Arquivo da tag: automações

Anúncio surpreende e constrange a CNN


Agora aconteceu com a CNN: um anúncio de uma companhia de seguros alusivo à morte apareceu bem ao lado da notícia de uma morte real, a do ator Dennis Hopper.

Isso só reforça aquela minha cruzada contra automações em produtos jornalísticos. Claro, nesse caso houve uma infeliz coincidência _ao contrário daquela outra vez, o caso do link patrocinado.

Não dá: tudo tem que ser editado por jornalistas. Senão cenas constrangedoras como essas continuarão se repetindo.

O Brainstorm9 foi quem viu primeiro.

A tecnologia avança, mas sempre haverá um ser humano

A sanha da criação de mashups (junção entre dados originados em softwares para dar origem a outro, com viés analítico) tem seus poréns. Ou será que vc nunca viu uma mapa do estado norte-americano da Geórgia onde deveria estar o do país homônimo numa nota da AP ou da Reuters?

Automatismos são benéficos, mas ao mesmo tempo podem ser catastróficos para o jornalismo. Lembrem-se do #completeog1, movimento de leitores que desmascarou o microblog do portal de notícias de Globo _ele tinha erro de programação e interrompia, frequentemente, os títulos enviados via Twitter.

A professora Amy Gahran, a dama da persuasão, conta uma história legal detectada pelo Los Angeles Times (que outro dia @tdoria veio me dizer que é “ruim” _conceito absolutamente pessoal e intransferível): um erro num mapa de criminalidade gerado automaticamente estava bombando crimes em regiões onde eles não haviam ocorrido.

O lance era o seguinte: o mashup criado pela LAPD (a polícia local), sempre que não identificava um endereço, jogava a ocorrência do crime para um ponto default do mapa, criando uma aberração estatística.

Serve para a gente ficar atento que não, os dados gerados automaticamente também não possuem confiabilidade até que possamos atestar que estão corretos. Ou seja: sempre haverá um ser humano por trás.

Ah, as automações…

É bom saber que, enquanto estou aqui na minha Pequim particular (cercado de usuários de crack, mendigos, travestis e michês), meus amigos me ajudam.

Olhem o exemplo de automação desastrosa que o Leopoldo Godoy (licenciado do bravo Oitobitsemeio) me mandou. O Neatorama entregou o Google News, que, em todas as notícias, incluiu mapas da região de onde se está falando.

Como já mostramos no desagrádavel caso do atleta Tyson “Homossexual”, as automações ajudam, mas também atrapalham. E eis que a notícia sobre a tensão com direito a bombardeios na Ossétia do Sul é ilustrada com uma mapa do Estado norte-americano da Geórgia…

Automações que envergonham o jornalismo

A automação de vários procedimentos, mesmo no jornalismo, é muitíssimo bem-vinda no ambiente on-line. Agora, a edição de notícias e produtos jornalísticos precisa, necessariamente, de seres humanos para não se transformar numa catástrofe.

Vejamos o caso do canal de notícias da American Family Association, uma espécie de TFP deles. Cheio de filtros que substituem automaticamente palavras, trocou o nome do velocista norte-americano Tyson Gay para Tyson “Homossexual”.

O atleta está provocando furor nas seletivas dos EUA para a Olimpíada de Pequim ao correr os 100 m em 9s68, melhor marca de todos os tempos, não homologada depois que se constatou que a velocidade do vento era superior à permitida.

Por aqui, basta olharmos a capa do Google Notícias, onde gente não mete a mão, para capturar vários absurdos de edição _como a presença em destaque, na home page, de um texto sobre a política externa da China absolutamente inchamável em quaisquer circunstâncias.

O jornalismo exige tutano. Mecanismos que funcionam em outras áreas, certamente, não funcionam com a gente, não. E, pior, nos expõem ao ridículo.