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A impressão em 3D e a revolução

Tudo começou (como quase tudo em tecnologia) com um artigo na Wired que, depois, viraria um livro (como quase tudo que preconiza Chris Anderson, editor da publicação norte-americana).

Agora, nesta semana a The Economist volta a abordar o assunto. A popularização da impressão em 3D significará, realmente, uma nova revolução industrial?

Calma lá, falar em revolução (como tudo num tempo em que as coisas acontecem depressa demais) parece ser prematuro se levarmos em consideração – e precisamos levar – que uma coisa é a possibilidade de se construir coisas ao apertar de um botão na sala de casa, e outra, muito mais complexa, é ter essa compreensão e o cabedal de conhecimento acumulado necessário para colocá-la em prática.

Mais uma vez, o autor da teoria da cauda longa e do preço zero parece ter pensado longe demais…

A quantas anda a cultura do grátis

Interessante por onde avançou a cultura do grátis nos EUA: algumas marcas estão oferecendo de graça produtos antes pagos em troca de maior fidelidade dos clientes.

Coisas do tipo o streaming de todos os jogos da liga de beisebol.

O conceito do preço zero como tendência foi introduzido em 2009 por Chris Anderson. Não há indícios de que isso se sustente enquanto tese, como era a pretensão.

No contexto de pequenas ações de marketing, e preferencialmente na internet, não chegou a ser febre, mas vem crescendo.

A web não morreu

Lembra que ontem falei de um artigo da Wired sobre a morte da web e o avanço dos aplicativos móveis? Pois a tese está sob forte ataque.

Alexis Madrigal vai diretamente ao ponto em texto na The Atlantic: é a grana, estúpido.

E pensar que justo Chris Anderson, editor da Wired e defensor do preço zero na internet, teria formulado a hipótese (ao menos, é quem assina o texto, ao lado de Michael Wolff).

Sim, pontua Madrigal, revistas como a Wired podem fazer muito dinheiro usando aplicativos e serviços personalizados em dispositivos móveis.

Pra completar, Rob Beschizza detectou manipulação nos gráficos que ilustravam o polêmico texto de Anderson.

Mas lembre de Juan Varela, que crê (academicamente, até onde sei) na gradual desimportância da web como principal drive de conteúdo _e se vangloria de falar nisso faz tempo.

Vou deixar a palavra com especialistas.

Folha Dirigida faz 25 anos. Viva o mercado de nicho!

Como hoje é feriado, não vou tomar o tempo de vocês: passo por aqui apenas para registrar os 25 anos da Folha Dirigida, um jornal de concursos que, muito antes da teoria da Cauda Longa de Chris Anderson, apostou num mercado de nicho e, os anos falam por si só, com sucesso.

Aliás, o nicho de concursos tem uma avenida a ser explorada na internet. Já tive a oportunidade de testar o interesse das pessoas pelo assunto. Claro, concurso significa emprego, que significa dinheiro.

Pense nisso (aliás, vale ler também o texto “Como a teoria da cauda longa se aplica ao jornalismo“, de Valdenise Schmitt e Francisco Antonio Pereira Fialho.

De graça, Chris Anderson fala sobre o preço zero

O mais recente livro de Chris Anderson, avisa Sérgio Lüdtke na rede Interatores, já está disponível para download gratuito.

Fala exatamente sobre o zero, o preço que, segundo o autor, ajudou a internet a revolucionar o mundo.

A obra chega envolvida em polêmica porque Anderson, editor-chefe da revista Wired (quem melhor cobre tecnologia no planeta), copiou trechos inteiros da Wikipedia, sem citação, em partes do livro.

Desculpou-se depois, dizendo que houve “um erro de edição”. Seus editores prometeram a correção para a segunda edição.

Anderson ganhou notoriedade após “The Long Tail” ou “A Cauda Longa”, livro de 2004 no qual discorre com bastante propriedade sobre o rumo dos negócios em tempos de internet, especialmente pelo ponto de vista de oportunidades que a web proporcionou. O resumo é o fim dos hits, mas a venda de milhares de produtos distintos. Daí a cauda.

Depois disso o jornalista e palestrólogo virou alvo. Dizem que cria conceitos apenas para se beneficiar deles depois _no caso de “Free: The Future of a Radical Price”, a matéria que apresentou a ideia foi publicada numa edição da Wired distribuída, ao menos em parte, gratuitamente, em fevereiro deste ano.

No geral, os livros de Anderson valem pela ideia central. Tanto a cauda longa quanto o preço zerado, ao que me consta, são realidades. Apenas que as obras não se sustentam como leitura. Nem de profundidade nem acadêmica nem nada.

Checar os resumos publicados pela própria Wired costuma ser mais produtivo _e ter o mesmo efeito.

Notícia = R$ 0,00

Jornais gratuitos dispensados em ônibus nos EUA: superdescartáveis?

Jornais gratuitos dispensados em ônibus nos EUA: superdescartáveis?

Vi um jornalista se queixar dos jornais gratuitos outro dia. Disse que eles roubam público dos jornais pagos.

Besteira. Agora zero é o preço da notícia _e de tantas outras coisas, como detectou Chris Anderson, editor da revista Wired.

