Arquivo da tag: Beth Saad

O fim daquilo que não acabou

Jorge Rocha, a propósito de festejar uma efeméride em seu “O Jornalismo Morreu!, provocou, e a vibrante Ana Brambilla, como sempre, comprou a briga cujas feridas Beth Saad já tinha exposto.

Em questão, reportagem do caderno Link, de O Estado de S.Paulo, dando conta da morte da blogosfera sob a alegação de que, por esgotamento da fórmula ou outras alternativas à plataforma, as pessoas simplesmente vão parar de blogar. Como se microblogar não fosse blogar.

Do ponto de vista da concepção da pauta, entendo perfeitamente a matéria. Assim como há gente, como Shirky, que recomenda a não utilização do termo ciberespaço (que originalmente significa um espaço diverso e separado do nosso, o que positivamente o ciberespaço não é), faz sentido pensar na obsolência do termo blogosfera a partir do momento em que todos publicamos o tempo todo.

A classificação, e só ela, provavelmente tenha sido passado para trás pela superpopulação num ambiente agora devidamente desbravado e absorvido. É o que pensa, também, a jornalista Alessandra Carvalho, outra convocada por Rocha a se manifestar sobre o tema.

Notem que, se há algum fim, ele é apenas semântico, de um termo. O ato de difundir/apurar/analisar informações via web não depende de mais de um movimento que ameaça abandonar o barco. O barco já está no meio do oceano.

Muito bem diz a Ana ao cravar que “entendo que ‘movimento’ seja um termo grandioso demais para designar os barulhos – ou mais uma vez, o buzz – produzido por um grupo de blogueiros que, em algum momento, quiseram ser ‘profissionais de uma ferramenta só'”.

Beth Saad vai adiante e realça o aspecto complementar das plataformas. “O que temos, claramente, é uma reconfiguração de objetivos, aonde o blog se identifica com o website de destino do usuário para aprofundamento da informação e conhecimento mais amplo da opinião autoral; o Twitter como a “plataforma de embarque” dos usuários da rede num dado tipo de conteúdo; e o Facebook e similares, como plataforma de diálogo e conversação complementar aos comentários postados no próprio blog – quase uma Ágora contemporânea.”

Se você vai deixar de blogar, certamente não será pela perda de eficiência da plataforma e sua incrível conectividade com redes sociais. Tudo é complementar. A mensagem se fragmentou em várias frentes.

O único problema nesse processo, de verdade, é você ficar sem palavras.

O estado do jornalismo cidadão no Brasil

Os pesquisadores da USP Beth Saad e Francisco Madureira (sim, meu amigo Madu, também editor de tecnologia do UOL) apresentaram (Beth representou a dupla) um interessante trabalho no Simpósio Internacional de Jornalismo On-line, realizado em Austin (Texas) no final de semana.

O paper analisa detalhadamente o estado atual do jornalismo cidadão nos principais portais de internet do Brasil. Vale a leitura.

Os outros papers do simpósio também já estão disponíveis na web.

Projeto em Jornalismo Impresso I – Aula 10

Estamos chegando ao final do curso de Projeto em Jornalismo Impresso I. Ao mesmo tempo em que buscamos a definição de um modelo a ser produzido em conjunto no próximo semestre, discutimos o contexto da imprensa em papel e seus desafios perante a crise econômica e o fortalecimento de novas mídias.

Nesta sexta (7/11) debateremos o livro “O Destino do Jornal”, de Lourival Sant’Anna, que permeou parte de nossas discussões nos últimos meses. Nunca perdemos de vista a desatualização flagrante da obra _algumas entrevistas foram realizadas há mais de dois anos, uma eternidade no cenário atual de transformação.

Porém a tese de mestrado do repórter especial de O Estado de S.Paulo tem vários aspectos esclarecedores, como pesquisas qualitativas que mostram, ainda que de forma tortuosa (o leitor é assim, não consegue se expressar direito sobre o jornal que lê e muito menos sobre o que desejaria ler), para onde caminha o novo leitorado.

Beth Saad, professora da USP que orientou a pesquisa de Sant’Anna, é quem faz a observação que melhor ajuda a compreender o momento hesitante dos jornais impressos brasileiros: eles são absolutamente refratários a mudanças.