferramentas pagas) pode, por exemplo, revelar uma data que inviabilizaria a associação com uma determinada notícia.

Quanto custa um site?

Quais variáveis influenciam no custo final de um site? Definir esse custo é um drama.

Uma página colaborativa procura justamente reunir esse material para ajudar no trabalho de orçar a construção de um endereço na web.

(via Braimstorm9).