Ao mesmo tempo, o jornalista queixoso (Adam Tinworth) propõe uma questão bacana: assim como são distribuídos facilmente, seriam os jornais gratuitos dispensados tão rápido quanto? A ideia lhe passou pela cabeça ao ver uma pilha deles abandonado num ônibus.

Bem crível.

Projeto em Jornalismo Impresso I – Aula quatro

O papo da quarta aula de PJI I começa pelo conceito da economia do grátis de Chris Anderson e avança rumo aos gratuitos no jornalismo diário, feitos para “o cidadão que anda a pé”.

Pegamos carona no sucesso dos jornais de graça (e relativizamos esse triunfo, mostrando onde se deu e onde não se deu esse toque de midas) para contextualizar o momento da notícia na sociedade da informação: sim, ela virou uma commodity, infelizmente.

Na atividade do segundo tempo, vamos comparar dois dos gratuitos mais distribuídos no mundo, Destak e Metro (em suas versões paulistanas) e perceber graficamente que peças poderão ser úteis para o projeto que pretendemos fazer, além de criticar soluções equivocadas e ausência (ou presença) de jornalismo.

Lembrem que a leitura de “O Destino do Jornal” (páginas 59 a 89) é importante para compreendermos a percepção que os usuários têm das mídias (trata-se de ótima pesquisa qualitativa).

Leia mais sobre as teorias de Chris Anderson e também a respeito do declínio do jornalão e ascensão do gratuito.

Os slides da aula já estão on-line. Até esta sexta!

Internet se encaminha para conteúdo 100% gratuito

As coisas vão se encaminhando do jeito que Chris Anderson, editor-chefe da Wired, preconizou. Agora foi a Thomson Reuters, maior agência de notícias do mundo e que ainda vive de vender conteúdo para a mídia mundial, anunciar que abriu seu conteúdo multimídia para a “comunidade on-line”.

É a cultura do free, do preço zero, que Anderson vai defender em um livro que está quase no prelo.

Quando eu digo que não se pode mais cobrar do usuário comum, aquele que utiliza seu site sem fins comerciais, ficam em pânico. Mas só há uma certeza hoje sobre o conteúdo fechado: que ele o exclui das buscas na Internet, hoje a principal porta de acesso do usuário a um site. 

Por que eles me dão telefones de graça?

Você sabe por que sua operadora de celular volta e meia lhe aparece com bônus extras, pontos de sobra, créditos e outras facilidades para que você adquira aparelhos mais modernos?

O IPTS (Institute for Prospective Technological Studies), que eu apelidei de Instituto de Estudos de Prospecção Tecnológica, da União Européia, se debruça sobre o tema para descobrir o que somos e o que seremos graças ao poder da Terceira Tela (a primeira foi a TV, e a segunda, o computador).

Fiquei sabendo pelo Infotendencias que, nesta semana, o órgão juntou, num workshop em Sevilha (Espanha), representantes de governos, operadoras de telefonia móvel, fabricantes de aparelhos e desenvolvedores de tecnologia.

Não houve especificamente essa conclusão, mas entendo que o célere incremento da oferta de produtos específicos para o meio portátil (essa sim uma unanimidade do encontro espanhol) é uma clara demonstração de que todos os lados _tirando, quase sempre, os governos_ caminham para o mesmo lado.

Ferramentas (leia-se: programas) mais atraentes sugerem aparelhos com mais recursos. Daí entra a operadora, desempenhando, de forma mais entusiástica do que abraça seu objetivo-fim, o papel de promotora de dispositivos móveis de último tipo. Prover conexões rápidas, seguras e estáveis, nada.

Se você tiver acesso a essa alta tecnologia, ela vai ganhar com isso. Por isso incendeia sua fúria consumista acenando com as facilidades do “preço zero“. E subsiando os seus _e os dela_ sonhos de consumo.

No que diz respeito ao conteúdo, o encontro em Sevilha detectou duas vertentes: uma, a miniaturização da Web. Ou seja, têm sido comum adaptações puras e simples de conteúdo já existente na Internet.

Mas o que interessa a uma pessoa que recebe torpedos noticiosos (há vários serviços na rede) ou navega na Web via telefone celular?

Notícias de última hora, trânsito, resultados de eventos esportivos, pílulas de economia real (cotações, reajustes de gêneros básicos) e serviços _de todo o tipo, de roteiro de cinema a horário de feira livre. Exige uma edição específica e criteriosa, portanto.

Isso o IPTS também percebeu: que aumentou a oferta desse tipo de produto, ou seja, um mix de editorial, serviço e entretenimento feito sob medida para quem administra todas as suas tarefas diárias da rua (ou, pelo menos, fora de casa).

Isso significa que os jornais em papel, que já tinham o desafio de criar conteúdos moldados para a Web, têm outro obstáculo premente a superar. Já tinham há tempos, não é um fenômeno novo. Mas é que nem sequer a dívida com a Internet _que chegou comercialmente ao Brasil em 1996_ foi paga.

No próximo capítulo, vamos falar de mídia exterior. Certamente você já topou com ela nas ruas ou mesmo num elevador.