Se há uma coisa que o avanço tecnológico fez pelo jornalismo, com tantos dispositivos de conexão instantânea (e ainda contando), foi dispensar a presença física do jornalista num ambiente que comumente chamamos de redação.
É verdade, o jornalismo é uma obra coletiva e, para tal, torna-se essencial trocar insights, informações e impressões o tempo todo. Mas isso não precisa necessariamente ser feito cara a cara – as reuniões de pauta, por exemplo, são facilmente substituídas por conferências no Skype.
É uma pena que grande parte dos nossos gestores ainda não entenda assim, colocando o presenteísmo como uma virtude essencial ao trabalho jornalístico – não importa o que você esteja fazendo, se é que está fazendo, mas quero vê-lo perto de mim o tempo todo. Em alguns casos a presença física chega a ter mais valor do que a produtividade.
O empreendedor Jason Fried cunhou a expressão definitiva para explicar porque é impossível trabalhar em antiquados ambientes de trabalho como nossas redações. Nelas, impera a cultura da interrupção. O tempo todo somos distraídos por brincadeiras de colegas, telefonemas, reuniões inúteis, ruídos e conversas fora de contexto.
Locais de trabalho assim podem ser adequados a um monte de coisas, menos a trabalhar.
É por isso que o presenteísmo, numa atividade intelectual, não necessariamente significa melhores pautas ou reportagens. É o tipo de tarefa que exige concentração e, principalmente, continuidade. Mas não, adoramos interromper. O tempo todo.
Será que um dia isso muda? Aí sim o avanço tecnológico terá completado seu legado de melhorias na profissão.